Decisão

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Acabo de passar por meu pai, a tempos que ele não me fazia esta pergunta. "O que irá fazer?". Pela primeira vez respondi o que eu realmente tinha vontade de dizer. "Irei pular do segundo andar". Levado por um bom senso me respondeu com um sorriso fraterno. "Suba no telhado, acho que terá mais chances de sucesso assim!". Com um sorriso fraco no rosto confirmei e, talvez, minhas últimas palavras a ele foram em tom de brincadeira. "Só diz isso, pois sabe que tenho medo de subir lá."

Agora estou aqui, sentada na beirada da janela olhando as gotas da chuva que caem lentamente ao chão. Docemente descem pelo céu e pousam cuidadosamente no chão, como se o ar acariciasse sua superfície e assim o impacto se torna menor. Um último toque que parece ser bom, um carinho, talvez, necessário. Algo que visto daqui, parece durar muito, cada gota cai isoladamente, mas depois se junta a várias outras. Às vezes a vida é assim, como a chuva, inicialmente estamos em um lugar cheio de outras pessoas, entretanto com o tempo ficamos sozinhos e isolados. Sem ninguém por perto. Sem carinho. Sem atenção. Sem a presença de afeição. A única escolha que parece ser boa é pular. Na queda das gotas elas conseguem ver outras semelhantes a ela. O Ar a envolve, protegendo, de certo modo, a impedindo de fazer isso, contudo ele a deixa ir, pois sabe que é sua vontade. No fim a gota isolada e sozinha encontra outras no chão, se tornam uma, não está mais sozinha. Está em paz.

Cada segundo que passa mais as gotas me chamam para fazer-lhes companhia. O pensamento de ir é bonito. O fim de sofrimento. O fim da solidão. A porta de um novo começo. Como se estivesse uma mão estendida para mim, uma solução de tudo. E eu estou prestes a segurá-la.

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