" A solidão é um ótimo lugar para se visitar, mas não é nada bom pra se lá ficar."
(Josh Billins)A casa velha e sem vida, carregava as marcas violentas do tempo, a pintura que a décadas não se via, a porta gigante com um batedor antigo no lugar da campainha, deixava seu tom sombrio na entrada da casa, abrimos a porta enorme de madeira ela emitiu um som tenebroso, em meio aquele silêncio, o piso de madeira liberava seu som lastimoso, a cada passo que dávamos, poeira e teias de aranha por todo canto, acendemos as luzes que estavam bem fraquinhas, o papel de parede era horrível, os móveis cobertos com lençóis brancos, passamos pela sala e avistamos a escada que dava acesso ao andar superior, a escada rilhava rabugenta enquanto subíamos, no alto da escada de madeira havia uma pintura antiga dos meus avós, em preto e branco, eles tinham um sorriso forçado, meio de lado, chegamos aos quartos, todos também com os móveis cobertos por lençóis brancos, nós duas estávamos boquiabertas, o clima daquela casa era pesado e sinistro, o cheiro de mofo tomava conta de todo o lugar, a sensação de não estarmos sozinhas também era perturbadora, entrei no primeiro quarto e olhei pela janela havia um balanço pendurado em uma árvore velha que sacodia sozinho com o vento, Elise foi logo tirando os lençóis dos móveis rústicos, o pó se fazia muito presente naquele ambiente, passamos para o segundo que era o quarto de vovó, Elise continuou retirando os lençóis, os móveis daquele local estavam intactos em seu perfeito branco neve, parecia nem ter sido usado desde a reforma, caminhamos até o terceiro e último quarto da casa era o único que estava trancado e nenhuma chave do nosso molho abria aquela porta. Elise foi limpando os outros dois quartos para passarmos a noite, e iria começar uma reforma no dia seguinte. Aquela noite teríamos de passar com a casa naquele estado mesmo, a casa era escura e as luzes bem fracas, e as vezes piscavam, naquela noite havíamos preparado um chocolate quente pois só havíamos comprado besteiras, a geladeira também bastante velha havia demorado a ligar, seu motor fazia um barulho estrondoso, estávamos exaustas da viagem, eu fiquei no quarto que era de meus avós, Naquela noite sentada na janela, vendo a neve cair precipitada, senti uma paz interior tão grande, fechei os olhos e fiquei ali sentindo os flocos tocarem minha pele e aquele ar gélido invadir meus pulmões, eu já havia melhorado um pouco, já conseguia me locomover sem auxílio da cadeira de rodas, desde a hora que chegamos, com aquele clima eu ficaria ótima bem rápido, ah! Como o frio era aconchegante para mim, me trazia o conforto que desde que meus pais se foram eu não sentia, um chocolate quente, Harlan Coben e um cobertor me faziam companhia, era minha estação preferida, o inverno.
Um barulho forte vindo do corredor chamou minha atenção despertando-me de meus devaneios, fiquei parada por um minuto agucei os ouvidos, tentando escutar novamente, franzi o cenho tentando ficar imóvel, e o barulho se fez outra vez, era como se algo tivesse caído sobre o chão de madeira velha, Elise veio até meu quarto e perguntou se estava tudo bem, eu respondi que sim, então fomos as duas procurar o motivo daquele estardalhaço.
"Essa casa velha deve fazer muitos barulhos sinistros". Ela disse.
Estávamos na porta do quarto olhando para todos os lados do corredor quando o barulho retornou dessa vez mais alto, parecia que havia algo dentro da parede, o barulho vinha de dentro das paredes, não nos importamos muito deviam ser apenas ratos, afinal a casa era velha e tudo ali fazia barulho. Retornamos para dentro, conversamos um pouco e Elise acabou adormecendo em meu quarto. No dia seguinte Elise acordou cedo, e foi até o centro procurar um maçom para concertar aquela casa, pois percebemos que seria impossível sozinhas, ela contratou um senhor já de idade, não era o ideal para trabalhos tão pesados, mas ele insistira tanto que ela lhe deu uma chance, era Davis Hope, ele residia em Calgary mas estava sempre por ali, ele começou com a reforma no dia seguinte e deu a previsão de termino para as reformas internas de no máximo um mês, para as externas teríamos que aguardar o tempo melhorar para começar, nós partimos para um pequeno e antigo hotel, o único da cidade, íamos todos os dias levar lanches para o sr. Davis, e acompanhar o andamento das obras, no sétimo dia de reforma, pegamos uma garrafa de chocolate quente, pães e biscoitos para levar a fazenda, chegamos e demos dois toques na porta para avisar que chegamos, mas o Sr. Davis não respondeu, ele sempre indicava onde estava, Elise chamou por ele, e nenhuma resposta, resolvi procurar pela casa, encontrei-o na cozinha caído ao lado da pia, com um corte profundo no pescoço, saí correndo a procura de Elise, ela veio e ficou em choque quando viu Sr. Davis com a cabeça pendurada apenas por um pedaço de pele, deitado em sua própria poça de sangue, ela me pegou pelos braços e seguimos até a modesta delegacia da cidade, em total desespero ela contou o que havia acontecido, meus olhos se encheram de lágrimas pois eu tinha pego um certo apresso por ele, no dia seguinte seguimos para o enterro do Sr. Davis, me vi outra vez naquela situação, naquele clima fúnebre, vestida de preto mais uma vez em tão pouco tempo, sua esposa estava inconsolável, eu conseguia entende-la perfeitamente, seu olhar antes perdido no nada, se fixou em nós, ela veio furiosa até nós e esbofeteou a face de Elise, que não entendeu nada.
Ela disse " A culpa é sua, eu disse pra ele não ir a aquela maldita casa, mas ele foi por sua culpa, disse que você era boa e merecia ajuda, e agora ele está dentro de um caixão eu nunca vou perdoa-la".
A mulher saiu bufando e nós duas saímos dali o mais rápido possível, estávamos atordoadas com aquilo tudo, chegamos no hotel e fomos direto para a cama. Elise chorava sem parar, ela realmente acreditava que a culpa era dela, meu pensamento estava em uma das frases que saiu da boca da mulher, " aquela maldita casa..." não entendia por que ela não o queria na fazenda, aquilo permaneceu martelando em minha mente o resto do dia. No dia seguinte a casa estava tomada de policiais e um perito, eles recolhiam provas, do suposto assassinato do Sr. Davis, tomaram nosso depoimento durante toda a tarde, não encontraram indícios de nenhum outro ser humano no local, mas sabiam que o corte no pescoço havia sido feito por um facão.
Dias depois recebemos permissão da polícia para retomar nossas obras, eles não conseguiram encontrar o assassino então deixaram o caso sem conclusão, saímos em busca de outra pessoal que pudesse completar a reforma, mas ninguém aceitou ir até a casa depois da morte de sr. Davis, então Elise resolveu contratar os serviços de uma empreiteira que rapidamente terminaria os serviços.
Alguns dias depois de tantas reformas, eu já tinha a saúde renovada, e nós voltamos para a casa que estava incrível. Móveis novos e planejados nos dois quartos, todos na cor branca, a cozinha também ja estava nova em folha a copa ganhou uma nova decoração e o banheiro recebeu azulejos brancos e pretos maravilhosos, não reformamos a saleta gostamos de como ela estava, apenas trocamos o sofá por uma camurça bege. E um tapete de pelúcia da mesma cor." Lar doce lar." Eu suspirei.
Telefonamos para um chaveiro para abrir o último quarto do corredor, ligeiramente ele nos entregou uma chave, estávamos intrigadas por aquela ser a única porta trancada.
"Abra-te sésamo. "- Eu disse em tom de brincadeira.
