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Os dias transcorreram muito rapidamente.

Logo no começo fiquei sabendo que não receberia visitas assim como Maria havia me dito, Fernando Carsson me informou que devido a cirurgia da retirada da bala ter sido de alto risco o grau de infecção era muito alto por isso eu não deveria receber visita alguma.

Durante algumas vezes Maria dormiu comigo a noite, e em outras, quando eu acordava quem estava dormindo na poltrona dura ao lado da minha cama era seu marido Jack Carsson.

Ele não é muito de falar.

Mas é muito preocupado.

Pensei em diversas vezes tentar puxar assunto mas em nenhuma me sentia realmente a vontade, mas o fato era que o pai de Charlotte demonstrava muita preocupação para com a minha pessoa, ele ficava agoniado quando eu reclamava de dor—não sou de reclamar—e chamava alguma enfermeira e as vezes até fazia o filho vir me ver.

Fernando foi e tem sido um excelente médico comigo, atencioso e me trata muito bem.

Com o passar dos dias fui sendo mais e mais tratada bem pelos Carsson, Maria estava sempre por perto, conversando comigo, trouxe livros, meias, ela inclusive penteou os meus cabelos e ajudou as enfermeiras nas horas dos banhos.

Estava de repente muito apegada a ela, me sentia bem, especial, até mesmo mimada, pois Maria é muito carinhosa comigo, como uma verdadeira mãe, dia após dia me sentia melhor, aos poucos fui me acostumando com a presença dos pais de Charlie.

Hoje faz basicamente um mês que estou aqui, Maria tem me deixado por dentro de tudo o que acontece lá fora, ela e eu nos tornamos muito próximas esses dias, me questionava muito sobre as intenções dos Carsson em relação a mim mas percebo que eles realmente gostam de mim, não tem como não perceber todo o carinho no qual Maria me trata, Jack Carsson ainda que meio distante parece ter alguma afeição por mim.

Acho ele tão... diferente do que parece.

As vezes durante esse mês quando acordei a noite eu vi Maria e Jack sentados no sofá do quarto dormindo juntos, abraçados, tão unidos... como os pais que eu sempre quis ter, em outras vezes eu via, Maria dormindo e Jack observando-a de uma forma incondicionalmente apaixonada, ele a admira e isso percebe-se apenas no jeito que ele a observa, em outras vezes Jack dormia e Maria o olhava e eu percebia naquele olhar algo dócil e terno, o olhar de uma mulher apaixonada por seu marido.

Eles dois são inseparáveis.

E eu não sei por que tenho a sensação de que estranhamente o meu incidente tenha causado algum tipo de reação nos Carsson.

Já amanheceu, Maria está dormindo no sofá do quarto, percebo que ela parece mais tranquila, acho que é por que eu já estou fora de perigo, eles desligaram alguns fios ontem, tiraram outros, me disseram que eu recebi sangue de alguém...

Escuto o som da porta do quarto e finjo que durmo, mas logo reconheço a silhueta alta e esguia de Jack Carsson entrando no quarto, admito que ele é muito bonito, bem, muito além disso, mas também acho a Maria linda, acho que eles dois combinam muito, eu o observo ir de fininho pro sofá e depois de um jeito muito gentil tocar o braço de sua esposa para que ela acorde.

—oi—Maria fala baixinho, sua voz é cheia de sono.

—tudo bem—ele responde no mesmo tom baixo—ela dormiu a noite toda?

—ela sempre dorme a noite toda amor—Maria se ergue, Jack se senta e tira o par de tênis.

—ela irá pro quarto hoje.

Graças a Deus!

—ótimo, e o Aidan?

Daqui posso ver a apatia estampada nos olhos dele, Jack não gosta do Aidan!

—está lá, não vai embora por nada.

Ele está irritado, eu não, Aidan não foi embora, Aidan me espera... Mas ele também me magoou, e ele também me feriu, Aidan me humilhou!

—ela o ama...

—ele bate nela!

—Jack Carsson!

—Maria Carsson!

Eles se olham duramente, parecem travar uma batalha silenciosa e sagaz ou algo assim, acho que os pais da Charlie já estão casados a tanto tempo que sabem como identificar um no outro os olhares, acho que é bem isso, eu gostaria que entre eu e Aidan um dia fosse assim... se eu e ele ainda ficarmos juntos.

A hipótese me machuca, minhas faces queimam por que sei que os pais dela sabem o que realmente eu e Aidan fazemos quando estamos juntos... o que mais os Carsson sabem sobre mim?

—Madison não precisa dele...

—Madison o ama, e ele a ama Jack, nisto você não pode se meter, é uma escolha dela.

Jack passa a mão nas faces bem irritado, coça a barba já cumprida.

—eu amo você mulher mas tem hora que você me irrita.

—sempre foi assim, agora que não seria diferente, tenha paciência.

—estou ansioso.

—eu sei amor, logo tudo isso acaba, a mãe dela já chegou?

—aquele demônio de saias?

Quero Rir, Maria parece se esforçar muito pra não rir da irritação do marido, Jack está impaciente, e não duvido que ele tenha discutido com mamãe, algo que é muito controverso, do meu pai ela morre de medo, apanha em silêncio, com as pessoas de fora ela bate boca e discute sempre.

—ela não quer falar pra Madison... eu realmente não sei o que fazer!

Falar o que?

—ela se negou a conversar com a Madison, disse que a Madison será muito infeliz se souber de tudo... como se a merda de vida que eles ofereceram pra ela fosse muito boa.

—ela está com medo de que a Madison a julgue.

—pedi a Andrew que conversasse com ela mais tarde.

—podemos estar presentes.

—estaremos—ele respira fundo, parece tão... terrivelmente ansioso—ela tem que entender.

—ela vai meu amor.

Eles não falam mais nada, olham pro rumo da minha cama e fecho os olhos, escuto o som dos beijos, engulo minha curiosidade, não faço a mínima noção do que seja mas parece ser algo grave, espero que tudo termine bem.




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Maddie  - S.A.D.O II - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora