Cap. 7: A Arte Da Mentira

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- Muito bem. - disse Rubi, ajeitando-se ereta na espreguiçadeira - qual é o seu talento?

Após uma desculpa esfarrapada, Ônix havia se virado e sumido dali, deixando-nos sozinhas de frente para a àgua.

- Como?

- Qual é o seu talento? Você pinta, como Ônix? Canta? Dança? Cozinha? Tudo o que estudamos na Sociedade são coisas relacionadas à alguma espécie de arte. Faz bem, visto pelo lado dos Frequentadores.

Empalideci. Eu era horrível em todas aquelas coisas. Estou perdida!!! 1: pintar? Eu só sabia fazer bonecos de palitinho. 2: cantar? Pfff. 3: dançar? Um pato teria mais graciosidade do que eu. 4: cozinhar? Eu nunca nem tinha tentado, tendo em vista o monte de empregadas que faziam as refeições na casa de papai.

- Desculpe, mas eu não sei fazer nada disso. - respondi, envergonhada.

Ela arregalou os olhos, em choque.

- Claro que sabe! Você com certeza deve ter habilidade em uma arte qualquer. Pelo menos uma. Se lembra? - a expectativa era visível em sua expressão.

- Acho que... - então, me lembrei de algo que podia, sim, ser uma espécie de arte. Muito bonita, inclusive - eu... gosto de escrever.

Ela soltou o ar, exasperada. E sorriu.

- É isso! Perfeito! - jogou o cabelo escuro sobre o ombro - viu como você sabe?

Assenti, um pouco confusa.

- E o que acontece? - perguntei.

- Agora que descobriu seu talento, pode vir conosco para o curso de artes. Se chama Academia São Ângelo, também conhecida como A.S.A. - segurei o riso, juntando as letras na palavra "Asa" - lá nós fazemos matérias diversas. Você pode fazer literatura e teatro.

Anotei tudo mentalmente. Então eu iria estudar, mas de um jeito... diferente.

- E você? - perguntei - que curso faz?

- Eu? - Rubi apontou para si mesma, sorrindo - eu danço.

- Sério? Nossa. - realmente fiquei admirada. Rubi tinha mesmo a estatura e elegância de uma dançarina.

- Bem... obrigada. - ela assentiu minimamente com a cabeça. Recostou-se na espreguiçadeira, de repente parecendo cansada - hoje será sua noite de estréia. Você irá conversar com os frequentadores.

Quase caí dentro da piscina.

×××

Bianca havia sumido do quarto há exata meia hora. Ela disse que me deixaria sozinha para descansar, um pouco antes da minha primeira noite de "trabalho". Então, tremendo de medo e ansiosidade, me deitei na cama, sem coragem de pedir por sua companhia. Agora, a falta de luz no ambiente e os poucos raios de pôr do sol atravessavam as cortinas grossas, mas mesmo assim eu me sentia sozinha. Tinha medo de afundar naquela nada solitário, de que o tempo nunca passasse e eu ficasse ali, me torturando com as piores expectativas possíveis.

- Hora de levantar, Alessa. - disse Bianca, me salvando daquilo ao escancarar a porta.

Sentei de súbito, querendo pular do colchão. Graças à Deus, aquele momento não se prolongaria. Ajeitei a coluna, até ficar com uma postura adequada, e me preparei para pegar o vestido que Bianca carregava. Porém, ao invés disso, a empregada de cabelos loiros apenas me estendeu um cálice com água e o aterrorizante comprimido cor de rosa.

- Tome de um só gole, Alessa, se aceita bons conselhos. - pôs os dois objetos em minhas mãos, finalmente sem me chamar de bambola.

Obediente, enfiei o comprimido na boca e o engoli com um gole grande de água. Por um segundo, precisei derrubar o copo e me agarrar ao colchão, porque o mundo parecia dar cambalhotas ao meu redor. A tontura era forte e brusca, capaz de derrubar um touro.

- Respire, Alessa. - disse Bianca, que para mim parecia flutuar por diferentes direções.

Tentei, juro que tentei. Mas os giros loucos do planeta só acabaram quando espremi os olhos e encostei a cabeça na parede. Então, lentamente, as coisas voltaram ao seu lugar. Soltei o ar que nem notara estar preso, agradecendo por não ser uma crise tão forte com a primeira. Retira a cor dos seus cabelos e pele. As palavras de Ônix ainda me faziam estremecer.

- Tudo bem? - pediu a outra.

Olhei para ela e não assenti com a cabeça, por medo de ficar tonta de novo. Ao invés disso, levantei e abaixei as sobrancelhas, em uma confirmação silenciosa.

- Ótimo. Então... vista-se. - agora sim, ela me entregou o vestido.

Era verde-água, com alguns brilhantes grudados na gola polo. Era justo na cintura e abria-se em uma saia de seda, como a roupa de uma boneca antiga. Era macio e suave. Sem olhar para Bianca, me levantei da cama. Logo, logo, descobriria que a maior arte daqueles que moravam ali, era a arte da mentira.



Oi gente!!!

Desta vez, irei direto ao ponto: demorei tanto para postar, simplesmente porque entrei em um estado de hipnose e fixação com o livro "Espada de Vidro", a continuação da minha paixão, "A Rainha Vermelha". Neste momento, irei começar outra coleção, chamada "Deuses do Egito", de Colleen Houck. Então, se este livro dela for tão bom quanto "A Maldição do Tigre", provavelmente passarei mais algum tempo sumida.

Me desculpem pela pequena introdução. Logo postarei um cap de verdade.

Bjsss!!!

Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora