Ela vinha se aproximando de mim com uma garrafa na mão e com um sorriso bêbado no rosto. Eu terminei de fechar o case com a minha Ibanez dentro enquanto os outros estavam cuidando em guardar seus próprios instrumentos.
- Aí mano, valeu... foi foda hoje.
- É isso aí, parça... a gente se vê amanhã...
- Falou...
- Até mais Alan... e aí Will... vai ficar para rachar uma pizza?
- Pode ser...
- A gente vai ali no Joe's...
- Já é...
- Vai levar alguém?...
Ele olhou para a garota que estava próxima ao palco me esperando. Olhei para ele.
- Vou ver se ela quer vir...
- Beleza, estamos lá na kombi do David...
- Firmeza, Gabe...
Ela levantava a alça da blusa que tinha descido.
- É... você está sozinha ou...
- Minhas amigas estão ali numa mesa... quer se juntar a nós?
- Não, não... é só que os caras estão indo rachar uma pizza e aí...
- Está me convidando? Por que se estiver... aceito...
- Beleza...
- Só um minuto, vou avisá-las para onde e com quem... estou saindo... rsrs
Esperei dois minutos e meio. Ela veio pôs o antebraço cruzado com o meu e começamos a andar até o estacionamento. Abri a porta do carro e segui os outros automóveis até a lanchonete. Ela arrumava o cabelo olhando pelo espelho, eu não desviava a atenção da estrada, mesmo quando ela pôs a mão na minha coxa.
- Chegamos...
- Rs.
Saí, abri a porta para ela. Todos os outros já estavam na porta do estabelecimento. Ela estava só um pouco a minha frente quando lembrei que não travei o carro, voltei por um minuto e fiz o que tinha de fazer. Quando avancei a fim de acompanhar meu grupo esbarrei num casal que ia saindo. Olhei na intenção de me desculpar, mas não consegui falar nada quando nossos olhares se cruzaram. Fiquei ali paralisado, nós ficamos ali paralisados e só fomos despertos quando Luana se aproximou de mim e tocou meu ombro. As duas garotas também trocaram olhares.
- Vamos Will, o pessoal já escolheu uma mesa...
- Já estou indo...
Quando voltei meu olhar para a direção da saída da lanchonete os dois já avançavam rumo à estrada. Luana me olhava confusa.
- Conhecidos seus?
- Não...
--------------------------------------
- O que você achou da banda?
- Eles são incríveis...rs
- E se eu te disse que dois deles são da minha sala?
- Uau!!
Ela sorria docemente, a luz do ambiente iluminava sua face, nossa mesa ficava no segundo andar e estávamos bebendo refrigerante e comendo aperitivos. Agora o som de fundo do ambiente era um eletrônico. Haviam várias pessoas conversando socialmente nas outras mesas ao nosso redor e no barzinho, no salão alguns casais arriscavam uns passos. Tudo muito tranquilo. O teto do bar era de um material especial: transparente e dava para ver o céu, a lua e as estrelas daquela noite. Ainda eram por volta das 20 hrs e 30 min, eu ainda tinha meia hora para aproveitar sua companhia.
-----------------------------------------
Terminei minha sessão semanal de pilates, estava suada e com os ânimos revigorados. Esta modalidade de exercício não exige tanto equipamento, mas é altamente benéfica para quem quer tirar toda a tensão dos músculos. Esporadicamente vou à academia, prefiro mesmo é correr ou fazer meu pilates. Retiro os fones e pego minha garrafinha d'àgua. Ficar desidratada nem rola. Fui até minha janela, já tinha anoitecido e eu nem tinha percebido. Agora é a hora perfeita para um banho de espumas, porque as chatas das minhas meia-irmãs foram para alguma festinha meia boca na casa de alguém que aspira a popularidade.
Próximo à janela estava um copo com água e a misteriosa rosa de um misterioso admirador. Será que ele está lá fora, sentado naquele mesmo banco nesse exato momento? Se pelo menos eu tivesse um nome ou um rosto com certeza já estava no face que nem uma louca procurando seu perfil. A curiosidade me corrói, disfarçadamente...como quem não quer nada me esgueiro até a varanda. Meus olhos ansiosos vagueiam até onde é possível ver daqui. E para minha decepção todos os bancos da praça estão vazios. Confiro as horas em meu celular e claro, lá estão umas mil chamadas perdidas. Eu suspiro pesadamente, retorno a chamada decidida a dizer um monte de coisas, mas chama até cair na caixa postal. De novo? Que palhaçada é essa?
Suspiro pesadamente como se minha frustração pudesse ser expelida junto com meu gás carbônico. Prendo meu cabelo em um coque e caminho em direção ao banheiro... não é todo dia que é dia santo.
---------------------------------
Caminhamos silenciosamente uma boa parte do caminho, eu nem tentei puxar assunto. Nós dois vimos a mesma coisa e não foi uma coisa muito agradável para ela e nem para mim que me senti no lugar dela. Segurei sua mão, ela parecia tão sem vida... estava agindo como se estivesse no automático. Resolvi não forçar muito a barra, só faltavam mais 2 quadras para chegarmos no nosso condomínio. Ainda era cedo, as ruas estavam movimentadas, as luzes dos postes acesas, as lanchonetes cheias de jovens.
Cumprimentei seu Pedro, ele olhou para nós com um sorriso do tipo "parece que vocês estão se entendendo" e fomos para o elevador. Quando as portas se abriram no 4º andar um casal entrou e nós saímos. Levei-a até seu ap.
- Por favor, fala alguma coisa... esse seu silêncio é assustador.
- Eu tô bem, relaxa...
- Mesmo, mesmo?
- Sem sombra de dúvidas...
- Quer que eu fique um pouco mais com você?
- Se quiser...
- Ok, vou só ver se minha mãe já chegou, pera aí... não faça nenhuma loucura, ok?
- Fica tranquilo ... não vou me jogar do 4º andar ....
Ela soltou um meio sorriso e algo dentro de mim se acalmou. Eu sabia que aquele não era o melhor momento, mas eu não podia simplesmente deixá-la sozinha com seus demônios.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Convergindo (Em Construção)
Novela Juvenil"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...