Capítulo 1 - Encontro

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  Ponto de vista: Grace 


— Vamos, Maia, vai me atrasar! — Essa cadela não me escuta, nunca vi mais teimosa, mas sei que no grito não vai obedecer e não existe a possibilidade de deixá-la só. Pois a última vez que fiz isso, comeu meus sapatos, quando digo comeu, é porque ingeriu mesmo. Passou três dias bem mal, dando um trabalho daqueles.

— Venha garota, vamos, você vai ver o Ruffus! — Quando ela escuta o nome dele, entra no carro e abana o rabo numa alegria que só, já vi muita gente apaixonada, mas um cachorro? Essa é novidade, já disse à ela para esquece-lo, pois ele é um cão comprometido, com filhos e tudo mais.

O caminho até a clínica é longo, dura em torno de trinta minutos. Minha casa fica na praia, na via costeira da cidade, uma paisagem de tirar o fôlego. O vizinho mais próximo fica a uns cinco quilômetros. Já pensei em ir para cidade, para mais perto da civilização. Mas, só de imaginar em ficar longe dessa paisagem, já desisto.

Quando decidi me mudar para cá, meu padrinho quase enlouqueceu, tentou porque tentou fazer com que eu mudasse de ideia. Disse que o mundo estava cheio de psicopatas atrás de mulheres indefesas. Que o vento daqui é forte demais e quando as tempestades chegam, fazem um grande estrago.

Sem contar a temporada dos furacões que é de Junho a Novembro.

Usou até chantagens, mas não cedi a nenhuma delas. No entanto, fui obrigada aceitar que instalasse um sistema de segurança dos mais sofisticados, posso dizer que minha casa parece um cofre forte, um furacão teria um grande trabalho para derruba-la.

E não sou a única que sofreria com isso, Maia também seria prejudicada, pois na cidade, ela não seria livre como aqui. Não perseguiria os guaxinins, tão pouco os cavalos selvagens. Ela não seria mais meu cãozinho furacão.

No banco do passageiro, usando cinto de segurança, minha labradora está com a cabeça fora da janela, sua língua e orelha flutuam com o vento e isso é sinal que tanto ela, quanto eu, estamos felizes, onde estamos.

****

— Bom dia, Dra. Holland, preparada para mais tarde? — diz Diana, minha assistente assim que entro na clínica. Arqueio as sobrancelhas, porque não sei o que tem mais tarde.— Grace, não acredito que esqueceu!

— O que esqueci?

— Aceitou ir comigo naquele encontro às escuras...o Ben e o amigo dele, lembra?

Droga, nem me lembrava, mais disso, na verdade achei que estivesse brincando quando falou do encontro.

— Diana, vai levar isso adiante? Você conheceu ele pela internet, vai que é um psicopata. — digo usando a fala do meu padrinho.

— Não, não, ele não é. — diz radiante — Já pesquisei a vida dele toda nas redes sociais, descobri que é policial, mora na mesma rua que os pais, tem um gato, nome limpo na praça e dirige um Sedan. Sei que não é meu carro preferido, mas da pro gasto! — fala tão rápido que me espanto com tanta informação.

— Uau!! — confesso, estou de boca aberta, Diana está cada dia mais desesperada pelo homem dos sonhos. Já alertei que não existe, e se existiu, então em extinção. Mas, quem disse que me ouve. Tão teimosa, quanto Maia. — Você é minha assistente ou trabalha para o FBI? Não sei Diana e, esse amigo? Vai que ele é o psicopata? – arrumo mais uma desculpa, porém diz que os dois trabalham juntos e pelas fotos na internet, pareceu ser um gato.

— Vamos, Grace, sinto que dessa vez ele é o cara certo! — reviro os olhos porque já escutei isso umas vinte vezes.

— Tenho outra alternativa? — digo contrariada —, Mas a Maia vai conosco, não tenho com quem deixá-la! — Faço essa objeção, não porque estou com medo, a  verdade é que a simples ideia de deixa-la sozinha me deixa apavorada, pois amo cada móvel que tenho em casa, e se quero preserva-los. É importante não deixa-la sozinha. Não, mesmo!

Escrito nas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora