PRINCESA DO DESERTO

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Os homens erguiam o acampamento sob a areia dourada, enquanto Urbi, observava o progresso, montada num cavalo negro, o vento fazia com que suas vestes coloridas de seda esvoaçassem, fazendo com que parecesse que não pertencia ao ambiente estéreo das infinitas dunas de ouro.

Ela era princesa do deserto no reino de Eziron, filha de Táu, o assassino do leão negro, a mais bela de todo o mar de areia. Sua pele era como chocolate, o doce mais raro e fino de todo o deserto, apenas encontrado nos oásis mais longínquos. Os olhos eram como duas pedras âmbares, a joia mais brilhante que poderia ser encontrado nas pirâmides amaldiçoadas dos antigos faraós. Possuía lábios carnudos que poderiam tentar qualquer homem no reino e até fora dele.

Ao horizonte, Urbi viu cavalos, camelos e homens. Eles se aproximavam do acampamento. Supôs que seriam os Skylon, uma tribo do norte conhecida por sua afinidade com os pássaros, lendas diziam que os homens mais poderosos daquela tribo conseguiam juntar sua mente com a de um pássaro, podendo ver e se movimentarem como se fossem um.

Urbi não pode deixar de sentir um frio na barriga, mesmo com a alta temperatura que a cercava, ambas as tribos andaram milhas para se encontrarem. O motivo, a união de Urbi e Akin, príncipe da outra tribo. Urbi sabia que desde de seu nascimento teria que se casar com o líder de outra tribo, só não esperava que acontecesse tão rapidamente. Seu pai havia adiantado a união depois que seu amado filho, Malik, morreu enquanto patrulhava as dunas, numa cilada feita pelo Manto Negro, um grupo de nômades assassinos. Taú estava desesperado por um herdeiro desde da morte de seu primogênito.

Faltava apenas uma semana para que o casamento acontecesse, naquela noite os noivos iriam se conhecer, a princesa não via a hora, eram sentimentos contraditórios, Urbi queria que seu pai se orgulhava dela, mas uma pequena dúvida se alojava em seu coração, será mesmo que era o caminho certo?

— Filha, suas acomodações já estão prontas, entre. Você não quer que seu noivo a veja antes de hoje à noite. — Disse Táu com a voz imponente tirando a filha de seus devaneios.

Calmamente a princesa desceu do cavalo e entregou as rédeas para o pai, dando-lhe um beijo na face negra já marcada pelo sol e pelas lutas para manter seu povo a salvo.

— Eu nunca iria querer que ele me visse, papai, estava apenas pensando no meu futuro! — Disse ela com um sorriso branco no rosto. — Já estou indo para a tenda!

— Vá e não saia até eu chamá-la, alguém vai ajudá-la a se arrumar! — Disse o pai afagando a face da filha.

— Até logo, papai.

Ela foi até sua tenta ricamente mobilhada, era uma das melhores acomodações da tribo. Urbi se jogou sobre as macias almofadas voltando a pensar em Akin, o seu futuro príncipe. Infelizmente teria que espera anoitecer até ela conhecê-lo, pois de acordo com as lendas das tribos nômades, a união não é auspiciosa caso os noivos se vissem pela primeira vez durante o dia, essas cerimônias sempre ocorrem a noite, quando a deusa do amor tinha mais poder.

Essa era uma das tradições e superstições idiotas que seu povo acreditava, era uma das mais idiotas, só perdia para a regra de que uma mulher não poderia liderar uma tribo, se o líder tem apenas uma filha, ela deve ser casar e um de seus filhos, herdará a liderança. Se um líder morrer, deixando a esposa, mas não há herdeiros, uma luta será travada entre os homens para decidir quem seria o novo chete.

Urbi bufou com esses pensamentos, Malik foi treinado deste de cedo para ser o próximo líder, mas sempre durante suas aulas, Urbi estava por perto, ouvindo os ensinamentos dos país e dos velhos anciões, acabando virando uma incrível estrategistas. No início, o pai havia repudiado a ideia de que uma princesa treinasse luta junto com os homens, mas depois que a pegou diversas vezes tentando lutar com as crianças mais velhos, o próprio Táu a ensinou na arte da guerra.

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