Capítulo 7- Liberdade

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"Ele é um garoto e disse que está acostumado a dormir fora.

Também disse que aquele machucado não era nada..."

Andando pelo caminho que Joshua me falou, minha cabeça estava envolta em pensamentos. Preocupava-me o fato de deixa-lo sozinho. Ele era estranho... Mas algo em mim dizia para voltar e ver se realmente estaria bem.

Joshua encontrava-se sentado no mesmo lugar em que nos deixamos, parecia tranquilo até ouvir passos e uma luz, assustando-se.

Ao aproximar-me dele, carregando a gaiola com os vaga-lumes, olhava só para frente e não vi as raízes da árvore que fizeram-me cair. Gritei soltando a gaiola e caindo em cima dele.

-O-o que...? – Joshua perguntou, assustando-se e tentando entender o que estava acontecendo.

-D-desculpa – Sussurrei sentando-me ao seu lado e cobrindo-me com um cobertor.

-O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO?! – Ele gritou para mim, bravo.

-É que eu encontrei um cobertor jogado no caminho e achei que era melhor trazer para você. As noites são frias, você poderia ficar doente... – Falei lançando lhe um olhar de preocupação e segurando fortemente o cobertor.

-Os vaga-lumes não brilham para sempre! Já pensou se... – Ainda podia perceber o leve tom de irritação em sua voz.

-Mas é que... É que eu só dei trabalho até agora... Sinto muito – Sussurrei escondendo um pouco de meu rosto nos cobertores.

Ele esticou suas mãos, pegando o cobertor e puxando-me para mais perto de si.

-Que coisa... E se você se perdesse de novo? O que pretendia fazer sua doida? Só podia ser uma filhinha-de- papai mesmo, mas... Valeu pelo cobertor. – Abraçou-me fortemente e ajeitou o cobertor ao nosso redor.

-De nada. – Sorri para o mesmo.

-Os vaga-lumes... Já não estão brilhando mais.

Deitamos no chão, com o cobertor envolta de nossos corpos. Apoiei a cabeça em seu peito e encolhendo-me mais pelo vento que vinha. Tentava dormir mas não conseguia.

-Está com medo? – Perguntou Joshua preocupado.

-Sinto cheiro de framboesas... – Voltei mais uma vez a fechar os olhos, caindo no sono.

-Ei, Aiko. Se não encontrar seu passarinho... – Olhou para mim e parou de falar percebendo que encontrava-me adormecida.

"Não entendo. Esta deveria ser uma floresta assustador fora da minha gaiola, mas eu não estou nem um pouco com medo..."

Logo após ficar um tempo mais acordado olhando o céu, acabou adormecendo comigo. A noite foi fria e a floresta poderia ter seus sons noturnos. Mesmo assim estava me sentindo bem. Não estava com medo e sentia-me determinada.

Ao sentir os primeiros raios de sol batendo em meu rosto, abri os olhos. Ouvi alguns sons de canto de algum pássaro e olhei para a gaiola. Levantei rapidamente, surpresa ao ver Rose lá comendo as framboesas.

-Rose! – Gritei correndo e abraçando a gaiola. Com a agitação acabei acordando Joshua.

-O que está acontecendo...? – Joshua sentou no chão, sonolento e preguiçoso.

-A Rose voltou! Ela voltou! – Falei empolgada, não soltando a gaiola.

-Que bom Aiko! – Falou ainda sentado no chão, sorrindo.

-Ah! É mesmo, como está sua perna? – Fiquei preocupada com seu machucado, olhando para a perna em que havia o curativo improvisado.

-Depois de dormir, parou de sangrar. Acho que já melhorou. – Levantou-se e se aproximou de mim. – Assim tanto você como eu poderemos voltar para casa numa boa. Ah, o ponto de ônibus fica pra lá. Não vai se perder!

Afastou-se de mim num cainho contrário ao que havia me indicado

– Eu vou para o outro lado. Então... Cuide-se! – Falou acenando e seguindo o caminho oposto.

"Ele vai embora. Será que a gente não vai mais se ver? Eu nem perguntei para onde ele vai ou agradeci..."

Meus olhos encheram de lágrimas. Sentia algo estranho em mim. Sentia falta dele. Ouvi um assovio e senti algo em meu ombro. Um outro Rouxinol havia pousado em meu ombro e olhava para Rose na gaiola.

Abri a gaiola devagar e estiquei a mão, deixando Rose vir.

-É seu namorado Rose...? – Sorri, acariciando a cabeça da pequena rouxinol que respondeu-me com um assovio. Estendendo minha mão e impulsionando deixei-a ir. E no céu, vi o casal de pássaros voar e se afastar juntos – Cuide-se Rose!

-Ei! Espera um pouco! O QUE DEU EM VOCÊ? TEVE TANTO TRABALHO PARA PROCURÁ-LA E DEPOIS DE TUDO, A SOLTOU SEM MAIS NEM MENOS?! – Joshua correu para perto de mim, irritado.

-Tudo bem... Por mais que eu a trate com carinho, ela não seria feliz dentro da gaiola. – Sorri para ele, aproximando-me mais e ficando na ponta dos pés, beijei sua bochecha, rindo ao ver o mesmo corar e se assustar um pouco com a aproximação repentina.

"Rose...

Você encontrou "algo", não é?"

-Eu achei o que eu estava procurando. – Apertei as bochechas de Joshua – Você poderia me dizer para onde está indo?

"Pois eu também encontrei."

Foi em uma noite de verão, em uma floresta com cheiro de framboesa, iluminada por vários vaga-lumes.

  Foi em uma noite de verão, em uma floresta com cheiro de framboesa, iluminada por vários vaga-lumes

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