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Eu não estou mais confusa e isso é bom.

Eu gosto do Pietro, mas não gosto do Paulo tanto quanto no passado.

—No que está pensando?— Paulo me pergunta.

Estamos em casa estudando para a próxima prova. Eu não queria estudar pois isso me lembra o Pietro.

Meu beijo com o Paulo não significou o suficiente para que eu esquecesse do Pietro, ou pelo menos parasse de sentir saudades o tempo todo.

—Em nada— digo.

—Por que não saímos e comemos alguma coisa?

—Ah, vamos— falo desanimada.

**
Fico em uma mesa do lado de fora enquanto Paulo vai fazer nossos pedidos.

Pessoas passam e olham do meu rosto até a cadeira. Antes quando eu tinha 16 anos, e tinha acabado de sofrer o acidente as pessoas me olhavam e eu sentia muita vergonha.

Agora eu não ligo mais, na verdade, há várias coisas que parei de me importar depois do acidente.

Paulo volta e se senta na minha frente.

Embora ele seja uma pessoa extremamente carinhosa e legal comigo, nunca passamos do beijo.

Ele tentou novamente e me afastei, eu não queria ficar com ele, não queria ficar com ninguém. Queria deixar de sentir falta do Pietro antes de qualquer coisa.

A mulher chega com nossos pedidos, ela sorri para Paulo e mal olha para mim.

—Come— Paulo fala.

Mordo um pedaço do meu lanche e vejo dentro dele algo reluzente. Vou ver o que é e vejo duas alianças.

Olho com cara de interrogação pra Paulo. Ele pega o lanche da minha mão e pega as alianças.

—Zara, você quer namorar comigo?— ele pergunta me surpreendendo.

—Sim— digo nervosa, fingindo um sorrindo e nos beijamos.

Ele coloca a aliança no meu dedo e eu coloco no dedo dele.

Eu não sei porque aceitei. Acho que foi pelo momento, mas como faz pouco tempo que estamos saindo e o Paulo está indo rápido demais com as coisas, perceba que isso foi um erro.

Ou talvez não fique tão triste quando eu terminar com ele.

Volto para casa deprimida. É inevitável pensar se o Paulo me ama ou não.

Passei três meses com o Pietro e ele nunca me pediu em namoro, só que, com ele era tudo diferente.

Eu não gostava dele no início, passei a gostar depois que percebi que ele não era tão idiota quanto parecia ser.

Além do mais sinto que ele me tratava melhor. Sei que não deveria pensar assim mas é impossível.

Sinto que Paulo me dá só migalhas e eu faço delas um banquete enquanto Paulo me dava um banquete e eu fazia dele um prato de miojo.

Será que foi por causa disso que ele me largou? Sinceramente eu acho que não.

Ele nem me deu explicações e o Pietro que eu conheci não era assim, acho que por trás disso tem uma história muito mal contada, só que eu não quero mais saber disso, se ele não quis me dizer nada talvez eu não deva saber.

Só queria ser feliz com o Paulo, pelo menos enquanto durar. Eu queria de verdade conseguir isso.

Se querer fosse poder eu já não pensava mais no Pietro mas acho que ele vai estar dentro de mim para sempre.

**
Meu pai aceitou numa boa meu namoro com o Paulo.

Mas se ele não aceitasse não iria importar porque eu já sou maior de idade e eu sei o que eu estou fazendo com a minha vida. Ou não.

Faz um mês que estamos namorando, eu gostaria de dizer que está sendo maravilhoso ou espetacular, mas não.

Sabe o que é comprar um sapato e quando for usar, ele não é aquilo tudo que você desejava?

Com Paulo é exatamente assim, só que pior, pois ele não é como um simples sapato que eu posso parar de usar.

A duas semanas dormimos juntos pela primeira vez, é claro que ele não é virgem faz tempo e eu acho que ele esperava mais de mim.

Todos já sabem do nosso namoro na faculdade, não que eu tenha mudado meu status no Facebook, o Paulo não quis.

Mas estamos namorando e todos já sabem, inclusive o Pietro.

Sempre nos vemos e quando nossos olhares se cruzam ele abaixa os olhos.

Eu não o esqueci completamente mas, tudo passa, tudo sempre passa e agora eu estou com outra pessoa e espero que ele esteja feliz. Quem fez tudo isso foi ele mesmo.

—Você ficou sabendo?— Fabiola me pergunta.

Nos aproximamos bastante e agora ela é minha única amiga.

—Sabendo o que?

—O Pietro vai embora— ela fala naturalmente.

Suas palavras vem a mim como um soco no meu estômago, pela primeira vez senti medo de perde-lo, embora já tivesse feito isso a tempos.

—Embora? Embora pra onde?— pergunto abismada.

—Ele vai pro interior, eu acho.

Me afasto dela com a desculpa de que minha cabeça está doendo, tentando disfarçar meu horror.

Sinceramente, eu não sei o que eu estou fazendo. Só sei que estou indo atrás do Pietro pois ele não pode ir embora.

Ele tem que ficar e me dar explicações. Ele não pode ir porque eu ainda o amo.

Posso estar sendo uma vadia até, mas sempre quando você ama duas pessoas vai ter uma que você ama mais.

E eu amo muito mais o Pietro.

Enquanto tento empurrar minha cadeira o mais rápido possível minha cabeça dói.

Paro de andar e minha visão fica escura, meu corpo fica mole.

Olho para Fabiola que vem correndo na minha direção antes de eu apagar.

Dor.

Muita dor.

Abro meus olhos lentamente e sinto muita dor ao respirar.

—Olá— diz um médico— você está bem? Dói alguma coisa?

—Só dói quando eu respiro— digo com dificuldade.

—Desculpa mas você não pode tomar morfina por causa do bebê— ele fala.

—Bebê? Que bebê?— pergunto desesperada olhando para ele.

—Você está grávida, Zara, não sabia?

Essa é uma história de amor (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora