Aquele era o barman.
Ele tinha olhos verdes, cabelo levemente enrolado, vestia apenas preto, com tatuagens pretas e grandes no braço, pelo que pude ver e me lançou um olhar que parecia que ele conseguiria ver minha alma. Muita intensidade em poucos segundos.
-Olha quem voltou. Antes tarde do que nunca não Ana?
-Não aguentaria ficar tão longe... Das suas bebidas é claro.- Ana sabia ser sexy, ela sabia como agir, não que ela fizesse isso para atrair homens ou algo do tipo, era apenas natural para ela.
-Vou fingir que acredito.- O barman, Harry, continuou limpando a bancada como se nem estivéssemos lá.
-Precisamos de uma bebida e bastante álcool.
-A novata aí não tem cara de quem bebe muito.
-A novata quer tequila, obrigada. - eu bebo, eu gosto de beber e eu sei meus limites, não fico bêbada, gosto da sensação de estar alegre apenas.
- Nossa- ele me olhou nos olhos, ele não deveria fazer isso- você me surpreendeu.
- Essa sou eu.
-Adoraria saber mais sobre isso.
Meu deus.
Ele estava flertando comigo. Já fui flertada antes, mas nunca por caras que eu achava atraente.
-Espere a segunda tequila e te conto minha vida.
-É para já querida. Tequila então?
-Sim, por favor!!- Ana já estava animada e a música nem tinha começado.
Harry nos entregou sal, limão e o copo com shots de tequila, ver aquilo fez eu querer voltar atrás na minha escolha.
-Até a próxima tequila.- Harry disse e saiu de perto de nós para atender outras pessoas, enquanto tomávamos a tequila em um só gole, e essa seria ou uma noite longa ou uma noite que eu nem me lembraria. Acho mais provável a segunda opção.
-Vamos para a pista de dança!- Ana me puxou pela mão sem nem esperar eu responder. Fomos para a pista de dança que estava lotada, eu amava que as pessoas dançavam pra valer, ninguém se importava com maquiagem, roupa, cabelo, quem estava ao seu lado, era só dançar.
-Você precisa parar de dar encima do Harry.
-O que?
- Eu percebi que você gostou dele, mas não pode se aproximar.
Então tudo fez sentido.
Harry era o cara que levou ela para o banheiro e o paraíso dias atrás.
-Oh. Tudo bem.
-Somos amigas certo? Eu só quero o melhor para você. Harry não é flor que se cheire- ela dizia bem próximo ao meu ouvido.
-Como assim Ana?
-Olha não tem como te explicar, mas você não pode se aproximar dele tá certo?
- Eu entendo. Vamos só dançar.
Tudo ficou confuso.
Por que eu precisava ficar longe dele mas ela poderia ter ele?
E o que ele fez para ela pensar que o tornou má pessoa?
Ele era tão diferente de mim?
Talvez fosse para eu deixar quieto mesmo.
A música era boa. Me fazia quase esquecer que era eu ali. Parecia que naquele momento eu podia ser outra pessoa, quem eu deveria ser, aquele mulher que não estava presa ao seu passado, que era livre.
Porém até mulheres livres possuem dores no pé.
- Ana!- precisei gritar por causa da música- eu vou me sentar um pouco, meus pés estão me matando!
- Tudo bem! Eu vou ficar aqui tá?!
Eu voltei para a frente do bar procurar um lugar para sentar, os únicos lugares que tinham eram no camarote, o qual era fechado para quem possuía uma pulseira roxa, a qual eu não tinha. E na frente do bar. Eu tive que ir até lá.
Quando me sentei parecia que meus pés estavam mortos. Nunca mais usaria salto alto na vida.
-Pronta para a segunda tequila eu imagino?- Harry veio até mim. Por que deus? Você me faz querer tirar a calcinha.
Eu pensei isso mesmo?
