Os dois companheiros saíram da masmorra a correr. Saíram pelo lado oposto ao que tinham utilizado para entrar e estavam a ser perseguidos. Apesar do desagrado de Tennzin, não tiveram outra opção a não ser dirigir-se para sul. Rapidamente, saltaram fora da primeira abertura que viram na parede da masmorra, escorregando depois pela montanha abaixo, caindo na encosta, perto de uma grande floresta, que rodeava o lado sul da masmorra.
Tinham ficado ligeiramente magoados após a queda, mas tinham que se levantar! Da mesma abertura começaram a sair dezenas de orcs, grunhindo e corroendo na direção deles.
No meio das árvores, enquanto corriam , um orc saltou para cima de Farendal, rapidamente Ten decapitou o ser maligno. Havia mais criaturas por perto. Mais de 40 orcs desciam a montanha na direção dos dois companheiros. Farendal estava a tentar encontrar uma estratégia. Já Ten, sem pensar duas vezes , correu em direção aos orcs para os eliminar.
Caso Tennzin morresse, Farendal sabia que teria muito poucas probabilidades de sobreviver ao confronto sozinho. Assim, chegou à conclusão que não tinha outra opção se não lutar também. Ten entrou de rompante no grupo, retalhando os dois primeiros orcs.
Com a sua espada encantada numa mão e a sua adaga na outra, Tennzin começou a rodar os seus punhos velozmente. Os cortes eram tão rápidos que os orcs não os conseguiam seguir. Mesmo assim, Ten estava completamente rodeado. Após uma luta renhida entre ele e o grupo de orcs que o rodeava e ía diminuindo à medida que a batalha avançava, Farendal entrou também na batalha. Colocaram-se costas com costas novamente e, um a um, mataram todos os orcs que se atreviam a avançar. Os dois amigos saíram vencedores, apenas corpos de orcs sem vida restavam no chão. Mas ambos sabiam que a luta não iria acabar ali.
Ten decidiu subir a uma colina para ter uma visão estratégica, mas a visão que ele obteve não era boa de todo. Pelo menos 300 orcs procuravam a Esfera e os dois companheiros.
-Não há como ir para Norte, eu sei que é para lá que nos dirigíamos, mas os orcs estão a bloquear o caminho. Há uma casa de elfos aqui perto.- Sugeriu Farendal.
-Não tenciono visitar IdërFall com um objeto como este...- Respondeu Ten, que não tinha qualquer desejo de levar a Esfera Prateada para uma cidade de elfos.
-É a única forma de sairmos vivos daqui,Tennzin!- Respondeu Farendal irritadamente.
Apesar de não querer, Ten foi obrigado a dar razão a Farendal.Os dois caminharam por algumas horas, até que a noite começou a cair. Ten não queria parar para descansar com tantos orcs por perto, mas sabia tão bem como Farendal que era impossível chegar a IdërFall sem parar para dormir. Mal o sol começou a nascer, os dois saíram do pequeno buraco que tinham encontrado, e que ia dar a uma gruta sem saída onde tinham montado o seu pequeno acampamento. Prontos para partir, os amigos pegaram nos poucos mantimentos que tinham e continuaram a caminhar.
- Devíamos ter ficado para matar aqueles orcs hediondos.- Reclamou Tennzin, arrependido por ter seguido aquele caminho, que os afastava cada vez mais do seu destino final.
- Tu sabes que nos não podíamos com aquelas centenas de orcs. É demasiado até para nós. Acabaríamos os dois mortos. Além disso, contornar as montanhas a pé e, a seguir, caminhar para Therefould seria extremamente difícil e demorar-nos-ía semanas de viagem. Não tínhamos mantimentos suficientes para nos darmos ao luxo de arriscar.- Respondeu Farendal.
Ten sabia que poderiam roubar os mantimentos que precisassem durante a viagem. No entanto, reconhecia que, agora, nada podia fazer nada para alterar a sua decisão anterior, já estava habituado a enfrentar adversidades , adaptando-se a elas, e não a reclamar. A caminhada para a cidade dos elfos custara também aos companheiros, muito tempo de viagem. Chegaram ao seu destino 6 dias depois de terem deixado a masmorra, quase não tinham parado para descansar.
Mas, podiam agora, ao fundo do vale no qual estavam a caminhar, vislumbrar as cataratas que corriam do cimo das montanhas e as construções de pedra élfica erguidas sobre o rio. Apesar do aspeto calmo e pacifico do local, Tennzin não sabia bem o que esperar dali, já que trazia com ele um objeto de grande valor. Independentemente de tudo, agora já era tarde demais para mudar de caminho.
Os dois amigos estavam à porta de IdërFall, a última casa de Elfos independentes em Sharyna. Nesta pequena cidade, entre montanhas verdes e árvores viçosas, habitavam menos de 2.000 elfos.
Aquela casa havia permanecido em segredo por centenas de anos.
Ao deparar-se com o guarda da ponte, Farendal recitou uma frase em élfico para que o guarda os deixasse entrar.
Os guardas moveram-se, deixando uma abertura para Ten e Farendal, permitindo-lhes que atravessassem a ponte.
Ten não compreendera a frase que Farendal havia recitado. Mas, apesar de não falar fluentemente, conhecia a linguagem dos elfos e podia também comunicar com eles, se necessário.Ao entrar, Ten vislumbrou a cidade esplendorosa, com várias cascatas a correr ao longo das montanhas, e várias casas de pedra dourada construídas segundo a arquitetura élfica, que se aguentavam sobre as montanhas que rodeavam o Rio Idër.
Tennzin nunca tinha observado tal lugar, as àguas eram cristalinas e puras, refletia-se nelas o céu e o Sol dourado. O ar que Ten respirava era o mais puro que alguma vez havia encontrado. A erva era verde, contrastava com as casas brancas e polidas que nela assentavam. As folhas douradas das árvores balançavam com a leve brisa húmida e refrescante proveniente da cascata.
- O que um homem não daria para ver aquilo...- pensava Tennzin, que se encontrava maravilhado. Mas, a sua observação foi interrompida por outro elfo que se colocara à sua frente. Era Arrïbatar, o Senhor de IdërFall.
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Sharyna, a Esfera Prateada
RandomLê o livro se quiseres saber a história, sai já da descrição!