Viva

10.9K 1K 96
                                    





Acordo.

Sinto cheiro forte de álcool, mas inicialmente não consigo me mover.

Abro os olhos e a claridade do lugar me deixa um pouco desorientada.

Demoro um pouco até que consiga abrir os olhos completamente, e a primeira coisa que vejo é um par de olhos cor de âmbar mais densos, ela parece um anjo, a minha visão é meio turva, mas reconheço esse olhar preocupado, ela sorri e segura minha mão, sinto o calor de sua mão.

—oi querida!

Maria sorri pra mim.

Seu sorriso é calmo, transparente, e por mais que me negue e pense que talvez esteja em mais um dos meus sonhos sobre um Paraíso, estou sorrindo, minha boca está seca, e sinto um pouco de frio tomando meu corpo, ao mesmo tempo que sinto uma mão firme segurando minha outra mão, viro a cabeça pro meu lado direito, tudo fica embaçado por alguns instantes, mas então vejo, seu marido, Jack Carsson sentado ao desse lado da cama me olhando de um jeito diferente e estranho.

—oi!—Jack diz baixinho.

—oi senhor Carsson—falo, minha voz é bem baixa—ele está bem?

—está—Maria fala e toca minha cabeça—tudo bem querida, Aidan está seguro.

—e o meu pai?

—ele está bem.

A última coisa da qual me lembro é do meu pai apertando o gatilho diversas vezes em direção a cabeça dele e só, apenas isso é o suficiente pra me arrepiar toda dos pés a cabeça, não me movo mas todo o meu corpo está ouriçado.

Minha mente ainda está bagunçada mas dentro de mim estou bem ciente do que aconteceu.

Estou viva.

Aidan Está vivo.

Papai atirou nele e eu entrei na frente, não consigo pensar em nada direito, como naquele momento, tudo o que eu queria era que Aidan ficasse bem, apenas aquilo, papai cometeu uma loucura.

—ainda bem que eu o meu pai não morreu—digo e meu peito dói quando me esforço pra respirar, tem uma coisa enfiada no meu nariz.

—é—Jack Carsson fala com muita calma na voz—eu mesmo vou me incubir de matar ele um dia...

—o que ele quer dizer: que bom que está bem querida—Maria interrompe o marido e se senta novamente em sua cadeira ao lado da cama—descanse!

—humm...—quero sorrir, mas se fizer força tudo vai doer—o Aidan... ele não se machucou não é?

—esqueça o Aidan—ordena Jack com o semblante fechado—isso é culpa dele.

—Jack!—Maria fala num tom repreensor—Madison não precisa disso agora.

Jack respira fundo, eu sei que os pais de Charlotte se preocupam comigo, eu não entendo bem isso mas acho que é por que eles são assim com todo mundo a volta deles, pra mim eles ainda estavam na Turquia, não entendo como chegaram aqui tão rápido.

—está bem—Jack coça a barba.

Parece que ele não dorme a dias, os olhos estão fundos, a barba por fazer, o semblante cansado, Maria também não está diferente.

—vou chamar o Nando, o Ph, dizer que ela acordou—Jack avisa e me olha com cuidado—você vai ficar bem Madison.

—obrigado senhor Carsson—falo.

Jack me dá um sorriso estranho e se inclina, coloca um beijo cuidadoso na minha cabeça e me sinto quente por dentro, meu pai jamais foi assim comigo, se foi não me lembro, e não sei por que tenho esse pensamento fraterno pelo pai da Charlie, ele é apenas alguns anos mais velho que eu, acho que dezesseis, ou dezoito, não sei, ele sai do quarto inquieto.

—você se acostuma—Maria fala e viro a cabeça pra ela—tudo bem?

—não—respondo e ela sorri—cadê a Charlie? Meu tio? Estão bem certo?

—sim, todos estão seguros—ela me dá um sorriso pequeno e toca minha cabeça com carinho—você nos deu um susto enorme Maddie.

—desculpe, não foi minha intenção—respondo sincera—não sei se conseguiria lidar com o Aidan... não quero pensar.

—isso quase custou a sua vida!—Maria volta a segurar minha mão.

Percebi que estou cheia de fios grudados no corpo, e que por baixo do lençol fino eu estou nua, tem fios no meu peito, dos lados do meu corpo, na minha mão, a minha consciência permanece intacta mas o meu corpo está meio abalado.

—o que aconteceu exatamente?

—a bala perfurou o pulmão, e quase atingiu o seu coração—ela explica com paciência—você renasceu querida, ficou na UTI por quase três semanas.

Fico espantada com isso.

—mas graças a Deus você está bem, você ficará sob nossos cuidados.

—e o... o...

—Aidan? Ele não saiu do hospital, ele está ansioso pra que acorde, ele dormiu aqui com você por várias noites.

Olho pra Maria Carsson, ela tem tanto cuidado comigo, mais parece a mãe que nunca tive.

—seu tio também esteve aqui, quase ficamos loucos Madison.

—me desculpe.

—não foi sua culpa, o seu pai... ele não estava bem, sua mãe veio mas partiu.

—por que?

—digamos que Jack teve uma conversa com ela.

Com certeza mamãe já sabia as intenções do meu pai de tentar alguma coisa contra o Aidan, fugiu, aquela medrosa!

—queremos que venha conosco pra São Francisco ficar um tempo na nossa casa, o seu tio não se opõe.

—ele vem junto?

—sim, acho que o Aidan também virá, minha irmã cedeu o chale pra que Aidan e seu tio fiquem lá, ela foi pro Brasil passar uma temporada com o meu cunhado.

—meu tio deve estar super preocupado.

—todos estávamos.

Tento sorrir, ao mesmo tempo que tenho vontade de chorar.

—você é um milagre Madison—Maria fala e seus olhos se enchem de lágrimas—o nosso milagre.

Ela se inclina, cuidadosamente me abraça, não consigo me mover, mas me sinto cheia de carinho... amor, um amor que nunca consegui sentir na vida.

Sou um milagre na vida dessas pessoas, eles se importam comigo, eles gostam de mim.

Não tenho nada a dizer, a única coisa da qual quero agora é me recuperar, ficar bem, ficar viva!




Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



NÃO HÁ DIAS FIXOS PARA POSTAGENS, POR FAVOR, DEIXE SEU VOTO, OBRIGADA!

Maddie  - S.A.D.O II - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora