Numa manhã de sol, um jovem habitante da cidade saiu de casa mais cedo, como de costume. O pequeno Tennzin correu até ao seu local favorito, e, como de costume, deitou-se na areia, junto ao lago , ao qual chegavam as águas cristalinas do rio. As águas diáfanas daquele espelho de água eram, de facto belas. Tennzin observava uma bela alvorada, admirava muito aquela esfera dourada, feérica e emcantadora, que todos os dias ascendia no horizonte, e todas as noites voltava a desaparecer , ele observava o Sol, mas, desta vez, o amanhecer estava particularmente bonito, era um dia de sorte.
Como habitual, Tennzin permanecia deitado na areia, junto ao lago cristalino, que era, sem dúvida, uma das maiores belezas da sua cidade, olhando para o céu. Todavia, nesse dia, o jovem Ellianor foi interrompido. Uma figura feminina apareceu das árvores, caminhando até Tennzin devagar.
Ele vislumbrou uma pequena rapariga-elfo de cabelos ruivos,com uma estrela branca tatuada no braço. Ele nunca tinha visto um elfo, estava maravilhado. A rapariga estava vestida de verde, não aparentava carregar qualquer tipo de arma. Ela era pouco mais baixa do que Tennzin, e era muito bonita. A jovem elfo aparentava ter a mesma idade que ele, atrapalhadamente, Tennzin perguntou-lhe o nome.
Depois de o observar curiosamente com um sorriso na cara, a jovem elfo respondeu:
-Naryä. E tu, como te chamas?
Ainda muito atrapalhado, Tennzin respondeu:
-Sou Tennzin, filho de Dennzin, que é mercador aqui na cidade. Nunca te vi por aqui. Conheço toda esta região como a palma da minha mão, quiseres eu posso mostrar...
O desconforto e o nervosismo eram notáveis na voz de Tennzin mas, mesmo assim, Naryä ficou interessada por ele e, rapidamente, arranjou um nome mais fácil de pronunciar:
-Tennzin é um nome grande. Vou chamar-te Ten. Que idade tens Ten?
-Eu tenho 12 anos.-
Respondeu Tennzin ainda muito nervoso mas, ao mesmo tempo, fascinado. Nunca havia conhecido um elfo na sua vida e, naquele momento, tinha tido a sorte de encontrar uma elfo bonita que, aparentemente, estava interessada. Ten tentou acalmar-se e começou a conversar timidamente com ela:
- E tu, que idade tens?- Perguntou.
-Eu tenho 15 anos.- respondeu a pequena elfo. Tennzin, fez uma cara de espanto, como podia aquela rapariga ter 15 anos? A verdade é que, devido aos diferentes processos de envelhecimento das duas raças, diferente do dos homens comuns, tanto Naryä como Ten aparentavam ter a mesma idade, talvez 10 anos, quando comparados com uma criança humana. Sacudindo o espanto da cara, Tennzin, já mais calmo, continuou a conversa, propondo-se a mostrar a região a Naryä.
Euforicamente, ela aceitou, e ambos deixaram o lago e passaram o resto do dia a ver os arredores da cidade.
Os dois contaram histórias do seu passado, sendo que a maior parte eram acontecimentos engraçados e irrelevantes e, uns poucos, de teor mais sério. Após muitas horas a passear pela região, os dois voltaram para junto do lago, que separava a cidade do pequeno bosque ao seu lado. Naryä prometeu voltar no dia seguinte, e correu para dentro do bosque. Ten não percebia para onde é que ela ia, mas resolveu não prestar muita atenção.Naryä e Ten encontraram-se muitas vezes, durante várias manhãs.
Apesar de todas as histórias e revelações que faziam um ao outro,Ten nunca soube das as origens de Naryä, nem da maneira como ela chegava a EdenVale todos os dias, sendo que ela não vivia lá.
Em pouco tempo, a elfo e o ellianor tornaram-se verdadeiros amigos, confessavam tudo um ao outro, ambos partilhavam as mesmas opiniões e as mesmas brincadeiras. Assim, dias haviam sido transformados em semanas, e semanas em meses.
Devido à frequência dos encontros, Ten começava a faltar às suas responsabilidades em casa. Os seus encontros diários com Naryä interferiam com o seu maior sonho, de se tornar um soldado e ver o que havia para além da sua cidade. Tennzin não tinha tempo para conversar, pois devia ajudar a sua mãe em casa e treinar e, apesar de ter consciência dos seus deveres, o Ellianor escolheu ignora-los para estar com a sua amiga.
Certo dia, a mãe de Tennzin resolveu proibi-lo de se encontrar com Naryä, pois achava que lhe estava a fazer mal. Ordenou-lhe que parasse de ir ao lago ao final do dia, algo que não agradava nada ao jovem Ellianor.
- Mas desde sempre que eu vou para o lago! Não é justo, é o meu lugar preferido!- Teimava Tennzin desesperadamente.
- Tal como o teu pai não és capaz de tomar um "não" como resposta! Passas todo o teu tempo livre fora de casa, com uma rapariga que eu nem conheço, e não tens cumprido com as tuas responsabilidades. A minha ordem não está aberta a discussão! Não voltarás aquele lago! - Respondeu a sua mãe iradamente, virando costas e deixando o seu filho a reclamar sozinho. Tennzin sempre escondera à mãe o facto de Naryä ser uma elfo, apesar de lho querer revelar muitas vezes, tinha medo das consequências que isso pudesse vir a ter, tanto para Naryä como para ele. Por mais que gostasse de contar mais à mãe sobre Naryä, não o podia fazer, e não havia nada com que pudesse argumentar.
- Odeio-te!- Gritou Ten para a sua mãe antes de fechar a porta do seu quarto dramaticamente. Estas eram as únicas palavras que tinha para dizer. Tennzin estava revoltado, não entendia a atitude da mãe e, apesar de desobedecer muito raramente, foi completamente contra as suas ordens. No dia seguinte, saiu de casa pela janela, para se encontrar com Naryä. Na verdade, Tennzin acreditava estar apaixonado pela jovem elfo, e estava decidido a confessar-lho naquele dia.
Quando se encontraram, Tennzin contou-lhe o ocorrido. Apesar do seu desejo, não estava com cabeça para confessar o seu amor, estava muito nervoso e baralhado. Observando que Ten estava muito exaltado e preocupado por ter desobedecido à mãe, Naryä não estava a conseguir aproveitar a companhia do seu amigo. Para fazer com que Tennzin se calasse, deu-lhe um beijo rápido. Ten ficou paralisado, tinha muito para dizer e , simultaneamente, não conseguia dizer nada, dentro da sua cabeça pensava em belíssimas frases, mas não era capaz de as dizer em voz alta. Ao fim de alguns segundos, conseguiu coçar os seus pensamentos em ordem e prepare-se para falar, mas foi interrompido por um ruído... Quando Tennzin, filho de Dennzin, finalmente ganhou coragem para colocar de fora os seus pensamentos, os seus dias de felicidade foram condenados a acabar por aquele barulho atroz... Por toda a cidade ecoou o som de uma trompa que não lhe era familiar, era um ruído estridente , com um timbre agressivo e um barulho assustador, que o pequeno Ellianor jamais iria esquecer,era uma trompa orc. Pela primeira vez em milénios, EdenVale estava diante de um raide...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sharyna, a Esfera Prateada
DiversosLê o livro se quiseres saber a história, sai já da descrição!