Parte 45

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Emily

Em uma dessas noites, acordo como a voz do meu marido.

-Amor, amor o que houve?

O vejo com o olhar totalmente desesperado.

Meia dormindo com a voz embargada pergunto :

- O que foi???

- Você estava me batendo, mandando eu te deixar que não aguentava mais.

- Ai amor me desculpa, estava tendo outro pesadelo daqueles. 
- Quando você vai me contar sobre esses pesadelos?

Sempre que tenho pesadelos me debato, resmungo e acordo muito brava e muitas das vezes nem lembro do que sonhei.

Então levanto com o maior desânimo, para aquele dia de trabalho.

O dia passa lento, tudo parece que esta contra mim.

Atraso no café, o carro resolve não dar partida, para piorar o John já tinha saído para o trabalho, frustrada corru para o ponto de ônibus , lotado por final de contas.

Chego por fim no hospital em minha sala, uma pilha de prancheta com medicações para serem aplicadas e com os nomes dos seus respectivos pacientes.

Naquele dia a emergência estava lotada. Correria total.

Termina o dia são 18:30h da tarde, ainda tenho que correr para a faculdade de medicina, justo hoje que tudo esta do contra, ainda tinha um seminário individual para apresentar, só para completar meu dia estressante.

- Ai meu Deus não vai dar tempo, não vai dar tempo... Tem que dar sim.

Falo quase gritando para mim mesma.

Vou para o quarto de descanso das enfermeiras, tomo um banho, troco de roupa, sempre ando prevenida, solto os cabelos passo um batom, estou pronta.

Chamo um táxi e lá estou eu meio atrasada, sendo recebida por uma cara bem feia do professor Anderson Carvalho.

- De novo em senhora Rodrigues!?

Ele olha pra mim por cima dos óculos, enquanto eu reviro os olhos, peço desculpas e cento, morta de cansada. E o tempo passa lentamente. Graças a Deus terminou aquela aula.

Chego em casa por volta das 23:00h, agora sim realmente morta, então, outro banho para relaxar, como umas besteiras e vou para cama, dou um beijo em John e vou dormir.

Se eu poder!!!



Outro dia...

- Me larga seu monstro como você tem coragem de fazer isso comigo!? Mamãe, mamãe!! Socorro, socorroooo!!!!

Choro copiosamente, tento desvencilhar daqueles braços magros, aquela voz eu conheço aquela voz, mas não consigo ver, ele é enorme seu corpo muito pesado, não suporto, ele tem total controle sobre mim.

Nesse meio tempo fico perguntando onde ela pode estar, porque não vem ao meu encontro?
Um bolo se forma em minha garganta, uma dor profunda no meu tórax, não vou suportar....

- Cala boca bastardinha, cala boca, vou fazer com você o que bem entender, ela não pode te ouvir, bastarda, garota desprezível.

Ele grita tão alto em meu ouvido que fico escutando zumbidos, a sua risada é diabólica, sinto meus sentidos indo embora e uma grande ansiá de vomito, no entanto reluto para ficar acordada.

- Ela não pode me deixar, não, não pode!

Se já não estava vendo direito, agora não escutava, tudo estava rodando e um enorme enjoou. Sinto meu corpo debater, colapsos torturantes, então, tudo desaparece.

Não sei quantos segundos, quantos minutos, quantas hora ou dias, então desapareço em um infinito sem fim.

Acordo com o despertador, é enlouquecedor. E tudo vai voltando ao normal menos uma forte dor de cabeça e aquele terrível enjoou.

Levanto quase arrastada, quando olho no espelho enormes olheiras e uma incrível palidez. Pronto ta aí mais um dia daqueles que vai passar lentamente.

Pelo jeito será para o resto da vida isso. Nunca vou viver plena paz? Nunca?

Isso era o que eu pensava até chegar em casa a noite e topar o John sentado na mesa de jantar com a bíblia aberta.

- Estava te esperando amor, precisamos conversar. Isso tem que ter uma lógica. E um fim definitivo.

Um eu antes de mim.[Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora