Capítulo Opcional 12 - Scroll Lucilfer

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FLASHBACK ON.

  -Pare filho, já chega! -Ele disse em meio a lágrimas e desespero.

  -Isso chega a ser engraçado, foi a mesma coisa que eu disse quando você espancou o Bob! Mas, sabe pai, se não fosse por aquilo eu ainda teria amor em meu coração e nunca faria isso com você! Eu devo ser eternamente grato a você por isso. -Eu disse encarando a sua face que estava cheia de angústia e dor.

  Ele estava pendurado pelo seu pescoço, como um pedaço de carne, e a única coisa que o impedia de se propriamente enforcar-se eram as suas mãos segurando a corda. Em seus pés haviam um apoio como uma cartela de pregos que aguardavam por sua queda. Em suas costas apenas o sangue se estampava, como uma marca de sua dor pelas chicotadas. Pingos de suor escorriam de sua face, mas não por nervosismo e sim por angústia.

  Eu olhava para ele e tudo o que eu sentia era ódio e desprezo, não apenas pelo meu querido Bob, que descanse em paz, mas também pelas outras atrocidades que ele fez. Ele matou a minha mãe e a minha irmã pelo simples fato de elas tentarem fugir de sua facção, mais denominada como Máfia. Eu o odiei desde os meus sete anos. O meu ressentimento por ele é imensurável, às vezes penso que, o que eu faço é apenas o necessário por um plano maior.

  -Sabe pai, eu acho que você deveria me agradecer!

  -P-pelo o que? -Ele me pergunta com a voz baixa e arrastada.

  -Por estar libertando-lhe de seus pecados. Afinal o conceito da palavra crueldade é o que define você. -Eu o repondo andando de um lado para outro em sua frente.

  -Não me faça rir garoto. Isso não chega nem perto do verdadeiro céu. Acho que você nunca soube o verdadeiro significado de seu nome, não é?... Pois bem, Scroll Lucilfer é o grande e tenebroso governante do sub-mundo, nomeado como inferno. Aonde ele estraçalha as almas de suas presas como você está fazendo comigo, e depois, as consome retirando totalmente as suas esperanças.

  -Interessante. Mas, acontece que eu não sou igual a você.

  -Eu sei disso. Você é muito mais cruel do que eu já fôra algum dia! Todos os dias eu cometia crueldades, e os olhares que eu atraia eram de desprezo e nojo, o que me fez abranger um ressentimento imaculado dentro de mim. Mas, você meu filho é diferente. Você comete crueldades com prazer, você não possuí nenhum sentimento dentro de si, você mata por matar. Eu tirei tudo aquilo que era humano em você, e me arrependerei amargamente disto. -Ele diz com os olhos marejados para mim.

  -Arrependimento? Você é um tolo mesmo, se acha que eu cairei nessa farsa e pouparei a sua vida medíocre.

  -Eu sei que não a poupará. Mas, saiba que os únicos olhares que você atrairá serão os de medo. -Ele diz deixando escorrer uma lágrima por sua bochecha.

  -Por acaso eu deveria me sentir mal com isso? -Eu perguntei abrindo um sorriso em meus lábios.

  -Não. Não deveria. Somente entenda uma coisa antes de me matar. O dia em que você encontrar alguém que seja louco o bastante para lhe desafiar, não o mate, afinal eu não matei você. Mas, acontece que você não deve o matar, pelo simples fato de que talvez ele seja o único que um dia poderá lhe compreender ou até mesmo salvar a sua vida. Amor eu sei que você nunca sentirá, muito menos mágoas ou ressentimento, mas quando você sentir algo que não seja raiva e ódio e sim divertimento, por alguém lhe desafiar. Saiba que é essa pessoa que você nunca deverá deixar morrer.

  -Hilário essas coisas que você diz. Quase chorei também. -Rio. -Mas acontece meu querido pai, que se eu fosse essa suposta pessoa desafiadora para você, você nunca teria matado quem eu mais amava. O único real motivo por eu ainda estar vivo é porque eu sou o seu filho. Nada mais, nada menos. -Eu digo caminhando em direção à uma barra de ferro que havia mandado Francisco conseguir, e eu a pego.

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