três

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"Ser livre para viver sua alma."


A noite. Onde tudo vem à tona, o medo encontra-se com a coragem, os sentimentos com a alma, e tudo o que perturba durante o dia fica face a face.

Um batom vermelho, intenso, delineador, que traz os traços de uma mulher convicta de seus atos, sua firmeza transcende dúvidas e incertezas. Um perfume. Doce que faz contraste com tudo o que se é, mas, quem não gosta de surpreender? Melhor ainda ser surpreendida. Tudo tem seu ponto de vista.

Arrumar o cabelo com calma, penteá-lo com carinho, ajeitar delicadamente para o lado e jogar um sorriso no ar. Às vezes, o mais sensato a fazer é jogar tudo pro ar. Um sorriso, um pensamento, um beijo, um sonho. Não! O que nunca devemos jogar ou desistir é de um sonho. Desistir do que faz viver? Deixar de lado o que nos impulsiona pra frente? Loucura. É. Loucura eram os devaneios singelos e chocantes que iam e vinham na mente da Nina. Mas já era tarde, o vestido pretinho básico já estava na silhueta do seu corpo e o taxi próximo ao seu apartamento.

Depois de algumas semanas desligada do mundo, sem companhias para aconselhar o que é certo ou errado, até mesmo das perturbações cotidianas que insistiam em bater à porta, até aquela imagem da mensagem no celular que sempre visitava antes de dormir, do sentimento amargo de saber que uma pessoa que dizia ser amiga podia apunhalar pelas costas daquela maneira infame, semanas após o término do seu relacionamento, Nina resolveu sair do fundo do poço e curtir um pouco a si mesma. Mesmo com todas as dores e aflições, dificuldades e devaneios, é necessário achar um tempinho e sorrir pra vida. Ou pelo menos se esforçar para isso. Quem sabe. Quem sabe em uma noite solitária a vida comece a se encaixar novamente, como um passe de mágica que transforma a ilusão na mais delicada magia para colorir a vida. Mas agora não era hora de pensar sobre o passado, muito menos chorar pelo o que não aconteceu. Ouviu o barulho de buzina, era hora de sair.

– Boa noite, pra onde você vai senhorita?

– Pode ir direto pra Av. Paulista, especificamente para Rua Augusta.

– Perfeito, estamos indo pra lá. Hoje a noite está bonita, com certeza você vai se divertir muito, qual o local você quer ficar?

– Sim, hoje a noite será excelente. Pode me deixar próximo ao Metrô Consolação.

– Tudo bem, vamos pra lá. Gostaria de ouvir alguma música específica?

– Não obrigada. Pode colocar a que você quiser.

– Ok senhorita. Ou você não é de muita conversa, ou não está nada bem. Vou deixar meu cartão, na hora da volta se quiser me ligar, deixo você na porta de casa. Vai que você passa um pouco dos limites. (risos)

– Não vou passar dos limites. Só estou saindo para me distrair. (risos)

– Dá para perceber. Mas não vou ser indelicado e perguntar o motivo. (risos) Mas vai dar tudo certo.

– Deus te ouça. (risos)

A noite começava com a companhia da lua cheia, céu sem estrelas e algumas nuvens espessas e meio amareladas para formar o cenário do retorno para a vida descontraída e mais leve. Sem muitos pensamentos, sem muitas pressões, apenas o minuto presente para desencadear o futuro inesperado. Ao descer do táxi, começou a descer a Rua Augusta e absorver a adversidade e propósitos diferentes que tinha no mesmo espaço. Aos poucos, a sensação de solidão ia substituindo por estranheza, logo após o sentimento de desejo e liberdade. Era o momento perfeito para dar uma pausa no mundo, ligar o REC e começar a atuar no cenário da vida. Sem objeções, sem segredos, apenas a surpresa do próximo minuto.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2016 ⏰

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Nina, livre para morrer!Onde histórias criam vida. Descubra agora