Prólogo

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Escola, trabalho, livros. Minha rotina podia parecer chata e desinteressante, mas era o suficiente pra mim.
Eu amava livros, era uma válvula de escape juntamente com a automutilação. Eu gostava de ir até a biblioteca da escola porque estava sempre vazia. Com a evolução da tecnologia, as pessoas não procuravam mais os livros. Talvez seja por isso que a sociedade estivesse ficando cada vez mais burra e hipócrita.

Coloquei a cabeça pra dentro da porta, observando o lugar. Estava vazio, como sempre. Acho que eu era a única que entrava ali além da bibliotecária.
Entrei e sentei em volta de uma mesa antiquada. Larguei a mochila no chão e descansei os braços sobre o colo.

Eu odiava a escola, devia ser por isso que eu estava na biblioteca em vez de estar na sala de aula. Eu odiava ter de aturar os olhares acusadores sobre mim. Era cansativo.

Eu era sozinha. Eu não tinha ninguém. E ninguém poderia me ajudar. Ninguém poderia devolver o que me foi tirado. O meu bem mais precioso.

Ninguém.

Era eu por mim mesma. Ninguém nunca entenderia.

O jeito era eu partir. Ir embora. Pra sempre.

O jeito era eu me matar.

Ninguém sentiria minha falta. Ninguém nunca mais precisaria olhar para meu rosto anêmico ou me julgar por gostar de roupas pretas e rasgadas. Ninguém precisaria fazer o trabalho em dupla comigo apenas porque o professor mandou.

Eu só precisava de uma forma de me ir sem sofrer. Sem sentir. Eu tinha medo de começar e me arrepender. E, se isso acontecesse, tudo voltaria.

Droga, as lágrimas de novo.

Eu odiava chorar.

Parecia que as lágrimas levavam todos os pedacinhos que restaram dentro de mim.

Enxuguei os olhos rapidamente na manga do moletom.

É, eu tinha que ir. Eu precisava morrer. E eu iria.

Me levantei, caminhando em direção às prateleiras repletas de livros.

Passei pela seção de romance, pela seção de drama e, em seguida, pela seção de filosofia, onde parei.

Filosofia. Era um tema legal.

Coloquei as mãos no bolso da blusa, retirando de lá um pequeno pedaço de papel. Ergui os olhos para minha letra curvada que se espalhava pela folha.

"Talvez eu não tenha coragem o suficiente. O medo me consome. O medo de sentir dor. basta tudo o que eu passei. Agora, chega. Eu quero ir. Quero ir embora. Talvez eu encontre o lugar que me fora prometido desde criança. Eu preciso esperar. Esperar que eu encontre um jeito de partir sem sofrer. Apenas esperar.

               Ass, uma Adolescente Suicida.

(Procure pela estúpida coroação da rainha plebéia)"

Dobrei o papel em duas partes. Peguei um livro qualquer de filosofia, nem me dando o trabalho de ler o título. O abri em uma página aleatória, colocando o papelzinho ali.

Talvez alguém o achasse. Talvez não. Talvez ninguém nunca soubesse que havia uma garota que se autodenominava uma "Adolescente Suicida". Talvez.

Devolvi o livro em seu lugar e me voltei pra mesa onde estava. Peguei minha mochila e andei pra fora dali.

Não era um pedido de socorro, era apenas um desabafo. Afinal, eu não poderia ser salva, eu havia afundado demais.

•••

Hey, galerinha! O que acharam? Comentem aí, por favor, nunca te pedi nada. A previsão para o início das postagens é pro final de novembro. Ainda vamos definir um dia da semana. Obrigada à todos!

By: Laine and Báh ❤️

Ass, Adolescente SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora