Capítulo 73

1.5K 92 1
                                    

Chegamos no hospital, deixamos nossas mochilas no carro do Gustavo e entramos. Olho no visor do meu celular que marcava 14:10. Entramos na sala de espera e Arthur estava sentado no sofá. Cumprimentamo-o e eu me sentei ao seu lado.

- Cadê a Helena ? - perguntei.

- Ela já entrou. Cadê o Vitinho ? - perguntou.

- Não sei. - liguei o meu celular para checar se ele não tinha me ligado ou algo do tipo. - Porque não entrou com ela ?

- Porque eu quero entrar com você. - olhou para mim.

Sorrio e encosto minha cabeça no seu ombro. Depois de alguns minutos Victor entra na sala de espera, me levanto e vou abraçá-lo.

- Desculpa a demora pequena. - afagou meu cabelo.

- Relaxa meu amor. - fiquei na ponta do pé e selei seus lábios.

Voltei a me sentar ao lado de Arthur e ele foi cumprimentar a Fernanda, o Gustavo, o Ryan e o Arthur. Ficamos conversando por alguns minutos até a mãe da Gabi sair chorando a toda velocidade. Olhei para Arthur que logo olhou para mim. Me levantei e fui atrás dela.

- Tia. - gritei.

Quando alcancei-a, lhe dei um abraço apertado. Deve ser horrível estar passando pelo o que ela está passando, não sou mãe nem nada, mas tenho uma noção.

- Vai dar tudo certo. - digo.

- Ela está entubada Nicole, cheia de aparelhos, seus batimentos cardíacos só abaixam. - ela volta a chorar e eu abraço-a novamente. - Desculpa - ela enxuga suas lágrimas.

- Não precisa pedir desculpas tia, eu tenho noção de que isso deve estar sendo horrível pra você. - olho em seus olhos. - Tem que chorar mesmo. - solto um risinho.

Ela sorriu e entramos no hospital. Gustavo e Ryan não estavam mais na sala de espera, suponho que eles tenham entrado agora. Helena se sentou e eu sentei ao seu lado.

- Tia, se acalma, daqui a pouco a Gabi vai estar aqui, gritando com a gente. - diz Fernanda tentando reanimá-la.

Victor vem em minha direção e fica de pé na minha frente. Olho para ele e encosto minha cabeça no seu abdômen, ele se aproxima, envolve seu braço envolta do meu pescoço e começa a fazer carinho no meu braço. Longos minutos silenciosos se passaram, Gustavo e Ryan saíram, Ryan sentou do meu lado e Gustavo do lado de Arthur.

- Vamos ? - Victor perguntou para a Fernanda.

- Vamos. - ela se levantou, Victor deu um beijo no topo da minha cabeça e foi junto com ela.

- Será que isso vai ajudá-la mesmo ? - perguntou Ryan.

- Não faço a mínima ideia, espero que sim.

Comecei a balançar a perna, eu tenho essa certa mania, agora eu não sei se eu estou ansiosa ou se é medo. Minutos se passaram e a Fernanda saiu sozinha.

- Cadê o Victor ? - perguntei.

- Ele ficou lá. - respondeu e se sentou ao lado do Gustavo.

- Vamos ? - me levantei e fiquei de pé na frente do Arthur.

- Vamos. - se levantou.

Fomos em direção ao corredor que dava para a UTI. De longe já dava para ver Gabi deitada em uma maca, Victor estava sentado ao lado dela. Chegamos na porta e foi aí que percebi que o estado da minha amiga era verdadeiramente crítico. Minhas pernas começaram a ficar bambas, uma coisa que eu realmente não gosto é de ver pessoas em estado crítico ou com doenças cerebrais, se eu pudesse ajudar, é claro que eu ajudava, nada contra, mas eu não me sinto bem vendo, porque eu me coloco no lugar da pessoa e tudo que ela pode estar sofrendo passa pela minha cabeça.

Victor percebe nossa presença, se levanta da cadeira deixando Arthur sentar e eu me sento na cadeira que ficava do outro lado e a primeira coisa que faço é segurar a mão da minha amiga; ele se encostou no batente da porta e ficou lá.

- Oi meu amor. - diz Arthur tirando uma mecha de cabelo que estava na frente do rosto da Gabi.

- Quando o médico falou que você estava em coma, eu senti um medo enorme, você não faz ideia. - algumas lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. - Porque querendo ou não, desde todos esses anos, quando você estava triste, você só sabia que dizer que queria morrer, e eu sempre dizia para você parar de falar essas coisas e que tudo ia dar certo. - solto um risinho em meio às lágrimas. - Você não pode nos deixar, não pode, o que seria de mim sem você amiga ? Quem me daria bronca quando eu fizesse merda ? Hein ? Então... - pausei e tentei segurar o choro mas estava impossível. - Desculpa, eu não consigo. - me levantei rapidamente com a mão no rosto, Victor me acolheu com um abraço e eu comecei a chorar em seu peito. Arthur me olhou e eu o encorajei a dizer tudo que quisesse dizer.

|| ARTHUR NARRANDO

- Me desculpa. - peguei em sua mão e comecei a acaricia-la. - Você despertou as coisas mais bonitas que existiam em mim, que eu nem sabia que tinha. Você colocou brilho em meus olhos e paz no meu coração. Você é a única pessoa que sabe decifrar meu olhar. E só você consegue fazer isso. Tudo isso. Só você consegue me deixar sem palavras só de apenas olhar para esse seu rostinho lindo. Só você consegue me deixar horas acordado pensando no quanto eu queria estar de beijando. É você que sempre está ao meu lado. E é você quem eu quero que sempre esteja ao meu lado. É você quem eu quero pra vida toda... É tudo você. É só você nenê. Não é mais ninguém. Me desculpa por ser um completo babaca com você, me desculpa por não ter dado valor enquanto eu tinha, me desculpa, do fundo do meu coração. Eu nunca quis brigar com você, nem nada do tipo, porque eu te amo, porque você é a pessoa com que eu quero passar os meus próximos anos. Por favor, não me deixe, não nos deixe. Se você não quiser me desculpar, beleza, eu vou entender, mas existe muita gente aqui que te ama, então, por favor, não nos deixe.

Em um milésimo de segundo seus olhos se abrem.

|| NICOLE NARRANDO

Observava tudo que acontecia, e ao Arthur terminar o que tinha para dizer, Gabi acorda.

- Gabi ? - digo, saio dos braços de Victor e vou em sua direção.

O Menino De RolêOnde histórias criam vida. Descubra agora