Mexer com o seu superior na hierarquia do exército não é uma coisa que se deve fazer, mesmo com tantos motivos quanto Hector Torres tinha. Em decorrência de seu pequeno ato de insubordinação, ele se encontrava a caminho de um posto avançado, onde ficaria por duas semanas.
Nesbraska no mês de agosto tem uma temperatura amena, mas para alguém criado no quente Novo México, encarar temperaturas em torno dos 12ºC era mais um desafio, e mais uma forma de punição.
Após caminhar por alguns quilômetros seguindo uma trilha que partia de Camp Ashland, finalmente, o então, Soldado Torres avistou o pequeno bunker onde residiria pelas próximas semanas. O suor da caminhada escorria por seu rosto quando bateu na quase camuflada porta de metal.
A floresta silenciosa no outono deixava sua audição mais aguçada e pode ouvir passos vindos do bunker. Ajeitou a mochila nas costas, o rifle e esperou em posição de sentido.
– O que o senhor pretende fazer? – Perguntou uma voz vindo do bunker.
– Eu vou soprar e soprar até derrubar a sua casa – Respondeu Hector.
Ouvir as travas da porta do bunker foi um alívio. Quando foi informado da senha, a julgou muito ridícula para que fosse verdade.
O soldado que abriu a porta estava com a farda desabotoada, deixando uma camiseta branca, um pouco suja, a mostra. A pele clara, os cabelos loiros raspados e os olhos azuis se moldavam num rosto de feições europeias. Seu corpo era alto e atlético, mas Hector não seria o primeiro a julgá-lo, já que ele mesmo não tinha feições normais para um americano.
Depois de trocarem uma rápida continência, Hector entrou no bunker e o soldado loiro fechou e trancou a porta. Ao olhar o lugar, viu que se tratava de um local parecido com um contêiner. Tinha um beliche preso numa parede, uma outra porta que deveria ser do banheiro, numa das paredes menores havia uma pequena pia e um fogareiro. Finalizando tinha um rasgo pequeno, suficiente para visualizar a floresta e apontar uma arma caso fosse necessário.
– Você é o Torres, certo? – Disse o soldado loiro.
– Sou eu mesmo.
– Eu sou Petrov – Disse puxando a farda para que Hector pudesse ler o nome bordado.
– Preciso informar minha chegada – Disse Hector.
– Eu passo um rádio para a base, se acomoda aí que a subida não deve ter sido fácil.
– Não mesmo.
O soldado Petrov pegou um rádio militar sobre a cama de baixo do beliche e chamou a base confirmando a chegada do soldado Torres ao bunker. Hector deixou sua mochila na cama de cima do beliche, travou seu rifle e o pendurou ao lado do rifle de Petrov. O outro por sua vez empurrou um banquinho com o pé para Hector e ao se sentar, eles observaram a floresta pela abertura do bunker em silêncio.
– Tem um primeiro nome soldado Torres? – Perguntou Petrov quebrando o silêncio.
– Me chamo Hector, e você soldado Petrov? – Rebateu.
– Mark.
– Seu sobrenome é russo?
– De pai e mãe – Disse o loiro e Hector notou um leve sorriso.
– Meu pai é mexicano e minha mãe americana.
– Eu nasci aqui, mas meu pelotão insiste em me chamar de soviético, o nariz quebrado de um companheiro me mandou para esse fim de mundo e você?
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Sniper (Romance Gay)
RandomHector e Mark são ex-soldados do exército americano. Eles se conheceram quando jovens e tempo transformou suas vidas de maneiras muito diferentes. Catorze anos depois de se conhecerem e trocarem uma promessa, o destino vai fazer com que seus caminho...