Eu nasci depois do conquistador, então não sei qual é a sensação de correr ao lado de um amigo, também não sei como é sentir o sol em meu rosto. Pelo o que os mais velhos contam, já faz mais de cinqüenta anos que ele chegou, por mais que nossos exércitos tentassem, não puderam parar o monstro que estava com ele.
Depois de derrotar todos os exércitos da terra, de destruir toda cidade por qual passou, ele tomou os sobreviventes para si, os deixou em um buraco, com pouca agua e menos comida ainda, muitos morriam. Os homens e as mulheres saudáveis eram levados e nunca voltavam, os velhos, deficientes e crianças que nasciam com alguma deficiência, eram mortos a sangue frio pelos demônios, assim eram chamados os carrascos do conquistador, tinham o rosto desfigurado e seus olhos haviam sido arrancados, não falavam, pois, em suas bocas haviam pregos que os impediam de falar, comer ou beber, alguns diziam que eles eram os homens que eram levados, outros diziam que eram filhos do Conquistador com as mulheres levadas.
- Todos de pé. - Anunciou um demônio. - O conquistador está aqui.
Eu nunca o tinha visto, poucos o viram desde que a terra foi dominada.
Ele chegou, ele era diferente do que eu pensava, ele era...normal, seus olhos eram castanhos como seu cabelo, seus braços e pernas eram fortes, ele era bonito, mas só de olhar para ele meu estômago dava voltas. Ele olhou para mim e sorriu, virou para o demônio ao seu lado disse algo em seu ouvido e apontou para min.
-Todos para trás. - Disse o demônio, eu já começava a recuar quando o Conquistador anúncio com sua voz grave.
-Você não ruiva, você vem comigo. - Não, por favor, não. - Senti o desespero tomar conta de mim. O que ele ia querer comigo. Um demônio me agarrou e eu o empurrei.
- Quieta, você vem comigo agora, Kate pegue-a.
- Sim, mestre. - A voz veio de fora do buraco, e junto com a voz veio um monstro, de pele branca e olhos negros, sem lábios e com seis braços, ele me fazia desejar pela morte, eu desabei, minhas pernas tremiam, não conseguia olhar para ele, ele agarrou meu braço e eu desmaiei.
A sensação que senti ao acordar foi a melhor, pela primeira vez em dezoito anos eu estava dormindo em uma cama, no buraco nossa cama era o chão e nossos travesseiros as pedras.
- Finalmente você acordou, pensei que tinha entrado em coma. - Ela riu - vamos levante, temos muito o que fazer.
- Quem é você? Onde eu estou? - Eu estava em um quarto grande, suas janelas eram enormes, mas seus vidros estavam quebrados, as cortinas estavam rasgadas e manchadas de vermelho, as paredes estavam com pequenos buracos e assim como as cortinas estavam vermelhas onde haviam os buracos, esse deveria ter sido um quarto muito bonito.
- Você está no meu quarto, ou melhor dizendo nosso quarto, desculpe pela decoração as vezes eu perco o controle. - Ela riu, dessa vez olhei para ela e senti a mesma sensação de quando o monstro me olhou, o desespero voltou, ela pareceu notar minha reação. - Desculpe, eu costumo causar isso nas pessoas. - Ela se virou de costas para min. - desde que o conquistador me tornou no que sou, minha aparência mudou drasticamente.
O conquistador, eu me lembrei, ele tinha me levado. Ou melhor tinha mandado seu monstro me tirar do buraco. Minha respiração começou a pesar, meu coração batia forte, ela se aproximou de min, eu senti meu estomago revirar, vomitei em cima dela.
- Me desculpe eu não queria, é que...eu não sei, você... - ela estava chorando, ela olhou para min, mesmo que seus olhos fossem completamente negros, pude sentir tristeza exalando deles. - Me desculpe, qual é o seu nome?
Ela enxugou o rosto.
- Meu nome é Katherine, mas o conquistador me chama de Kate.
Dois anos se passaram...Doía, meu corpo doía muito, só na última semana enfrentei três seções de tortura, eu estava toda cortada, meu braço esquerdo estava quebrado, meus olhos estavam como os de Kate.
- Me desculpe. - Como sempre, Kate estava chorando, suas lagrimas faziam meus machucados arderem. - Eu não queria que isso acontecesse com você, eu deveria continuar com ele por mais tempo, me desculpe.
- A culpa não é sua...a culpa é del....dele. - Minha voz estava falhando, minha visão estava escurecendo e escurecendo até que eu apaguei.Quando acordei já estava escuro, a pouca luz vinha de uma vela, que estava em uma cômoda. Kate ainda não tinha ido se deitar, estava em pé, estava cansada. Não fiz barulho, meu corpo não estava doendo mais, fiquei admirando-a em silêncio, eu amava Kate, sua beleza havia sido destruída pelo monstro, mas ela era bela, seus cabelos negros continuavam longos, sua pele se tornara pálida, sua boca era seca e seus olhos completamente negros, mas para min ela era a mais linda de todas.
- Kate. - Ela se virou no mesmo instante. - Venha, deite aqui comigo. - Cheguei para o lado deixando um espaço para ela deitar. Para nossa sorte a cama era grande. - Preciso de você.
- Já estou indo. - Ela enxugou os olhos. - Como você está se sentindo, seu braço já se curou?
- Já, mais ainda dói um pouco. - A parte boa, era que eu me curava rápido. Pois é ser o monstro tem suas vantagens.
- Isso é normal no começo, você se acostuma. Então, estou aqui, o que você vai fazer. - Ela estava com um sorriso travesso no rosto. Ela subiu em cima de min e me beijou e eu retribui.
- O que eu vou fazer? Vou fazer você gozar de prazer. - Eu a beijei intensamente, puis minha mão sobre sua blusa e a tirei. Me sentei, Kate estava em meu colo, comecei a beijar seu pescoço e fui descendo, comecei a explorar seus seios com minha boca, Kate gemia. - Está gostando? - Voltei a beija-la.
- Clar...- Fomos interrompidas por um barulho, alguém estava batendo na porta.
Um demônio entrou no quarto, e eu já sabia o que aquilo significava, eu iria me transformar, iria virar o monstro pela primeira vez, iria matar em nome do Conquistador.O ritual para a minha transformação já havia começado, Ber, filho do Conquistador já vinha em minha direção, ele estava segurando o frasco que continha o vírus .
-Insira o vírus nela. - Ordenou o Conquistador.
Ber inseriu o vírus em meu corpo, a reação foi imediata, eu gritei, por um momento eu senti como se todos os meus ossos tivessem rasgado meu corpo.
-Agora basta esperar, Ber, vamos. - Chamou o Conquistador.
- Sim, meu pai.
Durante duas longas horas eu fiquei agonizando, chorando e gritando, a dor era insuportável, até que meu coração parou e nesse exato momento escutei uma voz dentro de min " Vejo que ele se cansou da outra garota".
Quando voltei a min, eu já não era eu, meu corpo não era meu, eu era só uma pessoa dentro de um monstro. Eu podia ver através dos olhos do monstro, podia ouvir.
- Está feito, pai.