- Vamos logo Aline! A gente vai perder o ônibus!
- Já tô descendo!
Meu irmão gritou enquanto eu descia as escadas. Acho que ainda não falei sobre ele. Bem, eu tenho um irmão mais velho, Felipe.
Ele tem 19, faz faculdade de engenharia química, e é meu professor. Você deve pensar "ah, não é tão mal".
Não, não é tão mal. É péssimo!
Acho que a matéria que mais vou bem é a dele, não só porque gosto, mas porque ele cobra bastante isso de mim. Lembro até hoje de um dia que estávamos na casa da nossa tia, e decidimos ir para um bar.
Na verdade, ele decidiu.
- Eu não vou entrar aí. - Eu disse cruzando os braços e virando a cara.
- É claro que você vai entrar! Meus amigos todos estão lá, e eles querem te conhecer, falei muito de você.
"Falei muito de você"
Meu corpo todo gelou quando ele disse isso. Meu irmão tem a mania irritante de ficar se gabando pela "Alinstein" que ele tem em casa (é assim que o Felipe fala que eu sou, mais inteligente que o Albert Einstein).
Vamos admitir que ele caprichou no apelido. Isso não devia me incomodar, já que era um coisa boa eu ser inteligente.
- Olha, eu falei pra eles que você sabe contar de um a cem em inglês.
- Eu não acredito nisso Felipe. Até o nosso peixe sabe contar de um a cem em inglês.
- Eu sei que todo mundo sabe contar de um a cem em inglês, mas eles não são lá muito, como eu digo... Como se fala inteligente?
- Smarts.
- É, eles não são muito smarts.
Ele fez uma cara de deboche, e eu comecei a rir. Esse era o lado bom do meu irmão, ele fazia todo mundo rir. Não importa a gravidade da situação, ele vai dar um jeito de te alegrar.
- Tá, eu vou.
- É isso aí Alinstein!
Eu dou um sorriso e nos dois entramos no bar. Já de cara vemos os amigos do Felipe sentados em uma mesa mais ao fundo.
- Fala Felipe! Quem é essa gatinha aí? - Odeio quando os amigos do meu irmão fazem isso, é constrangedor.
- É minha irmã mais nova seu idiota.
- Ah, a tal da menina "mais inteligente que o Albert Einstein" - falou um outro que estava sentado na ponta.
- Ela mesma! Agora Ali, conta aí de um a cem, eles querem ver.
Não sei se fiz cara de nojo ou de "depois a gente conversa", mas comecei a contar: one, two, three, four... Fifty, fifty one, fifty two... A hundred.
Eles pareciam estar tão impressionados por causa disso que cheguei a soltar uma risada. E o Felipe lá fazendo carinha de orgulho, se mostrando pras pessoas.
Mas essa foi só uma das coisas que ele disse que eu sabia fazer. Acho que seu irmão nunca espalhou pra todo mundo que você sabia a Tabela Periódica de cor e salteado, ou que sabe falar alemão fluentemente.Tá, o Felipe é um mentiroso, mas um mentiroso que eu amo muito.
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- Então vamos começar a aula.Bem, acho que não mencionei que ele também pega muito no meu pé por causa dos meninos, e isso me irrita mais que tudo!
O pior é que ninguém colabora!
Meu par na aula de química é o Lucas. Ele é um idiota em relação as garotas, mas é um gato e um gênio também, então não reclamo.
Vale ressaltar que meu irmão puxa muito o saco dele.
- Ei Lucas, a noite foi boa né? - falou o Arthur do outro lado da sala.
Eu não estava entendendo nada, só fiquei calada escutando.
- Foi sim, mas isso não te interessa.
- Nossa, só porque você aproveitou com Ali ficou bravinho? Ela fez alguma coisa da qual você não gostou? Fala pra gente.
Meu Deus! Minha ficha caiu!
Ele estava falando da festa!
Que ódio, o que eu vou fazer agora?
Tá, o pior não foi isso.Acho que alguém esqueceu que meu irmão ESTAVA NA SALA!
Dizem que quando a gente está prestes a morrer nossa vida passa diante dos nossos olhos.
Ainda bem que tenho plano funerário.
RIP Aline Vilela.
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Esse capítulo ficou bem grandinho considerando que fiz ele em vinte minutos. Ele foi dedicado mais pra falar do Felipe, o irmão da Ali.
Nesse capítulo também aparecem dois personagens que vão ser importantes mais para o meio da história: O Arthur e o Lucas, colegas de sala dela.
Não esqueçam que o irmão dela estava dando aula quando Lucas falou aquilo.Beijos, até o próximo capítulo!
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Isso dava um livro!
RandomPequenos contos de uma garota perfeita... Perfeitamente sem sorte, desastrada e um pouco meiga.