— Vingue-se de todos, Lilian. Acabe com eles. Faça-os sofrer. — As vozes guturais gritaram em meus ouvidos. Seus corpos compostos por fumaça dançavam a minha volta. Senti o frio que elas deixaram em meu corpo quando se foram.
Saltei para frente. Meus olhos abriram e eu suguei muito mais ar que o necessário, engasgando com minha própria saliva.
Esses malditos pesadelos!
Esse deve ser o efeito desse lugar. Nunca tive uma noite sequer de sossego aqui. O cheiro de urina desse lugar é muito forte e o calor, infernal.
Minha colega de cela tossiu, se remexendo no colchão.
Senti nojo dela, de seus dentes podres e de sua voz grossa, lembrei-me de suas mãos na minha garganta e desejei matá-la.
Custe o tempo que custar eu a mandarei para o inferno.
Apertei minha garganta, na esperança de não respirar o mesmo oxigênio que aquele ser. Encolhi minhas pernas e as abracei, tentando me aquecer da sujeira que me envolvia, sujeira da qual eu fazia parte.
Acalme-se, Lilian. Sussurrei para mim mesma enquanto apertava os dentes em meu braço.
Aquele velho precisa me tirar daqui, senão vou enlouquecer de vez.
Eu vou ser livre, cedo ou tarde.
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Justiça por Justiça
Short StoryEmbora o nome Lilian signifique pureza e inocência, esse são dois predicados que não podem ser empregados na garota. Ela não vive o pecado, depende dele para sobreviver, seu alimento é a vingança. Desde o nascimento Lilian precisou lidar com isso...