Capítulo 1

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Tinha acabado de descer do ônibus, finalmente estava na cidade maravilhosa, como era bom voltar ao Rio.
Como eu amo esse lugar, esperei tanto tempo para voltar e aqui estou, no lugar onde cresci e tive de deixar, mas hoje estou de volta, pronta para cair de peito naquela água.

Olhei no relógio e eram umas duas e meia  da tarde. Resolvi procurar algum restaurante pra almoçar e depois tinha de ir pro apartamento pra arrumar as coisas e enfim poder ir à praia.

Achei um restaurante pequeno e entrei, depois de comer eu peguei outro ônibus para ir ao meu novo apartamento.

Chegando lá, tirei todas as coisas da bolsa e comecei a arrumar. Comprar um apartamento mobiliado era bem mais caro, mas era muito mais fácil, não sei escolher essas paradas de móveis.

Depois de arrumar algumas coisas, eu resolvi tomar um banho, antes de ir à praia, eu tenho que comprar algumas coisas no supermercado. Eu também preciso de roupas novas, mas vou deixar isso pra amanhã.

Enquanto eu tomava meu banho, eu lembrei do sonho que tive à noite.

Eu não lembro de detalhes específicos, apenas de alguns momentos. O que mais me chamou atenção foi um garoto que eu nunca havia visto na minha vida, ele tinha cabelos à altura dos ombros e olhos bem verdes, era realmente um garoto muito bonito. No sonho, ele vinha até mim lentamente e de repente sumia, aparecia ao meu lado pegava minha mão e caminhávamos pela praia até chegar numa porta. Depois de passar por esta porta o cenário mudava para uma casa antiga, onde eu via o mesmo garoto deitado numa cama, eu aparecia com um longo vestido e gritava "Guilherme!" várias vezes. E essas cenas repetiam.

Eu sei que sonhos nos dizem coisas em relação ao nosso futuro ou passado de forma enigmática, mas eu não sabia o que esse sonho significava.

Saí do banheiro e fui colocar meu biquini e uma roupa qualquer por cima.

Estava saindo do apartamento, que ficava no penúltimo andar do prédio, e fui ao elevador.

O elevador aqui nunca fica cheio, além do prédio ter 13 andares, o 12° andar só tem 4 apartamentos e no 13° ninguém mora lá há muito tempo.

Entrando no elevador percebi que a senhora que estava lá dentro era a Dona Rosa, uma antiga moradora do prédio, desde quando eu era pequena.

-Dona Rosa?

-Martina! Como cresceu! Está muito bonita também! - ela veio na minha direção para um abraço - Como está sua mãe?

-Ela está muito bem, agora ela mora em Minas Gerais junto com meu pai. E a senhora?

-Estou ótima, depois que comecei um tratamento de acupuntura tenho me sentido muito mais disposta!

-Que bom Dona Rosa!

-Meu andar é esse. Ah querida fiquei muito feliz em te ver. Qualquer coisa que você precisar é só ir no meu apartamento, 9° andar na casa 301.

-Pode deixar!

Depois que Dona Rosa saiu do elevador, entrou uma mulher.

Ela aparentava ter meia idade, usava uma blusa e saia longa branca, metade de seu rosto estava coberto por um lenço igualmente branco, o cabelo contava com alguns fios grisalhos e estava preso num coque impecável. Ela tinha várias tatuagens espalhadas pelo corpo, todas eram símbolos, e usava vários colares, pulseiras feitos de linha e alguns tinham cristais.

Ela me passava uma sensação de proteção, por mais estranha que ela era, parecia que se a qualquer momento acontecesse algo comigo, ela poderia me ajudar.

Ela entrou sem contato visual e apertou o botão do térreo.

-Eu sei, você está pensativa, aquele sonho te deixou confusa. Com o tempo você se acostumará.

Como ela sabia?

-Como você sabe? O que quer dizer com isso?

-Eu apenas vi sua aura, ela não está como deveria, você deve pensar melhor sobre suas decisões futuras.

-Minha aura? Como você consegue enxergá-la? Como sabe que posso fazer decisões erradas?

-Você e suas perguntas, não mudou nada Martina!

-Como sabe meu nome!?

-O tempo lhe dirá.

Eu fiquei perplexa por um tempo, e só depois percebi que o elevador tinha parado. Droga! Ela sumiu.

Fui até a recepção perguntar sobre essa mulher.

-Com licença, você poderia me dizer se aquela mulher que saiu do elevador é moradora?

-Que mulher? Não vi nenhuma mulher saindo do elevador.

-Ela usava uma roupa toda branca.

-Desculpe moça, mas não vi ela saindo.

-Ah okay, obrigado.

Essa foi a pior situação que já passei, como ela sabia de tantas coisas? Como ela sabia do MEU NOME, DO SONHO?

Numa tentativa falha de esquecer isso, fui até um mercado próximo.

Depois de fazer as compras voltei pro apartamento, deixei as coisas em cima da mesa e peguei minha prancha.

Resolvi ir ao posto 5, sempre gostei mais de lá.

Depois de altas ondas, fui até um homem que vendia bebidas pelo calçadão.

Sentei na beirada da calçadão e fiquei olhando as pessoas.

Quando percebi um cara mandando muitas manobras na água, ele era excelente!

No momento que ele saiu da água e foi se aproximando, percebi que era jovem, devia ter minha idade aproximadamente.


Ele parecia ser um garoto muito bonito, mas ele estava de lado, não via seu rosto muito bem.
Até que ele olha para mim.

Não pode ser.

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⏰ Última atualização: Dec 23, 2016 ⏰

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