Capítulo 12

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Eu acordei e de primeira não reconheci o lugar onde estava, mas depois me lembrei. As cortinas eram brancas e o sol atravessava as janelas. As paredes tinham detalhes brancos e dourados. A cama era enorme. Pela janela do quarto, eu via a Torre Eiffel, brilhando com o belo sol da manhã. Dionisio estava ao meu lado, dormindo tranquilamente. Não havia nada errado, então eu simplesmente me virei e dormi outra vez.

Acordei não sei quanto tempo depois. Senti cócegas nas costas que subiam e desciam e depois percebi, não eram cócegas, eram beijos. Dioniso estava tentando me acordar. Eu sorri baixinho e me mexi na cama. Ele subiu com os beijos pela minha nuca e então desceu indo até a parte de trás da minha coxa.

— Acorda, Sofia. — Ele tinha a voz rouca de quem acabou de acordar, me deixando excitada muito rápido.

— Naao. Não vou acordar e nem levantar daqui. — Disse ronronando baixinho.

— Mas sua coroação é hoje. — Ele sorriu na minha pele.

— Avisa pra todo mundo que eu não vou.

— Não sei o que fazer para te tirar dessa cama.

— Não vai. Desiste.

— Acho que seu pai deve estar preocupado. Você passou a noite fora.

Eu levantei na mesma hora e comecei a colocar minha roupa.

— Onde está meu sutiã? Di, você viu?
Ele riu e apontou para a cadeira perto da lareira.

— Então era só eu falar no seu pai. As palavras mágicas eram essas. Eu queria te acordar e não que você fosse embora. Não fiz metade das coisas que eu queria fazer com você.

— Me desculpe, Di, mas eu preciso ir embora. Eu te vejo mais tarde. — Disse me aproximando dele que tinha a cara de triste mais fofa do universo.

— Você me vê mais tarde. Tudo bem. A gente tem bastante tempo.

Dei um beijo nele e me teletransportei para a rua da casa do meu pai.
Corri direito para o templo de Apolo e quando cheguei, vi que ele estava na sala, lendo uma revista.

— Bom dia pai.

— Bom dia. Da pra ver mesmo que foi bom. — Ele disse e sua voz estava arrastada, ele estava bêbado.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu te disse pra ficar longe dele, Sofia. Ele não é bom pra você. E você está fedendo a sexo. — Ele cuspiu as palavras pra mim sem ao menos se dar ao trabalho de levantar os olhos da revista.

— Pai, porque você está falando assim comigo? — Perguntei triste já tentando parar uma lágrima de cair do meu rosto

— Por que você merece. Não me obedeceu, não me chame mais de pai.
Eu cheguei perto dele e senti o cheiro de álcool forte.

— Você disse que eu estou fedendo a sexo, você fede a álcool. Não achei que ficaria assim, não com Wes e Ruby aqui. Você pode até não me respeitar, mas deveria respeitar eles dois.

— Não me diga como eu devo tratar meus filhos. Saia daqui. — Ele levantou e me olhou com os olhos brilhando. E eu sabia que não eram de felicidade.

— Não precisa me colocar pra fora, eu saio sozinha.

Enxuguei meus olhos e subi para pegar umas roupas. Fui andando de volta para o templo de Dionisio. Eu estava triste pelas coisas que meu pai tinha dito, mesmo sabendo que ele não falaria daquela maneira comigo se estivesse sóbrio. Entrei pelos portões escuros e passei pelo jardim de Dionisio que era de tirar o fôlego. Eu sabia que ele teria voltado pra cá e a única coisa que eu queria era vê-lo e desabar em seu peito e ser consolada. Ser amada por ele. Entrei pelo portão enorme e subi as escadas andando até seu quarto que era o primeiro do corredor e o que eu vi em seguida me fez travar na hora.

— Di?



Dionisio

Assim que Sofia saiu correndo descabelada do nosso quarto de hotel, eu fui para meu templo e tomei um café leve no jardim. Nos meus planos ela estaria em Paris tomando café junto comigo mas nem tudo era perfeito.

Hoje seria a coroação dela e amanhã voltaríamos para o acampamento e eu pediria sua mão. Eu já tinha tudo planejado. Decidi voltar para o quarto e ficar jogado na cama até a hora da cerimônia. Depois de um tempo deitado senti uma mão passeando pelas minhas costas.

— Humm. Voltou rápido, Sofia. — Disse baixinho me virando para encontrar meus olhos favoritos.

— Sofia? Quem é essa?

Eu me levantei no exato momento em que ouvi aquela voz. Era Ariadne. No meu quarto. No Olimpo.

— O que você faz aqui, Ariadne?

— É assim que eu sou recebida depois de anos de casamento? Esperava mais de você, Dizinho. — Ela abriu um sorriso e se sentou na cama bem perto de onde eu estava deitado.

— Eu não devo nada à você, Ariadne. Não estamos mais juntos. Qual o problema, o marinheiro deixou você por outra?

— Eu voltei por nós, Dizinho. Nós devemos ficar juntos. Essa separação não está certa.

— Quer dizer que depois de seis meses você vem me dizer que foi um erro o divórcio. Não quero saber. Saia daqui. Volte para a Terra, para ficar com seu amor humano.

Ela levantara da cama e se aproximava rápido demais.

— Mas eu não quero mais ele, quero você de volta.

Ela se lançou nos meus braços, beijando meus lábios. Nós caímos na cama, eu em cima dela. Na mesma hora eu ouvi a voz de Sofia engasgada me chamando e soltei Ariadne, levantando da cama rapidamente.

— Sofia. Não foi nada disso que você está pensando. — Sofia estava petrificada na porta e eu não tinha certeza se ela ouvia o que eu dizia a ela. Seus olhos estavam fora de foco e eu notei que ela tinha chorado. O que tinha acontecido? Me aproximei dela e Sofia voltou a si, dando um passo pra trás e se afastando de mim.

— Ah, então essa é a Sofia. — Ariadne falou rindo e se sentando na cama mais uma vez, cruzando as pernas.

— Ariadne, saia daqui agora. Sofia, eu vou explicar tudo. — me aproximei e ela deu mais um passo para trás.

— Pode ficar aí, eu que vou embora. Tenho um compromisso. — Ela disse com o queixo tremendo e saiu correndo dali.

Sua voz estava embargada de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Ela me encarou durante um tempo e seus olhos mudavam de cor a cada segundo. Azuis, castanhos, dourados, verdes, azuis de novo, lilás, pretos, verdes. Eu não conseguia acompanhar. O que estava acontecendo com ela? O que eu tinha feito com ela? Ela se virou e saiu correndo.

— Tadinha, você quebrou o coração da pobre garotinha. Bem a sua cara, baby.

— Suma daqui agora Ariadne, ou eu juro que transformo você em carvão.

Saí correndo atrás de Sofia e ela corria e chorava e chegou a tropeçar. Quando eu cheguei perto a ponto de pegar o braço dela, ela virou vento. Simplesmente sumiu numa nuvem de flores. Eu fiquei parado sem ação. Não sabia onde ela tinha ido e não consegui me explicar.

Tudo estava dando errado. E não era nem meio dia ainda.

Voltei para o templo e Ariadne continuava lá, sentada no sofá lendo uma revista.

— Eu disse pra você sair daqui e não estava brincando.

— Mas Dizinho, nós fomos feitos pra ficarmos juntos.

— Não. E demorou muito tempo para eu perceber que você não fazia nada além de sugar tudo que eu tenho. Você nunca foi uma pessoa boa, Ariadne. Nunca. Então você me traiu com um mortal qualquer simplesmente por que eu estava preso no acampamento. E agora que ele te deixou você quer voltar? Eu não sou tão estúpido a esse ponto. Você me destruiu quando foi embora, mas pelo menos desse jeito eu pude conhecer Sofia. E eu a amo. Como nunca cheguei a amar você, ou você a mim. Então, não. Não fomos feitos pra ficarmos juntos. Pelo menos não você e eu. Agora suma da minha vida. Você já me fez perder muita coisa.

Ariadne desapareceu em uma névoa cinza e eu sentei no sofá com as mãos nos cabelos. O que eu faria agora?

O Renascimento de Sr. D.: Descobrindo o Amor além do VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora