A faculdade de medicina ficava em um gigantesco edifício no lado mais a norte da cidade,após várias remodelações o lugar tinha agora um rosto mais moderno,mas ainda assim restavam nele algumas marcas da arquitetura clássica.devido ao trânsito infernal de meio-dia Frank e Carl demoraram pouco mais de uma hora para lá chegar.
No segundo piso no final de um longo corredor ficava o gabinete do diretor,um homem educado e claramente bem formado que se mostrou disposto a colaborar logo quando recebera a chamada de Frank naquela mesma manhã.
Sentado em uma confortável cadeira de escritório por trás de uma mesa repleta de papéis lá estava ele,um homem calvo de barba esbranquiçada com um pequeno par de óculos colado ao rosto,dizia-se que sem eles até as caligrafias mais nítidas lhe pareciam cobras enroladas umas às outras.
-Sentem-se por favor,e desculpem pela bagunça cá dentro.nessa fase do ano meu gabinete parece uma sala de arquivos.-disse o homem depois do breve aperto de mãos.em seguida ageitou alguns dos papéis e convidou ambos a tomar um café.Frank ficou pela água e Carl abanou a cabeça em sinal de negação.
-Não pretendemos roubar muito do seu tempo doutor,sei que o senhor é um homem ocupado,por isso mesmo serei curto e breve.-disse Frank pouco antes de abrir a pequena garrafa.
-Será um prazer ajudar no que for possível.
-É bom saber disso.-após um gole continuou.-dois nomes nos trouxeram até aqui:Aline Carson e Helen Martinez.o que o senhor sabe sobre elas?
-Duas estudantes brilhantes,só é pena terem sumido antes de terminarem o curso.-disse o homem,parecia entristecido ao lembrar-se delas.-seriam ótimas profissionais-concluiu.
-Parece que o senhor as conheceu muito bem.-questionou Frank.
-Faz parte do meu trabalho.não me limito ao controle dos docentes,essa juventude precisa de incentivo,orientação.-demonstrava agora alguma preocupação.-mas eu pensei que as investigações já tivessem sido encerradas.
-Na verdade já não se trata de um caso de desaparecimento.os corpos das duas jovens foram encontrados numa zona desértica a alguns quilômetros da cidade,e junto deles estavam mais uns outros.
O homem estava agora em estado de choque.
-não consigo acreditar nisso.sempre nos pareceu provável,mas no fundo ainda tínhamos alguma esperança de que elas estivessem vivas.os senhores já entraram em contacto com a família?
-Isso já foi feito.não será nada fácil pra eles mas a dor um dia se vai-dizia Frank-a questão agora é fazer-se alguma justiça.nós temos sérios motivos pra acreditar que o assassino de todas aquelas mulheres conhecia a Aline e Helen.e pior,é alguém de cá.
-Como assim de cá?-questionou ainda chocado depois de pousar os óculos sobre a mesa.
-Um ex colega,um professor,o senhor da faxina,alguém que tenha frequentado esse lugar enquanto elas cá estavam.
-Isso seria impossível.-debateu-se o homem.-isso não é apenas uma escola superior,isso é um lar,nós somos uma família,ninguém cá teria coragem de fazer uma barbaridade dessas.nem hoje e nem hà três anos.
-Sabe doutor,nós conhecemos as pessoas e não seus pensamentos.o senhor devia saber disso.
O homem passou a mão sobre o rosto redondo e disse em seguida:
-Seja como for,eu me recuso a acreditar nisso.
-Talvez um dia o senhor mude de ideias-disse Carl que até ao momento estava mudo seguindo a conversa atentamente.
Frank levantou-se e marcou passos até a vasta janela de vidro,dali dava pra ver o enorme jardim bem no centro do pátio e todo o entra e sai de jovens estudantes.
-Nós vamos precisar de acesso aos seus arquivos,e claro,de interrogar um por um todo o mundo que teve alguma ligação com as meninas.-disse num tom mais sério e quase ameaçador.
-Maior parte dessa gente já nem anda por aqui.
-Não temos exatamente todo o tempo do mundo doutor,enquanto nos sentamos em sua sala uma mulher está sendo torturada e sabe-se lá por quanto tempo.é normal que o senhor não entenda,mas a resposta deve andar por aqui.
Os dedos do homem deslizaram pelo teclado do telefone fixo por cima da mesa,marcara um número de forma rápida "na minha sala por favor" disse com a voz tímida.minutos depois sua secretária entrou pela porta.
-Por favor,acompanhe os senhores até a sala de arquivos e fique com eles lá enquanto eles analisam uns papéis.podem precisar de alguma ajuda.-disse o homem levantando-se em sinal de despedida.-ninguém melhor que ela pra ajudá-los,trabalha cá ha mais de sete anos e conheceu bem a todos os que conviveram com as meninas na época.
-Obrigado doutor.em breve o contactaremos novamente.-Frank estendeu-lhe a mão e notou seu pulso firme,diz-se que podemos sentir o carácter de uma pessoa num curto aperto de mãos,aquele era sem sombra de dúvidas um homem bom.
Duas horas depois quando já se iam embora,sossegado como o pior dos predadores Anton Cruz os observava do fundo do corredor.seguia seus passos com o olhar frio e um pequeno sorriso em seu rosto,sabia que estava perto de ser apanhado,que talvez fosse melhor bloquear sua insaciável sede por sangue até que as coisas se acalmassem,até que qualquer vento soprasse e levasse o instinto de Frank pra outra direção.
"Inspector Frank Weber...parece que eu substimei suas qualidades" susurrou ele enquanto o observava abandonando o local.
Certa vez um grande agente que era considerado um mestre da psicologia criminal havia dito que os perfis psicológicos nem sempre se encaixavam como uma luva aos respectivos criminosos,naquele momento sentados dentro do carro Frank refletia sobre o assunto,qualquer coisa lhe parecia fora do lugar.
Tinha agora uma lista de nomes que lhe fora entregue naquele mesmo dia pela prestativa secretária,homens e mulheres,pessoas que frequentaram a Universidade na mesma altura em que desapareceram as duas jovens.não era muito,mas era alguma coisa.
-Chamaremos todos pra interrogatório?-perguntou Carl.
-Não creio que seja necessário.talvez alguns colegas de turma,professores e gente que por algum motivo tenha uma semelhança com o perfil.-fez uma pausa e acendeu um cigarro.-é bem melhor que sejam visitas discretas feitas porta à porta.não quero mais gente naquela delegacia.
-Ainda assim restariam muitos nomes.
-Dividimos as tarefas,eu trato de alguns pessoalmente,quanto aos outros tu e alguns agentes resolvem.só quero os melhores metidos nisso,gente esperta,gente competente,gente com instinto policial.
Adivinhavam-se horas de muito trabalho,era sempre complicado pra eles trabalhar no mais completo silêncio,mas era agora uma arma que devia começar a ser usada.
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sádico "O Génio Das Facas"
Mystery / ThrillerFrank Webber é um homem em queda livre,conhecido como o melhor inspector da polícia de Chicago mas passando pelo pior momento da sua vida depois de ter perdido a mulher e as duas filhas em um acidente. Agora se afogando em doses de uísque terá que l...