Capítulo 1

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O primeiro dia de aula.

É algo monótono, porém, arranca calafrios. A vida é repleta de primeiras vezes e a única coisa que posso viver pela primeira vez varias vezes, é o primeiro dia de aula.

E é ainda mais difícil quando vai para uma escola nova. O pânico de não conhecer ninguém sobe a cabeça e seu coração dispara. Esse é uma sensação que eu não queria sentir, mas fui obrigada.

Por toda minha vida eu sempre estudei em colégios particulares, mas digamos que a segunda série do ensino médio não foi meu melhor anos. Pra começar eu quase reprovei.

Não foi culpa minha. Eu sempre tirei notas boas, mas sou muito esquecida. Eu esquecia tarefas, trabalhos e uma vez eu esqueci que haveria prova. Sem falar que quase atingi o número de faltas possível em um ano, mas de novo, a culpa não é minha e sim da minha tendência a chegar atrasada nos lugares, na verdade, foi esse o motivo da minha expulsão pra começar.

Eu estava com alguns amigos e resolvemos pregar uma peça de fim de ano. O plano era desligar a luz do colégio. Coisa fácil.

Eu e mais 3 amigos fomos até onde fica o padrão do colégio. O meu trabalho era simples. Desligar o padrão. Era apenas eu apertar um botão. O branco, eles disseram.

Cheguei frente a frente ao padrão e eu havia esquecido a cor do botão. Na dúvida, apertei todos. A escola inteira se apagou e o cheiro de queimado foi entrando nas minhas narinas, e foi quando eu percebi que iria me ferrar.

Dito e feito. Segundos depois, o porteiro entrou e me viu com a mão na massa. Chamaram meus pais e me expulsaram.

Eles ficaram furiosos comigo. Meu castigo foi estudar em uma escola pública. Eles não são muito bons com castigo.

E o pior, as aulas começaram semana passada, de forma que é apenas o primeiro dia de aula para mim.

Se eu tivesse filhos e eles fizessem algo parecido, eu não daria a eles um castigo que botasse em risco o futuro deles. Que tipo de educação tem uma escola pública?

Vou descobrir hoje.

O uniforme é super padrão. Calça jeans e uma blusa branca com o nome da escola. Na manga, listras vermelhas indicando que estou no ensino médio.

Minha mãe vai me levar à escola. Meu pai é médico. Cirurgião plástico. Minha mãe está desempregada. Ela não dura em nenhum emprego, sempre arruma briga com alguém e pede demissão.

Ela é bem nervosa.

Meu pai é mais calmo, acho que os dois se complementam do jeitinho deles.

-Julia.-Minha mãe diz.

-Já vou.

Me olho no espelho. Eu simplesmente não sei como agir. Como vai ser chegar em uma escola que não conheço absolutamente ninguém? Quem serão minhas amizades e quem serão minhas inimizades?

Tenho muita dificuldade em fazer amizades femininas. Com os garotos é mais fácil, eles não se ofendem com qualquer brincadeira e se tem algo que gosto de fazer, é isso.

Meus cabelos vão até abaixo dos meus seios, são castanhos, da cor dos meus olhos e destacam na pele branca.

-Julia!-Minha mãe grita novamente.

Apanho minha mochila e vou para a sala. Minha mãe está deitada no sofá assistindo sua novela gravada.

-E eu achando que a senhora ja estava no carro.-Digo.

-Só mais um capítulo.-Ela diz sem me olhar.-Vou pegar a Duda na cheche mais cedo e não vou poder assistir com ela aqui.

Duda é minha irmãzinha. Ela é um tanto sapeca.

Quando acontece o amor - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora