Hendall entrou nos túneis, com Tennzin logo atrás. Após correrem por 20 minutos, Ten e Hendall chegaram a uma grande sala, com alguns tesouros. Aquele lugar havia sido conectado aos esgotos por contrabandistas, com intenção de esconder lá o seu tesouro. Tennzin aproximou-se,pronto para roubar todo o ouro e os objetos de valor...
-O que estás a fazer?- Perguntou o Igualitário intrigado com a atenção de Ten em coisas tão fúteis para a urgência do momento.
-Estou a preparar-me para a minha vida lá fora. Não é nada fácil, nos dias que correm, quanto a ti não sei, mas a minha já viu melhores dias...
-Respondeu Ten, que rapidamente foi interrompido por uma voz:
-Esse ouro é nosso, escumalha Igualitária. Se lhe tocarem ficarão sem dedos!-Disse um Guerreiro Cinzento, saindo da sombra.
- Pelos vistos mais de quatro meninas foram enviadas para salvar o seu líder, tanto melhor, rapidamente irão juntar-se a eles!- Respondeu Hendall desembainhando a espada, seguro de si,mas foi atirado ao chão por outro bárbaro, que se encontrava escondido atrás dele, esperando o momento para efetuar um golpe sujo. Seguidamente, vários bárbaros saíram das sombras.
Ten encontrava-se numa má situação, estava sozinho contra sete Guerreiros Cinzentos.
Ao ver o seu companheiro no chão, Tennzin não teve outra escolha se não revelar as suas habilidades, mais cedo do que esperava. Durante todos aqueles anos, Ten treinara com assassinos e criminosos as suas técnicas de combate mas, acima de tudo, fora obrigado a sobreviver, algo que o tornou dezenas de vezes mais forte. Apenas aguardava um sinal... Uma gota de água escorreu do teto da caverna e, nesse preciso momento, Ten trespassou o Guerreiro com uma adaga antes que a gota de água tocasse no chão. Assim que o Guerreiro caiu morto no chão, Ten avançou e efetuou graciosamente dois cortes perfeitos. Agora apenas quatro se opunham ao ágil Ellianor. Tendo constatado a sua velocidade, resolveram atacar os quatro ao mesmo tempo. Ten saltou e pontapeou um dos bárbaros, depois, facilmente efetuou três cortes em diferentes direções com as suas adagas. Antes que se pudesse levantar, o último bárbaro foi degolado. Numa questão de segundos, apenas Tennzin se encontrava em pé, e uma grande poça vermelha e sete cadáveres estavam no chão. Hendall estava impressionado com a velocidade de Ten, ele nunca tinha pensado que o Ellianor fosse tão habilidoso na arte do assassinato. Mas, acima de tudo, interrogava-se há quanto tempo teria o seu companheiro e suposto prisioneiro escondido as adagas nas botas, e o que faria com elas caso não tivesse sido obrigado a revela-las prematuramente. Tennzin voltou a guardar as adagas, sem trocar um único olhar com o Igualitário. De seguida, aproveitou para apanhar uma espada de aço afiada e vestir uma leve armadura de couro, agora Ten estava bem equipado. Hendall decidiu confiar no Ellianor, já que este lhe tinha salvo a vida. Não voltando a tocar no assunto o resto do caminho, os dois saíram da caverna pouco tempo depois. Ao fim de algum tempo a caminhar em silêncio, Ten perguntou ao seu novo companheiro o porquê de se ter envolvido na guerra, e de se ter juntado aos Igualitários.
- Os Igualitários dominam a minha aldeia desde que eu nasci. Eu fui criado por Igualitários honrosos, que me passaram os seus ideais. Com o agravar da guerra, decidi juntar-me ao seu exército para defender a minha aldeia e aqueles que nela se encontram. Numa das muitas batalhas em qual participei, consegui destacar-me por matar um líder importante dos Guerreiros Cinzentos. Após a batalha, ganhei o título de capitão.- Respondeu Hendall, com uma expressão de desagrado ao lembrar tais acontecimentos, à partida gloriosos.
- Não me pareces orgulhoso desse feito.- Respondeu Ten.
- O homem que eu retalhei matou o meu tio nessa mesma batalha. Foi ele quem me criou, quem me ensinou a falar, a andar e a lutar. Ganhei o meu título após vingar a sua morte. De que valem os títulos e as glórias quando as pessoas que amamos não estão lá para ver os nossos feitos?- Respondeu Hendall com uma lágrima nos olhos. Tennzin identificou-se com esta história. Tocou no ombro do novo amigo e respondeu:
- Sei bem do que falas. Se ao menos a morte dos meus entes queridos se devesse a um homem apenas, a minha vingança estaria há muito concluída. Nunca conseguirei encontrar todos os culpados pela destruição de Eden Vale, mas devo honrar a minha família ao eliminar a presença do máximo de orcs possível nesta terra. E dragões...- Terminou Ten, murmurando a última parte da conversa para si próprio.
Hendall constatou que o seu companheiro passara por muita dor e, apesar de jovem, havia vivenciado mais chacina do que ele.Os dois caminharam durante quatro horas. Mas, o tempo foi bem gasto.
Estavam agora às portas de uma cidade,estas eram humildes, feitas de madeira de abeto e pedra arredondada, que fechavam uma pequena muralha feita de madeira de pinheiro.
As portas abriram, os dois companheiros observavam agora a aldeia de Woodvile, uma bela vila construída à base de madeira de pinheiro e pedra arredondada, junto a um pequeno rio, que dividia a aldeia em duas partes. As pontes eram as mais ornamentadas, todos os habitantes da vila se orgulhavam da sua decoração, apesar de não serem muito ricos, eram felizes. Parecia realmente um lugar acolhedor.
-Esta é a minha casa, Ellianor, não é uma vila muito grande, mas decerto vais apreciar a sua beleza. Bem vindo a Woodvile.
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Sharyna, a Esfera Prateada
RandomLê o livro se quiseres saber a história, sai já da descrição!