Eu ainda me lembro de estar parado na porta do quarto do hotel onde ela estava hospedada. Estático, apenas assistindo atentamente cada movimento brusco seguido de bufadas raivosas que ela fazia enquanto refazia a mala com suas roupas.
Ela nunca saberia que eu tinha me programado para fazer uma surpresa para ela, minha namorada, queria pedi-la em casamento. Mas as coisas não saíram como eu planejara; nunca saíam. Temari voltaria naquele dia mesmo para Suna, e dessa vez ela estava indo para nunca mais voltar. Não por mim, na cabeça quente, nunca mais por nós.Olhava a forma como ela se movia dentro do pequeno aposento tão atentamente que hoje ainda me lembro de cada detalhe, apesar de tudo, não tinha como negar o quanto amava Temari.
Muito mais do que me convinha ou que desejaria amar. Eu estava realmente apaixonado, estava pronto para pedi-la em casamento, queria construir uma vida ao lado daquela mulher problemática por quem havia me apaixonado tão dramaticamente.
Até parecia piadinha do destino, às vezes após uma briga ou outra pensava até cansar, tentando achar em vão uma resposta, uma explicação para aquela atração. E pra que ter um índice de inteligência tão almejado se após horas de sono perdido nunca consegui achar uma resposta para o ‘por que’ e para o ‘como’?
Amar uma pessoa como ela, principalmente alguém como eu. Tudo o que eu queria era uma pessoa normal, uma mulher nem bonita e nem feia, nem calma demais e nem mandona demais. Uma mulher que não fosse problemática como as que conhecia; como minha mãe. E se éramos tão opostos entre nós, como aquela atração podia ser tão... Problemática?
Ela e seu temperamento forte, problemática, mandona, problemática, durona até o ponto de ser fria às vezes. Mas acima de tudo, problemática.
Já havíamos terminado tantas vezes antes daquela, na verdade, raras eram às vezes em que as brigas não se sobrepunham às delicadezas. Eu só queria ser gentil, agradar minha namorada como qualquer cidadão normal, mas Temari era independente demais para aceitar o que eu tinha para lhe dispor. Auto-suficiente demais para poder amar e depender dos carinhos de alguém.
Ela vinha, nós nos amávamos e algo acontecia. Banalidades quaisquer já eram motivos para brigas dignas de cenas clímax do drama do filme romântico. Tudo o que eu fazia ela parecia compreender à sua maneira, e era sempre da maneira errada. Ela sempre conseguia distorcer minhas ações e encontrar um motivo para me maldizer. Problemática.
Ao mesmo impasse que havia algo que ela parecia querer, e que eu pelo visto, nunca fazia. Mas ela nunca foi capaz de conversar como uma pessoa normal, falar comigo sobre o que esperava de mim, afinal. Eu a amava tanto, faria qualquer coisa para tentar.
Sempre fui eu quem foi atrás para cada reconciliação calorosa, e nós sempre voltávamos com a promessa de que tudo seria diferente, que as brigas nunca mais nos separariam. Sempre as mesmas desculpas, e desculpas nem sempre são sinceras. Quase nunca são¹.
Mas daquela vez não. Já bastava, todo homem tem uma cota de humilhação e pra mim esta já havia se esgotado. Chega a ser irônico o fato de que o dia em que queria eternizar nossa união, acabou sendo na verdade, o dia da minha desistência.
De repente, enquanto a via gritar e pisar forte de um lado a outro dentro do quarto, me convenci que aquele relacionamento estava fadado ao fracasso desde o início. A nossa união não me trazia nenhum retorno, não era como se falássemos a mesma língua. Como poderíamos descrever o amor da mesma forma?
Aquele foi o dia em que meu orgulho ficou em primeiro plano. E tudo seria diferente. E realmente foi.
Tudo que eu digo esbarra em tudo que eu fiz
Tantas foram as lamentações
Falou comigo e amanhã o dia é melhor
Adiando nossas soluções...
– Gostaria que entendesse que não estou querendo mandar em você Temari, só gostaria que me avisasse antes de sumir assim. Você não está na sua vila, como eu vou saber caso aconteça algo com você? – Disse da forma mais calma que consegui, eu nem sabia por que ainda estava ai.
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Histórias de amor são raras
Fanfiction"Histórias de amor são raras, brigas são comuns. Deixei pra trás o que nos trouxe até aqui, as nossas brigas nunca chegam ao fim"