-Acho que hoje apenas uma basta obrigada.- se na minha cabeça já estava pensando em tirar a calcinha pra ele, imagine com mais uma tequila.
- Pensei que seria a oportunidade de saber da sua vida.
- Você não iria querer ouvir, seria chato e deprimente.
- Vindo de você não acho que exista nada que não seja interessante.
Ok. Ele estava flertando comigo. Descaradamente.
- É bem clichê, pais separados, namorados idiotas, enfim, chato e deprimente.
- Não somos tão diferentes então. Deve ser um clichê mesmo.
-Sério?
-Sim, até poderia te contar, mas precisaria de algumas tequilas para isso.- eu não consegui me segurar e tive que rir.
Lindo e possui senso de humor. Aí.
- Por que as pessoas precisam de bebida para contar histórias, não seria bem mais fácil apenas dizer?
Sempre tive dificuldade para falar com meus amigos, mas acho que é porque eu sei que eles se importam comigo, vão tentar me deixar melhor ou vão fazer cara de pena, falar com um total estranho e atraente diga-se de passagem, era bem mais... simples. A pessoa não te conhece e provavelmente não está nem aí para você, um ótimo ouvinte apenas. Falar com ele se tornava cada vez mais natural e só nos falamos duas vezes eu acho.
-Não é tão simples. É preciso de coragem para se abrir e por seus problemas em palavras, querendo ou não a bebida te ajuda nisso, mas depois você não consegue por as palavras de volta.
Era exatamente por isso que ninguém sabia sobre mim, quando eu dissesse não teria volta e a cara de pena surgiria e pena era a última coisa que eu queria que as outras pessoas sentissem de mim.
Quem era esse estranho que conseguia me entender sem nem ao menos me conhecer?
- Exatamente. Mas às vezes fica um peso não? Como você se alivia disso?
- Nossa uma tequila não te fez bem, imagine se tivesse tomado duas. Estaríamos agora em seções de psicólogo. Me desculpe querida, mas não sou formado nisso.
- Quantos anos você tem?- como ele poderia já ter se formado? Pareceria que tínhamos a mesma idade.
- Isso é um encontro?
- Não. Como assim? - talvez ele seja um pouco estranho.
- Parece um encontro. Você quer saber sobre a minha vida. E você foi a única que tomou tequila. Ainda não tenho a coragem de me abrir.
- É que parece que temos a mesma idade e você falou de se formar, apenas surgiu a dúvida.
-Vanessa!- Ana voltava da pista de dança- Você precisa conhecer os amigos do cara que eu acabei de conhecer.-Ah, oi Harry- ela falava meio mole- voltei para você e suas bebidas.
- Eu percebi Ana, é sempre bom ter você perto. Bem perto. Como nos velhos tempos né?
-Hum, você sente falta dos velhos tempos?
Não entedia o que estava acontecendo aqui, eles se conheciam?
- Bastante. Você precisa voltar mais vezes. Meu amigo tá com saudades de você.
Era apenas um amigo ou sobre pênis dele que ele estava falando? Homens gostam de chamar sua parte sexual de amigo certo?
-Também estou com saudades dele. Bem no fundo.- Não, eles realmente já ficaram. E saber disso me embrulhou por dentro.-Nenê precisamos ir embora, não estou me sentindo bem. - ela se jogou em mim, quase caindo.
- É melhor você levar ela. Agora. Você não cuidou da sua amiga?- ele me perguntou bravo, do nada.
-Eu sei tá! Eu cuidei dela, bebemos a mesma quantia, estava tudo bem até agora.
-Então é melhor vocês irem.-
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Vou apenas quebrar seu coração
RomanceHISTÓRIA (+18) TODOS OS DIREITOS SÃO RESERVADOS! PLÁGIO É CRIME! Hoje é a estreia do meu livro, eu tentei várias vezes esquecer de tudo o que passei, pelo o que passamos juntos, mas toda vez que eu dizia para mim mesmo que eu deveria deixar isso par...