Quando abrimos a porta nos deparamos com uma estante enorme lotada de livros e jornais antigos, entramos atentas a tudo em volta, eram muitos jornais da época que meus avós eram jovens, de quando minha mãe era criança, havia uma poltrona vermelha já desbotada pelo tempo, vovó havia transferido sua biblioteca para aquele quarto que era maior, eu corri até a antiga biblioteca a qual não havíamos entrado desde que chegamos, quando abri a porta não havia nada ali, apenas uma porta que provavelmente daria no porão, voltei para cima correndo e nós nos olhamos tendo a mesma ideia, adorávamos coisas antigas, fui até a cozinha preparar um chocolate quente para passarmos a tarde toda ali com aqueles livros antigos, a tarde fria com uma nevasca forte era o cenário perfeito para todo aquele mistério do terceiro quarto, enquanto eu esperava o leite ferver, olhei para o canto onde Sr. Davis estava caído no dia de sua morte, a tristeza veio como uma velha amiga, de súbito senti uma brisa gelada ao pé do ouvido, me fazendo piscar os olhos que estavam vidrados na cena da morte, as chamas do fogão dançaram frenéticas e de repente o fogo se apagou, olhei para trás não havia nada, conferi as janelas, estavam bem fechadas, acendi o fogo outra vez e continuei preparando as coisas quando de repente ouvi uma voz sussurrar...
"Cuidado."
Em meu ouvido, me virei assustada e quase deixando as xícaras caírem, meu coração se acelerou, tratei de apressar tudo e voltar rapidamente para o quarto.
"Eli! Acabou de acontecer uma coisa, acho que ouvi alguém sussurrar no meu ouvido.""Como assim?"- Ela respondeu descrente com um risinho.
"É sério acho que ouvi alguém sussurrar a palavra cuidado no meu ouvido, foi tão rápido eu..."
"Amely isso é coisa da sua cabeça. Vamos senta aí vem ler essas notícias desse jornal comigo, parece que há alguns mistérios envolvendo essa fazenda."
"Do que você está falando? Deixa eu ver isso."
Peguei o jornal da mão de Elise e li o título da notícia.
Desaparecimento e morte nas proximidades da fazenda Williams deixa moradores chocados.
Na matéria dizia que os corpos de um homem e dois garotos foram encontrados sem cabeça e carbonizados dentro da cabana da família que se localizava dentro da propriedade de Carlota Gonçalves Duarte e Olavo Duarte Williams os brasileiros donos da fazenda Williams, onde Antony Manfrini pai de Otto Manfrini e Theo Manfrini trabalhava como caseiro e morava com toda sua família. Belina Manfrini a mãe e Mariel Manfrini a filha de 4 anos ainda estão desaparecidas, e esperamos que sejam encontradas com vida.
Eu fiquei estarrecida com aquele jornal, já haviam acontecido desaparecimentos e mortes aqui, quando eu tinha 4 anos, a mesma idade da garota da notícia Mariel Manfrini.
"Meu Deus! Elise eu tinha a mesma idade dessa garota na época dos assassinatos, eu morei aqui até os quatro anos, tem mais jornais aí falando sobre o caso?""Só esse de 3 anos depois relembrando o caso, dizendo que os corpos de mãe e filha nunca foram encontrados."
Eu estava completamente curiosa com aquela história...
"Acho que dá para entender porque mamãe se mudou daqui."
"Aqui diz que a casa em que viviam é dentro da nossa propriedade."
" Vamos procura-la depois."
Continuamos olhando todas as coisas que haviam naquele quarto, no fim decidimos não jogar nada fora, pareciam coisas muito valiosas e eu procuraria saber mais sobre aquele caso.
OI AMORES ESTÃO GOSTANDO DESSE MISTÉRIO HORRENDO?
ENTÃO DEIXE SEU VOTO E SEU COMENTÁRIO É MUITO IMPORTANTE PARA MIM!! BJOS E BONS ARREPIOS.
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Os Fantasmas De Amely Williams
HorrorNÃO DEIXEM DE VOTAR E COMENTAR, PARA ME DAR UM INCENTIVO E CRIAR MAIS HISTÓRIAS HORRIPILANTES. Amely é uma garota brasileira que perde os pais e vai de encontro ao seu pior pesadelo em Darkening City na província de Alberta, Canadá onde nada é o que...