A Sexta Irmandade (Vol.1) - O Lobo Vermelho

CAPÍTULO 25 - De volta pra casa

  Derramei lágrimas que nem mesmo ela deixou derramar ao morrer. Chloe não merecia. Depois de tudo que passou, tudo que fez. Não podia ser em vão.
  Mas parecia que sim. A questão era entender porque me deram tal poder se eu não era forte o suficiente para tê-lo. Talvez, ou melhor, com certeza Chloe seria uma melhor opção.
  - O que foi? - Indagou Jason. - Pensei que já havia se acostumado a ver aqueles que ama morrerem.
  Nada falei. Nada fiz. Eu não conseguia. Por dentro, eu estava chorando e esmurrando tudo em minha volta. Dizem que o primeiro estado do luto é a negação. Mas não pode se negar algo que aconteceu na sua frente.
  Eu havia deixado minha amiga morrer.
  - Ainda está chorando por alguém que deve ter conhecido semana passada? Por isso matei o irmão dela e o resto dos meus parceiros. Eu merecia mais do que aquele simples poder do Lobo Vermelho. E aqui estou eu - ele colocou as palmas das mãos para cima e as olhou - , mais forte do que nunca.
  Limpei as lágrimas dos meus olhos, mesmo sabendo que de nada adiantaria pois elas não iriam parar.
  - O que você fez? - Minha voz soou fraca.
  - Eu tomei os poderes do Tubarão Branco. Mesmo morto, a fonte de seu poder ainda vive. Ou melhor, vivia.
  O olhei com raiva. Não saber do que as pessoas estavam falando era normal para mim. Mas eu já estava cansado disso.
  - Me conte o que fez. Sem metáforas ou eufemismos.
  - A fonte do poder do Tubarão, em Samoa. Eu a destruí e tomei seu poder para mim.
  Queria eu saber do que o desgraçado estava falando. Minha vontade era de atacá-lo, mas meu corpo já estava tão quebrado que não era mais capaz.
   - Por isso você está dominando as águas. Mas... eu não entendo.
  - Eu sei que não. Você confiou em Wind sem ele nem mesmo ter contado toda a história pra você. Não sabe do porquê no início existirem cinco Protetores?
  Fiz uma cara que indicava totalmente que eu não iria responder.
  - Tudo bem, então - prosseguiu ele. - Por conta dos cinco continentes. Em cada um deles, há um pouco de nosso mundo, e neles, jazem as forças de cada Protetor.
  - Isso é mentira!
  - Por que acha isso? Só porque a dupla dinâmica, Wind e Sandra, não te contou? Eles contaram a mim, nos tempos em que fui um Protetor, como você é hoje. Mas para você, mantiveram esse segredo.
  - E fizeram certo. Você os traiu, por que arriscariam novamente contando tudo a mim?
  - É. Mas eles não sabem que toda essa história da Lámina da Ressurreição não passa de uma mentira. Que esse exército está aqui na busca da floresta encantada.
  - O que quer dizer com isso? - Indaguei ríspido.
  - Estamos na Europa. Aqui há mais uma fonte de poder, na qual eu, Jason, a tomarei sem hesitar e nada vai me impedir. A não ser que você me impessa, o que já acho muito difícil. Seu amigo morrerá nas mãos de Rapina, e então entenderá que já passa da hora de desistir e voltar pra casa.
  Nunca, eu pensei. Uma das piores sensações da vida é aquela de quando por boa parte dela você teve certeza de algo e então descobre que não passava de uma mentira. Independentemente da situação, isso nos deixa no chão.
  - Então toda essa história de Lámina da Ressurreição é mentira?
  - Sim. Nenhum de nós é capaz de reviver a magia da arma. Os monstros nos quais vocês mataram, não passavam de criações bobas da Rapina. Um riacho em Samoa, aquela pequena Ilha da Oceania, era a fonte dos poderes do Tubarão. Não mais.
  - Então, o seu plano é tomar os cinco poderes, destruir as cinco fontes em cada continente e por fim ser o mais forte para a dominação total?
  Ele apenas sorriu de canto. A resposta que bastava.
  - Rapina é uma mulher forte e esperta - disse eu - , por que vai deixar que você tome os cinco poderes em vez dela?
  Ele gargalhou um som horrendo.
  - Ela não sabe. Combinamos de dividir os poderes meio a meio, mas assim que eu tiver a oportunidade, irei matá-la. E esse exército será meu. Assim como o resto dos poderes. Já contei onde é o nosso atual destino? Uma floresta, fonte dos poderes do Lobo, ou melhor, seus poderes. Irei tomá-los.
  Era isso que eu queria. Ouvir Jason falar. Era o que precisava para dar certo. Por todo o tempo, eu havia armado um plano de fuga. E tinha o que precisava.
  Jason precisava falar sua real intenção pois Rapina estava atrás dela arrastando o corpo de Ethan - ele estava vivo, pude sentir o cheiro de sua respiração quente batendo no próprio peito.
  No exato momento em que Rapina ouviu que seria traída por seu parceiro. O golpeou pelas costas com uma rajada de vento, deixando Ethan largado.
  - O que você disse que iria fazer, verme insolente?
  Logo então ela segurou Jason pelos cabelos e o jogou sobre uma roxa.
  - Morrerá por tal traição! - Afirmou.
  Rapina puxou uma adaga e degolou o pescoço de Jason. Nossos inimigos estavam se matando, era isso que eu queria. Mas Rapina ainda estava viva, e lutar contra ela, no estado em que eu e Ethan estávamos era impossível.
  Então, era hora do plano.
  Levantei-me do chão e fingi disparar em corrida para atacar Rapina.
  Mas então, invoquei um dos portais-buracos ao chão e pulei dentro.
  Não sei se você lembra, mas como eu já havia dito a Chloe antes dela morrer, Aurora tinha me dado a magia suficiente de invocar três portais para onde eu quisesse. Um já havia sido gastado mandando Sally e Sarah de volta ao acampamento.
  Esse segundo, não passava de uma distração. Pois o progamei para me levar até as costas de Rapina. Gastei um portal para um lugar tão próximo apenas para passar por ela. Sem isso, seria impossível.
 Antes que ela podesse se virar. Segurei o corpo de Chloe pela mão que restara, agarrei Ethan inconsciente e convoquei o terceiro, e último, portal. Que daria de volta ao acampamento.
  - VOCÊ NÃO IRÁ FUGIR DE MIM! - Ela gritou.
  Ignorando totalmente isso, me joguei no buraco levando meus amigos.

  Talvez meu nome fosse sempre honrado no acampamento por ter morrido bravamente lutando contra Rapina. E talvez isso acontecesse, mas se Chloe havia morrido, eu teria que arranjar alguma maneira de trazê-la de volta. E agora, estávamos novamente em casa. Isso facilitava as coisas. Ethan, ainda inconsciente, não sabia o que estava acontecendo. Mas quando acordasse, estaria empenhado a me ajudar em ressuscitar Chloe de alguma maneira.
  O outro ponto, com a descoberta do real plano dos inimigos, Wind tinha de saber e por isso eu havia decidido voltar, para avisá-lo.
   Sally, Sarah e Hank Foster estavam na entrada, ouvi algo como Kevin criou uma barreira mágica com a espada e impediu de sermos levados por uma onda gigante, mas ignorei e gritei para eles nos ajudarem a levar o corpo de Chloe à enfermaria. Os curandeiros fariam algo. Eu faria algo.