Me diga, como eu começo a escrever sobre algo que acontece todos os dias comigo, ou melhor, quase todos os dias.
Todo mundo sonha, deitamos nossos corpos em uma cama, esperando que o sono nos deixe submersos e confiantes de que acordaremos em algum momento.
Não sei o que dizer sobre mim, talvez essa seja minha pequena biografia ou eu deva começar dizendo que minha vida é sem sal?
Me chamo Maria e tenho 19 anos, à três anos trabalho em uma empresa de carros usados, nada muito grande e nada muito do que eu gostaria, mas é o que tem me mantido. Moro em um apartamento que aluguei por impulso que eu chamo de lar e que come quase todo meu salário, mas eu queria ser independente, então me forcei a sair da casa dos meus pais; não há muita coisa dentro dele, só o necessário e meu cachorro Timba e, ah tenho uma bicicleta, que me leva para todos os lugares que eu desejo ir, menos fora do país, porque seria impossível para mim, que mal consigo ir da minha casa até o trabalho. Mas tá, ninguém se interessa pela vida de uma jovem que não é famosa, não tem nenhum talento e que não tem dinheiro.
As coisas começam a ficar interessantes (ou não) quando eu sonho.
Todos os dias eu acordo as 7 da manhã.
Pego meu celular, olho minhas redes sociais, mesmo sabendo que todos os dias as mesmas coisas estarão ali, mas é automático.
Levanto e logo vou tomar um banho, tomar banho de manhã é como lavar a alma depois de estar inconsciente - dormindo - e não saber o que acontece a sua volta, você não sabe quantos insetos passaram pelo seu corpo ou se há a possibilidade de você ser sonambulo e gostar de fazer coisas nojentas enquanto dorme.
Depois eu tomo café, não café, eu como algo, porque odeio café. Fico em pé, tentando me equilibrar enquanto como e empurro com o pé o pote de comida do meu cachorro até ele. Ele nunca come de manhã, mas algo me força a tentar.
Me arrumo e quando começo a pentear o cabelo noto que já estou atrasada e corro para o trabalho, ou seja, bicicleta, vento, não pentear o cabelo, igual a chegar no trabalho parecendo uma louca - Que eu talvez seja -.
Minhas motivações no dia a dia são escassas e passo a maior parte do tempo convencendo pessoas - que sabem que não tem dinheiro para comprar um carro - a comprarem um carro ou sentada em uma cadeira desconfortável olhando para o relógio azul em formato de carro, as vezes tentando calcular quanto tempo falta para me aposentar - cheguei a conclusão que irei trabalhar muito - .
CAPITULO 1
Cheguei do trabalho as 21 horas em ponto e enquanto caminhava até meu quarto, tirava toda a minha roupa, deitei na cama, olhei para o teto com alguns pensamentos vagos e decidi tomar um banho. No banho recebi uma mensagem do meu pai.
Pai: Está tudo bem ai? Aguardo resposta.
Sai do banho e fui comer alguma coisa, notei então que fazia um tempinho que tinha ido no mercado, então tive que improvisar. Depois me arrumei para deitar e fui para cama. Respondi meu pai. Uma amiga e deixei o celular de lado. Adormeci rapidamente.
Estava na cidade, não lembro com que roupa mas nos meus sonhos eu nunca estou usando uma roupa que eu tenho na vida real. Pelo que entendi estava procurando um emprego, mas fui em apenas um lugar. Eu estava parada, em frente a um semáforo e fui surpreendida por um cachorro, pesquisei sobre raças(quando acordei) e era um West highland white terrier. Ele queria chamar minha atenção e conseguiu, vi que tinha uma guia quando o peguei no colo, perguntei para algumas pessoas ali perto se sabia de quem era, todos disseram não. Atravessei a rua e dei de cara com um Pet Shop, entrei e expliquei que estava procurando um emprego, me mandaram ir para os fundos e foi onde encontrei o dono da loja, um homem adulto, não muito velho, com um óculos que possuía um imã na frente, onde o dava disponibilidade para abrir e fecha-lo em seu rosto. Falei que tinha achado esse cachorro na rua e que eu precisava de um emprego, alias, eu implorei um emprego. Fiquei a tarde toda lá e pedi para que eles tosassem o pobre cachorrinho que depois de estar sem pelo, parecia um gato - na verdade tinha se transformado magicamente em um gato (essa parte é até entendível, porque eu estava almejando ter um gato). Estava certa de que o levaria para casa, já era meu, ninguém veio buscar. Quando fui sair do Pet Shop uma menina estava no balcão o segurando e afirmando que o cachorro-gato era dela. Ok. Consegui esconder meu desapontamento e deixei que o levasse. Vendo minha tristeza o dono do Pet Shop disse onde a menina morava e me incentivou a pega-lo de volta. Então fui a pé procurar a casa dela, mas fora do Pet Shop notei que ele tinha mudado de lugar, fui voltando - eu sabia o caminho mesmo não fazendo sentido nenhum - tive que sair de várias ruas que se interligavam e depois de subir um morro enorme cheguei a geral e acordei.
Ok. Esse sonho foi estranho. Acordei no meio da noite, peguei rápido meu celular e vi que eram 5:00 horas da manhã, voltei a dormir. Durante o dia ficava pensando e analisando os sonhos que eu tinha, tentando achar algum porquê para ter sonhado aquilo, se eu estava com algum problema psicológico ou a mesma loucura de sempre. Entendi que meu desejo de ter muito um gato, deveria ser ouvida, então decidi ir no meu horário de almoço em algum Pet Shop adotar um gato, que fique bem claro e em negrito que eu iria a-d-o-t-a-r, porque eu sempre fui contra comprar algum animalzinho, tira toda a magia de estar fazendo algo bom.
12:15
Sai do meu trabalho, comprei um cachorro-quente na esquina e fui tentar achar algum Pet Shop. Caminhei por umas duas quadras e entrei em um Pet Shop.
Uma mulher se aproximou e perguntou se poderia ajudar, caminhamos até uma sala onde eles colocavam os filhotes, mas não haviam gatos lá.
A moça disse: Talvez semana que vem.
Sai de lá e voltei para o trabalho, onde fiquei até as 20:50 - mais cedo que o normal - .
Me deitei e assisti um episódio de The Walking Dead, o que mexeu muito comigo.
01:10
Adormeci.
Eu não lembro onde esse começou, mas lembro que estava em uma rua bem movimentada vendo o céu; estava cor de rosa, havia mais alguém comigo nessa hora, mas não lembro quem. Eu estava parada, e um cara do outro lado da rua quis arrumar confusão, ele estava exigindo algumas coisas (vocês têm que me perdoar mas essa parte do sonho está bem vaga) mas não lembro que coisas. De repente minha mãe aparece do meu lado e um outro cara. Naquele momento o céu estava claro, não lembro o clima mas vamos dizer que tinha vento, o que me deixava incomodada. Esse cara me puxou e disse para sairmos dali, então começamos a andar do lado oposto daquele bairro. Enquanto andávamos para outra direção, como em um piscar de olhos ficou noite. A rua era deserta e muito escura, só com a iluminação da lua que refletia no asfalto molhado. Perguntei a ele onde estávamos indo e, aí ele se tocou de que deveria perguntar em que direção eu preferia ir.
Ele disse: estamos indo para um outro bairro, totalmente diferente daquele.
Quando ele terminou de falar eu pude enxergar civilização bem longe.
Eu disse: mas o que tem de diferente?
Ele: aqui é um bairro dos excluídos e lá onde estávamos, dos brancos.
Foi aí que entendi que a cidade era dividida em bairros por raças, não interracial. Pelas poucas palavras que trocamos entendi que esse bairro era bem perigoso. Fiquei com dois questionamentos enquanto andava sem hesitar.
Por que ele estava me levando para um bairro mais perigoso? E quando eu estava no bairro dos "brancos" porque houve confusão lá?
Eu estava cansada de andar, com muitas dúvidas e nesse instante ele parou, haviam duas casas, no começo do bairro. Ele ia invadir, para roubar o carro, que parecia bem grande e forte e foi aí que eu entendi, estávamos em um apocalipse zumbi (EU ADORO ISSO).
Quando ele levantou a proteção da garagem, na verdade era um outro carro e era bem mixuruca, ele desistiu de pegar.
Olhamos para o lado e estavam vindo alguns zumbis, mas eles eram diferentes do que estávamos acostumados.
Eu me encostei em uma van parada no meio fio que não estava lá quando chegamos ali.
Só ele tinha arma, então pedi a arma. Eu queria atirar, mesmo não sabendo como fazer isso. Detalhe, minha mãe estava com nós, só não tinha fala nenhuma.
Eu peguei a arma e era como se eu pudesse sentir o peso dela e sentir o material que ela era feita.
Botei a metade do meu corpo para fora e mirei, estava escuro mas eu conseguia vê-los.
Eu apontei e atirei, eu senti o coice e meu ouvido fez um chiado. Acertei na perna do cara, fui tentando matá-los, uma ou outra bala eu acertava.
Eles ficaram muito perto da gente e tivemos que tentar outra coisa.
Então tudo se transformou em um jogo de vídeo game, sabe quando você sentava com algum amigo para jogar Mortal Kombat e apertava os botões loucamente? Pois é, eu sentia que estava sentada com um controle nas mãos me auto controlando. Estava me sentindo o máximo, contribuindo para a segurança de nosso grupo de três. Enquanto eu estava sentindo uma alegria inexplicável, meu sonho acabou.