Capítulo 75

7.4K 659 202
                                    

Eva narrando

Heitor não demorou muito na visita, tinha um jantar especial com a namorada que por sinal era de uma beleza estonteante. Além de educada e gentil. Enquanto recebíamos-los, Alex se escondeu no meu quarto, mesmo eu não querendo. Mas depois teria que conversar com ele. Preciso por um fim nessa bagunça toda.

Faltou bem pouco para Lorenzo gritar por Alex pela casa toda e desvendar a onde ele estava para Heitor. Se Heitor o visse aqui, as coisas só iriam complicar para mim. Seria novamente culpada por cúmplice e por cobrir um bandido. Querendo ou não, Alex ainda é um bandido, procurado pela lei e mesmo que ele tenha um sentimento por mim, fica difícil ter algo com ele já que estou tentando reconstruir a vida que ele e o Guilherme destruíram. Também tive uma parcela enorme de culpa. Deixei a minha razão de lado para viver um amor fora da lei e olha só para onde tudo isso me levou.

Nego com a cabeça espantando os meus pensamentos sombrios.

O que passou, passou. Bola pra frente.

—Eva, quer comer mais um pouco? —Perguntou a minha tia de dentro da cozinha.

—Não tia, obrigada. Na verdade só quero descansar. —Digo.

Olho o relógio preso na parede e noto que já eram cinco horas da tarde.

Lorenzo brincava com Cat no chão da sala, peguei uma banana e comi. Fui para cozinha a onde estava a minha tia e sentei na cadeira, observando a mesma lavar a louça.

—O que te perturba, filha?

Surpreendi-me com a sua pergunta. Ela era a única que sabia diferenciar os meus suspiros e aflições.

—Tudo tia. Não sei como conversar com Alex ou como dá uma basta nisso.

—Já se perguntou pra si mesma se quer dá um basta nisso?

Refleti a sua pergunta por alguns segundos e assenti.

—E qual conclusão chegou?

Ela terminou de lavar a louça, enxugou as mãos com o pano de prato e sentou-se a minha frente na mesa.

—O que eu mais quero agora é viver bem com o meu filho. Quero aproveitar cada momento com ele, cada segundo e depois de perder o seu crescimento o que eu mais quero é vê-lo se tornar um bom homem, longe de qualquer ruindade que existe nesse mundo. Só quero... —Respirei fundo. —Quero ter paz.

Percebo que minha tia não estava olhando para mim, mas depois desceu o olhar e me encarou firmemente.

—Não sei o que devo fazer. —Abaixo a cabeça.

—Você sabe sim, só não consegue dizer. —Ela tocou a sua mão gelada no meu braço. —Ele é um bom homem. Guilherme estar morto, infelizmente. Mas eu sempre soube que essa relação não iria durar e...

—Você sempre esteve certa. Se eu tivesse me entregado naquele dia que estava na sua casa, com certeza nada disso iria acontecer.

Bufo. Sinto as lágrimas descerem em meu rosto.

—Mas eu o amava. Tanto, tia, tanto. Ele fez coisas horríveis, me tratou mal sem motivo, mas mesmo assim eu o perdoei e de repente ele desaparece e minha vida muda drasticamente.

—Eva...

—Só queria entender como e o porquê. —Passo a mão no rosto.

—Não se torture com isso. Por favor. Agora você está livre, tem um filho pra cuidar e acima de tudo é muito amada por todos.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora