Capítulo 1 - O Começo

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Ana Clara

Eu não vou mentir, o fato do novo casamento do meu pai me estressava. Eu não gostava da Marcele, ela era muito chata. Não que meus pais juntos fosse a melhor coisa do mundo - até porquê o melhor é deixar meu pai e minha mãe separados mesmo -, mas sim porquê eu realmente não queria que meu pai esquecesse que tem uma filha - sua única filha.
Eu sabia que não podia mais fugir, era o dia da visita - da visita a nova vida do meu pai. Eu tinha passado mal no dia do casamento dele - e eu disse que não deveria avisar a ele e que, não deveriam cancelar o casamento. Mas minha mãe não ouve, ela fez o oposto do que eu falei, e foi ligar para ele. Graças a Deus ele não cancelou, - mas você é bipolar em, Ana Clara? - porquê aguentar outra cerimônia ia me acabar, eu não aguentava ouvir mais sobre a porcaria do casamento.
Eu não sabia muito sobre a Marcele, só que ela tinha um filho - que eu não fazia questão de conhecer ou conversar - e que ele viria para o Brasil terminar o último ano de escola aqui - parece que ele havia reptido o ano e ele estava em Londres.
Eu coloquei uma jardineira preta com um vans rosa com roxo e deixei meu cabelo solto. Levei um casaco por garantia .Coloquei na bolsa o necessário e esperei meu pai vir me buscar - já que minha mãe estava trabalhando e eu não podia ir sozinha.
Não demorou muito - o que era um milagre - e entrei dando um beijo em sua bochecha.
- Oi pai. - Sorri e ele também.
- Oi minha princesa.
- Cadê a Marcele? - Não que me importasse, mas a curiosidade...
- Está em casa. Parece que o Lucas está cansado e eles iam passar um tempo juntos. Aliais, vamos almoçar todos juntos no Camarão - Camarão era o nosso restaura favorito - um deles pelo menos.
- Aí que saudade daquela comida! - Me encostei no banco e revirei os olhos sorrindo. - Eu amo tudo lá - suspirei.
- Que bom Filha.
- Pai, como é o Lucas?
- Você vai ver, calma.
- Vou? Eu tenho a opção de não ver? - Perguntei esperançosa.
- Ana Clara. - Ele me repreendeu - odiava quando fazia isso. - Ele é sua família agora. Aceite.
- Acho que nunca vou aceitar, pai.
- Tá bom...
E ficamos calados.

Millena

Estava me arrumando para ir dormir na casa da Ana. Ela é e eu havíamos marcado para fazermos uma sessão cinema, quando recebo um telefonema dela:
- Alô? Mille? Mille, vou ter que marcar com você outro dia. Meu pai falou que eu vou dormir na casa dele hoje, e amanhã me leva para casa depois da escola. Nos vemos na escola, ok? Me perdoa Mille.
- Tá bom Ana. Boa sorte - desliguei e fiquei pensando em algo que fazer para a minha noite.
Não arrumei nada, então apenas fui cuidar de mim. Alise meus cabelos e fiz as unhas, eu queria estar preparada para a chegada do novo aluno no colégio que estavam comentando.

Ana Clara

- Pai, tenho mesmo que fazer isso? Eu tinha marcado com a Millena! - Fiz birra, mas ele apenas mandou eu ficar quieta e não falar besteira.
Entramos e tenho que admitir, a casa era bonita. Grande e bem confortável. Eu esperei ouvir vozes, que na verdade, desejava não ouvir. Porém, a vida não colaborou.
- Clarinha! - A loura falsa veio me abraçar e eu correspondi.
- Oi Marcele. - Apenas forcei um sorriso.
- Está tão linda! - Me olhou de cima a baixo e deu uma risada , felizmente, verdadeira. - Da última vez que te vi, estava com sete anos!
- É, você está ótima também.
- Queria que pudesse ter ido no casamento. Fez falta - acariciou meu braço e me puxou para a escada. - LUCAS, DESCE AQUI! QUERO QUE CONHEÇA A CLARINHA.
"Ótimo, além da vergonha que acabei de passar por ser chamada pelo meu apelido, meu pai já devia ter mostrado alguma foto ruim minha para ele - e ele com certeza me zoaria."- Pensei.
Quando ele desceu, tive uma grande surpresa. Ele era lindo - tanto o filhote em seus braço quanto ele mesmo. Seus cabelos escuros estavam bagunçados, e seus olhos eram azuis. Ele estava sem camisa, apenas com um vans e uma calça jeans escura.
- Oi. - Sua voz era mara... Que isso Ana Clara? Está endoidando? Ele é seu irmão.
- O..Oi. - Gaguejei, maravilha!
- Deve ser a Clarinha. - Ele sorriu, e que sorriso...
- Ana Clara. Clarinha só para a família mesmo. - Sorri irônica e percebi que tinha feito merda.
- Filha, o cachorrinho é seu. É ela na verdade. - Disse meu pai.
- Sério? - A peguei do colo de Lucas e fui até meu pai o abraçando. - É linda. Obrigada. - A olhei, e era muito fofa.
- A Marcele escolheu. - A olhei e a abracei sinceramente.
- Eu amei, muito obrigada. Vai se chamar Lady.
- Pode deixar ela na área, vamos sair pra comer. - Assenti e Marcele mandou Lucas me levar até a área, para deixar Lady.
Enquanto a colocava no pequeno ambiente próprio e protegido para ela, vi que Lucas me encarava e o encarei também arqueando uma sobrancelha.
- O que foi? - Me levantei e fiquei de frente para ele. Eu era mais baixinha.
- É a princesinha metido do papai. Típico. Deve ser tal pai, tal filha. Dois idiotas babacas. - Ele não tinha dito isso.
- Pelo menos não sou burra para reptir de ano. - Sua expressão ficou séria.
- Pelo menos seu pai está vivo e você não é desleixo. - Me assustei. - É, pense antes de falar, princesinha.
- Me...Me des... - Fui cortada.
- Deixa pra próxima. - Ele saiu e fui logo atrás.
Maravilha. Agora teria que aguentar ele é com a maior cara de tacho do mundo.

5h Depois

Eu e Lucas não trocamos nenhuma palavra pra falar a verdade. Parecíamos invisíveis um para o outro. Meu pai e Marcele estranharam, mas deixaram de lado.
Tinha começado a chover, e eu iria ter que dormir no mesmo quarto que Lucas. Parecia que tínhamos que dividir a cama de casal, mas eu me recusei falando que tenho mania de chutar os outros enquanto durmo e que preferia dormir no chão - não que fosse mentira.
Do nada, apagou a luz e a única claridade que tínhamos era a lanterna do celular - maravilha, tinha descarregado. Eu fiquei com medo, admito. E para piorar, comecei a chorar baixinho. Estava com saudades da minha mãe, ela cantava para mim e me acalmava. Eu amava isso. Era bom... Mas ela não estava aqui. Ninguém - que falasse comigo - estava. Não ia acordar meu pai e Marcele, então tentei engolir o choro sem sucesso. Lady estava no mesmo quarto que nós dois, e ela estava tremendo. Estava na cama com Lucas.

Lucas

A Clari... Ana Clara estava chorando. Ela podia ter sido grossa, mas realmente, ela era uma criança. A olhei e ela parecia prestes a desmoronar. Tão frágil, me deu algo - que não sei o que foi - e me fez chegar nela e acorda-la.
- Ei, Ana... Acorda. - Ela acordou e me encarou. Estava choram mesmo.
- Oi?
- Quer dormir comigo?
- Sim. - A ajudei levantar e deitamos um do lado pro outro. Ela se virou de costas para mim e passei meu braço por sua cintura.
O que deu em mim?

Ana Clara

Estava surpresa com a atitude de Lucas. Seu braço estava em cima da minha cintura e uma sensação estranha passou pelo meu corpo. Era boa, apesar de tudo.
Ele respirava em meu pescoço, e senti que me puxava mais para si. O que ele estava fazendo? O que eu estava fazendo? Eu não sabia. Eu não podia fazer aquilo... Eu tinha que tomar jeito... Eu tinha que parar com aquilo, mas o problema é que eu não conseguia. Apenas me juntei mais ao seu corpo e assim, acabei pegando no sono enquanto ele parecia se entregar para mim e eu pra ele.





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⏰ Última atualização: Nov 23, 2016 ⏰

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