Era um pesadelo, não havia outra explicação, pelo menos eu preferia acreditar nisso já que de um pesadelo uma hora eu acordaria mas disso aqui, ah parece que não.
_É para o seu bem querida, você sabe -minha mãe se virou para o banco de trás onde eu me encontrava olhando para a janela emburrada
_Para o meu bem seria aproveitar minhas férias em uma praia, ou até mesmo na minha cama, -olhei para a paisagens de árvores e mais árvores- mas ao invés disso o que vocês estão fazendo?
_Meu bem...
_Me internado em uma clínica pra adolescente que tem problema, -esbravejei- deve ser esse o ponto de vista de legal pra vocês né, Ah vamos levar nossa querida filha Alexia para a tortura longe do mundo, serão as ferias perfeitas, ela vai amar -falei tentando imitar a voz da minha mãe
_Você sabe que não queríamos isso, mas tem o seu probleminha -meu pai que até o momento dirigia calado se uniu a minha mãe em legítima defesa
_Eu não tenho problema! -reclamei, quantas vezes iria repetir isso pra eles entenderem?
_Lembre-se do que a doutora Raquel te ensinou, assumir que tem um problema é a melhor maneira de solucioná-lo -minha mãe falou aquela frase que eu já sabia de có e salteado a mais de três anos
_A única coisa que a Dra. Raquel me ensinou foi a não combinar uma saia lápis de bolinhas com uma blusa fosforescente laranja -murmurei me voltando para a janela, aquela conversa ia durar até eu chegar no meu destino e acredite, eu já sabia como ia terminar
Era inacreditável que aquilo realmente estivesse acontecendo comigo, eu não queria ir pra esse lugar e muito menos ficar trinta dias, minhas férias inteiras lá. Mas é claro que isso seria ideia da Dra. Raquel, aquela mal amada que descontava sua raiva nos pacientes, ainda me lembrava da consulta no dia anterior como se fosse agora.
24 horas antes...
_Só um momento que a Dra. Raquel já vai te atender Alexia, -Luzia sua secretária disse abrindo um sorriso pra mim- tem daquelas balinhas que você gosta se quiser -ela disse apontando para a mesinha de centro da sala de espera
Caminhei lentamente até lá e me sentei pegando algumas balas, já conhecia a sala de espera quase tão bem quanto a da Dra., era clara em tons pastéis com listrinhas brancas, tinha dois sofás beges um na frente do outro e uma mesinha de centro que sempre tinha balas. Em uma das paredes uma televisão de led e um filtro para quem quisesse água, era tudo tão limpo e organizado que eu me sentia um pouco incomodada por preferir a bagunça.
_Você já pode entrar -Luzia anunciou chamando minha atenção. Ela era bem jovem e bonita, estava sempre de bom humor e apesar de sempre sorrir pra mim nunca troquei com ela nenhuma palavra que não fosse obrigada ou tchau, isso nos dias de bom humor
Assenti e entrei na sala de penitência. Era uma sala grande e bem clara graças as enormes janelas que davam vista para os outros prédios da cidade, tinha grandes cortinas brancas que harmonizavam com a tonalidade creme das paredes, em um canto uma planta bonita ocupava espaço com a cor vermelha de suas flores sendo a única alegria do local, ao lado uma enorme prateleira de livros que seriam interessantes se não fosse de psicologia e psiquiatria. Do outro lado da sala havia um grande sofá que parecia com o da sala de espera, a diferença eram as almofadas e o quadro abstrato que ficava na parede sobre ele, na frente do sofá outra mesinha de centro com balas, revistas e uma pequena planta e mais adiante a velha poltrona reclinável de couro bege que geralmente os pacientes usavam já que a poltrona da Dra. Raquel ficava logo a frente.
_Vejo que não se atrasou hoje -uma mulher esguia surgiu na minha frente
E lá estava o diabo em forma de mulher, em um vestido formal azul escuro e saltos bico fino pretos, tinha os cabelos médios presos em um coque e uma maquiagem discreta. Dra. Raquel devia ter quarenta e alguma coisa mas graças as plásticas e lipos de um ano atrás aparentava no máximo trinta e cinco mas ainda era possível perceber sua real idade observando muito, eu odiava fazer isso então preferia fingir que essa coisa de renascer com o meu dinheiro deu certo.
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Minha geração problema
Teen FictionAlexia era uma garota normal, ou pelo menos queria ser. Ela não se lembrava exatamente quando começou a se sentir diferente, mas se lembrava de quando teve certeza que não era como as outras pessoas. Agora ela precisa provar que não tem um problema...