Convergindo (Em Construção)

Caminhos Cruzados Part.1

O barulho de saltos correndo do banheiro para o quarto e vice versa me acordou. Olhei para meu despertador, eram 6 h e 20 min. Eu não conseguia levantar, não sei bem se era indisposição por causa da febre que me possuiu durante a noite toda ou era apenas preguiça... no fim das contas acho que eram ambas as coisas. Numa de suas idas e vindas, Letícia estacionou na minha porta.

- Alice, papai perguntou se você vai querer alguma coisa...

- Sim, quero um corpo novo...

- Haha, besta... nós já estamos indo para a escola... 

- Tá... pega o caderno da Rosie na saída, eu vou mandar um sms para ela avisando que tô doente.

- Tá bem.

Ouvi minhas irmãs e meu pai descendo as escadas, eu bem que queria ir para a escola. Ficar em casa sem fazer nada, de molho na cama é muito chato principalmente porquê minhas amigas estão presas na escola e não podem usar o celular. Peguei o aparelho, havia uma mensagem de bom dia e alguns emoticons... eu sorri de leve, isso estava se tornando um hábito.

Uma brisa fria invadiu meu quarto através das janelas abertas. Senti meu corpo todo arrepiar. Afundei ainda mais debaixo das cobertas... Só me resta dormir e torcer para que as horas, assim como essa maldita gripe passem rápidos e eu enfim possa voltar à ativa.

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Me forcei a dormir cedo para ver se todo aquele sono acumulado seria resetado. Resultado: acordei com os pequenos resquícios da ressaca que me atormentou durante todas as últimas horas da minha quinta-feira. Fiz todas as minhas tarefas matinais no automático, antes de tomar banho vomitei até as tripas... eu nem estava afim de vir para a escola, mas minha mãe ficou me enchendo. No fim das contas não tive outra alternativa a não ser vir. Meu pai insistiu para me levar de carona, mas eu o convenci de que estava em perfeito estado para dirigir um carro. 

30 min. depois eu estacionei em frente à escola, um pouco desajeitado mas sem bater em nada. Lá das escadarias que se localizavam na porta da escola os manos já me esperavam e antes mesmo deu sair do veículo já perceberam que havia algo errado comigo. Respirei fundo, tirei a chave da ignição e sai. Tranquei todas as portas, o lugar possuía vigilância, mas não era bom facilitar, né? Caminhei em linha reta, ou pelo menos da minha perspectiva foi em linha reta até onde eles estavam.

- Caralho, Will... hahaha encheu a cara? 

- Tá tão óbvio assim?

- Sério, mano? Tu vinha andando em zigue-zague, pow hahahahaha...

- Deixa de onda, mano... não foi pra tanto...

- Bora lá entrar... tenho que resolver umas questões de português...

- Putis... eu pensei que era para a segunda...!!!

- Haha, se foderam. É para a segunda, mas é a segunda aula de hoje.

Depois de atravessar o corredor nos separamos, eu...Alan e Rosie entramos na mesma sala. Eles dois foram fazer a atividade e eu... Eu não estava no clima, se a professora resolvesse me dar uma suspensão eu nem acharia ruim.

 Me arrastei até minha cadeira, nem me dei ao trabalho de olhar em volta, apenas pus minha mochila no chão e deixei minha cabeça cair sobre a mesa.  Quem me analisasse por fora veria que sempre tive notas boas, fui sempre o aluno exemplar... porém parece que no curto espaço de tempo que nos resta para a formatura resolvi me rebelar... é meu caro, para tudo se tem uma primeira vez.

 Mesmo sem olhar eu podia ouvir tudo que estava acontecendo ao meu redor, uns caras lá no fundão do lado esquerdo ouvindo rap, algumas garotas conversando sobre festas, bebidas e garotos, os caras mais zoeiros correndo dentro da sala, arrastando cadeiras e trocando apelidos, safanões e bolinhas de papel entre si. Lá de fora vinham os sons dos armários sendo fechados, os gritos no corredor... todo aquele barulho era muito irritante. Minha cabeça doía, meu corpo não estava acostumado à minha nova rotina. Saturado de frustração e inquietação, levantei minha cabeça. Toda a cena que imaginei através dos sons em minha mente estava acontecendo.