Minha "grande" vida

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Desde pequena eu já sabia que era diferente das outras crianças.
Enquanto eles tinhham brinquedos de última geração, eu tinha apenas minha imaginação,  enquanto eles comiam eu passava fome,  e enquanto eles tinham uma família eu tinha apenas um pai. Um pai que me estuprava.

Hoje eu tenho 16 anos e estou no ensino médio. Sou magra, baixa morena clara de cabelos castanhos compridos. E nesse exato momento estou no velório de uma pessoa que eu chamava da pai. Não sei se poderia dizer isso mas, eu agradeço a Deus por ter tirado a vida desse ser,  mas poderia agradecer mais se ele estivesse sofrido na hora da morte.

Esse homem me estuprou quando eu tinha 12 anos,  matou minha mãe e eu ainda estou no velório dele tendo que pagar de filinha amada.  Ao certo,  ninguém sabe que ele fez essas coisas.

O que eu ainda estou fazendo aqui?    
Me levantei da cadeira e sai daquele maldito lugar,  eu não sei para onde eu vou.  Não tenho com quem ficar,  a casa em que eu morava foi incendiada por ele hoje mesmo ao meio dia sendo que ele morreu as 16 horas.

Por sorte tenho meus 8 dólares.
Minha barriga está roncando.

Avisto uma lanchonete no outro lado da rua, assim que entro vejo apenas 2 clientes, estranho,  sempre que passo aqui em frente ela está lotada. 

- Já escolheu o seu pedido? - Olho para a voz que me chamou atenção. É uma garota,  de cabelos louros,  parece ser simpática.

- Ah...  Quanto é a torta?

- 3 Dólares - Sorriu.

- Ahm,  aqui - Falo entregando meus míseros 8 dólares para ela.

- Aqui está,  vai beber alguma coisa? 

- Acho que sim,  o que tem?

- Temos Suco de laranja,  coca-cola e Pepsi,  o suco tá 3 dólares a coca e a Pepsi 7.

- Pega um suco porfavor.

- Ok.

Meu Deus,  essa torta é dos Deuses, a quanto tempo eu não comia algo assim!?

- Aqui - Diz ela me entregando o copo de suco.

- Obrigada!  - Digo dando mais três dólares para ela,  me sobrou apenas dois,  amanhã vou ter que dar um jeito de arrumar mais dinheiro.

- Eaí,  como você chama?

- Maria Luiza,  mas,  pode me chamar de Malu.

- Meu nome é Jéssica mas pode me chamar de amiga porque eu gostei de você - Ela diz me estendendo a mão em forma de cumprimento.

- Também gostei de você.  - Digo a cumprimentando em forma de brincadeira.

- Tá livre hoje a noite?

- Uhum - Murmuro mordendo mais um pedaço da torta.

- Ótimo,  vamos a uma boate.

- Sério?

- Seríssimo.

- Então vamos!  Que horas? 

- Umas oit... - alguém a interrompeu.

- Umas 10 Horas,  viu dona Jéssica!  - Diz um garoto que brotou do lado dela.

- Tá bom Mike,  as 10 horas viu Malu - Diz dando risada. - Bom,  esse é meu amigo Mike, Mike essa é a Malu,  agora se apresente porque eu tenho que atender um cliente super gato. - diz Jéssica fazendo uma dancinha e saindo em seguida.

- Assim gata,  eu sei que sou lindo,  Maravilhoso,  mas gosto de outra fruta...  Pepinos,  se é que me entende.

Quase tenho um infarto de tanto rir,  ainda bem que todos os clientes já tinham saido. 

- Eita gente,  o que aconteceu,  miga!  Calma você vai ter um piripaque - Diz Jéssica voltando.

- Ah,  Okay,  já parei - Falo contendo os risos. - Então nós vamos na boate as 10 horas.

- Sim,  passa o endereço da sua casa que a gente te busca. - Mike disse pegando um papel e caneta pronto para anotar.

- Ah... Eu ... Eu venho aqui,  quer dizer,  eu espero vocês aqui na frente.

- Tudo bem - Diz Jéssica

- Bom,  agora eu tenho que ir,  nos vemos de noite. - Falo descendo da cadeira.

- Até mais - Diz Mike,  enquanto Jéssica apenas abana a mão.

Saio da lanchonete.

Onde vou arrumar roupa para ir na boate? ... Acho que tenho algumas roupas na minha mochila.

Ando algumas quandras e me sento num banco,  abro minha mochila e procuro alguma roupa,  tem bastante roupa aqui, mas nenhuma para ir a uma boate.  Bom,  tem uma legging e uma blusinha,  nenhuma maquiagem,  mas tem um all star.

Onde eu vou me arrumar? Já sei,  quer dizer,  acho.

Volto a lanchonete em que eu estava.

- Oi,  ah,  você denovo? - Diz mike com uma cara engraçada.

- sim,  sou eu - Falo apoiando os braços no joelho,  cansada de correr até aqui,  ajeito minha postura - A Jéssica ainda tá aqui?

- Tô sim gata,  pode falar - Diz Jéssica me puxando para um canto.

- Pode falar Malu,  vishi,  tá com cara de preocupada.

- Eu fui em casa agora e...  E...  Eu perdi a chave..

- Tá parecendo eu,  tá pode falar.

- Eu queria saber se...  Eu não podia me arrumar com você,  não tem onde eu tomar banho,  eu não tenho nenhum parente dessa cidade,  nem amigos por perto.

- Por mim tudo bem.

- Eu não vou encomodar?

- Para de ser boba!  Claro que não!  Eu adorei você!

- Obrigada!  -  Falo dando um, sorriso.

- Só tem um probleminha... Você vai ter que ficar aqui até as 6 Horas,  ai eu vou pra casa.

- Tudo bem,  eu vou te ajudar aqui.

- Ai,  Jura? 

- Aham - Falo, deixando minha mochila no chão e entrando na cozinha da lanchonete para lavar a louça.




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⏰ Última atualização: Dec 08, 2016 ⏰

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