Do My Thang

3 0 0
                                    

A imagem me parecia destorcida, quase amargurada, me trazia tristeza e me deixava desconfortável, nós continuávamos andando pelo museu de arte, semana passada o professor de arte disse que iria ter uma bela exposição no museu da cidade uma exposição intitulada "A Arte dos Anjos" antes eu até estava animada mas agora vendo todas essas pinturas e estatuas no inverno rigoroso de minha cidade que automaticamente está transformando tudo em imagens mais dramáticas, como se fosse a arte dramática elevada aos céus, poderia ter dito isso em voz alta talvez ele me cedesse pontos pela frase que agora se repetindo novamente em minha mente se tornou um tanto apelativa, eu só queria dar um jeito de fugir dali, alias fugir das situações é uma das coisas em que eu sou profissional a outra é desenho. Faço esse curso de arte desde que minha mãe descobriu que eu era um pequeno prodígio, para ser mais exata desde dos meus 9 anos, por exemplo Hyuk  meu melhor amigo, me conheceu no curso e desde então jamais nos separamos.

-Samantha! Senhorita Samantha Yong!

-Sana! ­-me cutucou Hyuk de uma forma tão bruta que não existira a opção ignorar.

-Ah, sinto muito. –me desculpei quando percebi o olhar pesado de Marcos sobre mim.

-Espero a atenção de todos, essas exposições não aparecem assim do nada, e quando aparecem devem ser aproveitadas, ainda mais por você Samantha que pretende ser uma artista plástica. Não me faça perder tempo aqui na frente explicando isso.

-Você não está perdendo seu tempo não sou sua única aluna explique para eles, sinto muito mas não estou disposta. –fugi, da forma mais cara de pau mas fugi, eu sempre fujo, e eu sei o quanto era importante para mim ficar naquela exposição mas eu não aguentava, deve ter sido a Pizza de ontem ou talvez a minha menstruação convidando seus amiguinhos inseparáveis , estresse, desconforto, e TPM para uma festa dentro de mim .

-Hey. –senti um aperto bruto no meu braço e logo já sabia quem era,  Hyuk me olhava com seu olhar de desaprovação, oh céus como alguém pode ser tão intenso.

-Nem começa.

-Cala a boca Sana, nem começa você, por que fez aquilo?

-Não estou bem hoje, e se me der licença senhor arrogância, eu preciso comer algo.

-Vou com você.

-Sem chance! –fiz um não com o braço. –vai ficar ai e terminar a exposição, como Marcos disse é uma oportunidade única.

-Pena que eu não ligo. –me respondeu e em seguida me acompanhou.

Quem sou eu para obrigar ele a ficar não é, antes que haja uma confusão aqui me sinto na responsabilidade de explicar minha relação com Hyuk, cujo seu verdadeiro nome é Noah, Hyuk é só intitulações que criamos quando éramos crianças, ele ainda me chama de Sana da mesma forma queainda chamo ele de Hyuk, como ia dizendo Noah/Hyuk  tem uma doença rara chamada Alexitimia, essa doença traz ausência de emoções, dificuldade de descreve-las e confusão entre sensações e sentimentos ou seja ele jamais poderá amar alguém de verdade (acho que estou aumentando) mas pelo que ele me disse sobre ela é isso. As vezes ele é completamente, nulo, sem expressão, outras vezes ele não fala e algumas vezes ele simplesmente ignora as pessoas, me tornar amiga dele foi um grande desafio, as vezes quando estava triste na escolinha ele não entendia, ele mesmo me disse que arte é das coisas que mais aproxima ele de sentimentos e que trazem um pouco de estabilidade para suas emoções de qualquer forma, não, eu não vejo ele mais do que um amigo, e bem gostoso por sinal. Decidimos tomar alguma coisa quente, uma ótima coisa para se fazer no inverno.

-Por que não estava bem lá? Você me disse que estava super ansiosa, eu achei que você ia adorar.

-É eu também achei. -fugi do assunto. - Mas e você? Como se sentiu?

-Olha com minha vasta tabela de sentimentos. –ironizou. –Foi interessante, mas eu não saberia descrever a sensação.

-As vezes tenho inveja de você, sente emoções que ninguém consegue sentir, você é único.

-Não Sana você sente as mesmas emoções que eu, mas eu não sei descreve-las.

-Por isso, apenas pelo fato de você não saber descreve-las, elas podem ser emoções únicas, por um acaso o medico que te consulta tem a mesma doença que você tem para dizer que os sentimentos de alguém com alexitimia são os mesmo que de alguém normal?

-Mesmo se tivesse ele não saberia, sua idiota. –ele me olhou e terminou. –Mas chega né? Já deu. –ri da cara dele e continuamos tomando a bebida em silencio.

Dividimos um apartamento no centro da cidade, os pais de Noah morram longe da cidade grande, alguns quilômetros ao oeste, já minha mãe e meu pai viajam o mundo fazendo trabalhos comunitários os dois são médicos e atualmente estão no continente Africano, mandam dinheiro e uma carta mensalmente, como se isso fosse suprir a falta da presença deles, e pior ainda não tenho ninguém para falar sobre isso pois Noah não entenderia.

-Vou tomar banho Sana, não comece antes de eu acabar. –toda sexta assistimos series juntos na Netflix , decidi ir no meu quarto vestir alguma coisa confortável e depois fazer pipoca.

-Ahhhhhhh!! –Gritei apavorada, tinha um cara no meu quarto, ele virou bruscamente com meu grito, fez uma careta, tocou o ouvido como se estivesse desconfortável.

-Querida, pra que fazer isso eu não sou surdo. –Sua voz era leve e seu expressão graciosa, o cabelo claro, o corpo esguio, quase como uma das obras que vi no museu, entrei em choque com os pensamentos que se arrastaram até minha mente em seguida.

Mas que merda é essa, quem é ele? Droga será que ele quer me matar?...

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Nov 12, 2016 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

TENSHIWhere stories live. Discover now