Grata

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Acabei dormindo.

Acordei agora mesmo e estou sozinha no quarto.

Maria ficou comigo enquanto Fernando Carsson e Phelipe Carsson analisaram meus exames, Fernando estava a todo momento muito sério, assim como seu tio, o irmão de Jack Carsson, ele é um homem com seus cinquenta e poucos anos, muito bonito e alto, os Carsson são homens lindos, tenho que admitir, mas não reparar a diferença gritante entre eles e Fernando foi quase impossível.

Fernando é filho de Maria, disso eu já sei, ele é filho dela mas tem um enorme respeito pelo homem que chama de pai, Jack Carsson, aquele ficava me olhando muito sério, os braços cruzados, o rosto fechado, parecia muito reflexivo, quando Fernando o chamou pra fora do quarto tive a impressão que estava preocupado demais comigo.

Tanto ele quanto Maria estavam esgotados, os olhos dele estavam vermelhos, os de Maria também, o que denunciou algum tipo de problema... acho que eu sou o problema.

Acho que esse incidente com o meu pai assustou os pais da Charlie, também a Charlie, quase morri, as memórias daquele dia me assustam, me assombram como um fantasma que vem e volta na minha mente, não lembro dos meus sonhos, não lembro de nada além daquele momento em que levei o tiro e cai na escuridão.

Me sinto melhor agora, contudo ainda me sinto muito estranha, meu corpo todo está anestesiado, aqui cheira a álcool, estou ligada a muitos fios que me incomodam, não faço a menor ideia de que horas seja, se é dia, se é noite, o quarto é totalmente fechado.

Fazer força pra respirar dói, dói tudo por dentro quando tento respirar fundo então não faço esforço, estou também meio tonta e tenho certeza que é por conta de algum sedativo que me deram, o som das máquinas ligadas em mim é um pouco incomodo mas sei que na melhor das hipóteses é muito bom ouvi-lo, é sinal de que estou viva, mesmo que não me sinta assim agora.

Estou quase cochilando quando escuto o som da porta do quarto se abrindo novamente, vejo logo meio embaçado a figura de Maria Carsson se aproximando da minha cama, ela já trocou de roupa, usa agora um conjunto de moletom, seus cabelos estão úmidos, ela sorri, seu sorriso é sincero e faz com que eu me sinta muito feliz, de repente, essa estranha cuida tão bem de mim que estou confortada, calma, deveria estar diferente?

—Jack foi dormir com as crianças—Maria fala com cuidado e se senta na cadeira ao lado da minha cama—se sente melhor?

—meio tonta—confesso, viro meu rosto pro rumo dela—trouxeram seus filhos?

—meu sogro tem uma casa aqui, eles vem de vez enquanto.

—acho que estou dando trabalho pra vocês...

—não mesmo, eu e Jack nos preocupamos com você Madison.

—a Charlie ta bem?

—sim, ela esteve aqui várias vezes.

Algo me vem a mente.

—eu não tenho dinheiro pra pagar tudo isso nem convênio.

—não se preocupe, cuidamos disso.

Maria beija a minha cabeça, depois sorri.

—é apenas uma menina Madison, você sofreu tanto, não merecia isto, Aidan me contou tudo, sobre seu pai, sobre as surras, também conversei com seu tio.

—quero vê-lo.

—logo que abrirem pras visitas eles viram.

—o Aidan...

—ele virá, ele está na recepção, sempre ansioso, é que agora seu corpo começara a se recuperar, o risco de infecção é alto, não pode receber muitas visitas diferentes.

—isso vai durar muitos dias?

—acho que sim, mas fique tranquila, o pior já passou, sua mãe também virá em breve, temos muito a conversar com ela.

Acredito que sobre a mudança, mas eu não devo satisfação alguma pra minha mãe, mesmo que não lhe deseje mal eu não quero ela perto de mim, depois de tudo eu tenho absoluta certeza que ela vai ficar ao lado do meu pai... papai!

—o que fizeram com ele?

—seu pai está internado num hospital psiquiátrico, ele estava muito exaltado quando a polícia chegou.

—papai não queria atirar em mim.

—eu sei que não, ele só estava num acesso de loucura, seu tio me explicou sobre a morte do seu irmão, fique tranquila Madison, tudo ficará bem.

—espero que sim senhora Carsson.

—sem senhora.

Sorrio, estico minha mão e seguro a dela, Maria me olha de um jeito novamente diferente, ela beija a minha cabeça e depois se ergue, começa a arrumar os lençóis em cima do meu corpo, me sinto pela primeira vez na vida cuidada por alguém, zelada, pra sempre serei grata aos Carsson por tudo, nunca terei como retribuir ao que eles fazem por mim.




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Maddie  - S.A.D.O II - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora