As quatro garotas, que por um acaso do destino, chamavam-se Ana, sentaram-se no mesmo sofá manchado daquele lugar, cada uma em um horário diferente.
A única testemunha da similaridade das 4, era Rose, que atrás do balcão do colégio Santa Clara observava cada uma das meninas.
Ana Livia fora ao colégio pela manhã, e vez ou outra olhava para as unhas perfeitamente simétricas e para a mãe. Em alguns momentos de distração de sua progenitora, Livia roía a unha do dedo mindinho da mão direita, o único dedo não simétrico, e depois colocava o indicador aos lábios, olhando para Rose, selando um acordo silencioso.
O que eu faço aqui, fica aqui.
Rose apenas concordava com um acenar e prendia a risada em sua garganta.
Ana Valentina entrara logo depois que Livia, que abrira a porta para a avó de Valentina.
Enquanto sua avó falava com a diretora, sobre a matrícula, Valentina aproximava-se lentamente de Rose, como um caçador que se aproxima da caça.
— Bom dia. — Cumprimentou Rose, enquanto Valentina se aproximava até encostar a barriga no balcão.
- Oi. Posso te contar uma história?
Rose não balançou a cabeça, nem mesmo demonstrou nenhum sinal de que queria ouvir uma história. Mas isso não impediu Valentina de escolher várias de sua longa lista de histórias, piadas e afins para contar à recepcionista.
Algumas vezes, Rose parava de digitar no seu computador e prestava atenção em Valentina.
A garota era de ouro.
Em um ponto, Rose já chorava de tanto rir, enquanto Ana contava sobre seus dramas, quando a avó da menina chegou e sem falar nada saiu, Valentina apenas a seguiu, séria, murmurando um singelo "Até logo" para Rose, sem saber se elas realmente se veriam de novo.
Ana Isabela fora pela tarde, depois do horário de almoço de Rose.
Essa Ana ficara o tempo todo quieta, apenas olhando para Rose com os olhos semi cerrados, descaradamente, enquanto enrolava seus fios, sentindo os cachos desmancharem em suas mãos.
Depois de alguns minutos, Isabela se dirigiu a Rose pela primeira vez.
— Você vai se aposentar em breve, é divorciada e tem 2 filhos. Tem 2 ou mais netos. Ou 1 muito bagunceiro. E seu filho provavelmente trabalha muito... Médico?
- Oi? - a mulher, assustada, respondeu, e olhou para Ana Isabela pela primeira vez.
— Tá certo? Você parece ter uns 60, então deve estar a aposentando, não sei. Não tem aliança, mas dá pra perceber que tem filhos. Então é divorciada, provavelmente. Seu cabelo está bagunçado, e seus olhos cansados. Não acho que seja por causa do trabalho, porque parece que você gosta do que faz. Provavelmente estava cuidando de algum neto. E seu filho pode ser médico porque, você sabe, fazendo um plantão...
— Uau. Acertou quase tudo. — Rose deu um sorriso impressionado.
— Brigada... Rose. — Ana Isabela repuxou em sua memória qual era o nome da secretaria, que entrava vez ou outra nas salas de aula, para dar alguns avisos.
— Que nada, flor.
E então a garota do cabelo cacheado voltou para uma das cadeiras na sala de espera, como se nada tivesse acontecido.
Ana Clara chegou ao anoitecer, com os braços cruzados, com raiva da visível madrasta e do pai.
- O-oi... Aconteceram uns problemas em casa, tem como fazer a re-matrícula ainda?
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Excluid@s
Teen FictionElas são normais, nós juramos! Comem, dormem e pensam. Pensam até demais, nós diríamos. São pessoas comuns, ou talvez nem tanto. Cada um com sua peculiaridade. São quatro adolescentes completamente diferentes, com apenas duas coisas em comum: Proble...