Cap. 18: Imprevistos

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12h. Cheguei ao meu quarto exatamente neste horário.

Tremendo por estar encharcada, corri até o banheiro e tirei o maiô, tomando um banho bem quente. Meus músculos fracos agradeceram a carícia das gotas, fazendo-me suspirar ao desligar o chuveiro e passar a mão no espelho coberto de vapor. Voltei para o quarto, pondo um vestido curto e rosinha, com um elástico que prendia na cintura e uma saia cheia de babados. Como o vestido chegava apenas na altura dos joelhos, não dificultava tanto assim meus movimentos, o que me possibilitou espalhar-me de qualquer jeito na cama, esperando por Bianca e pelo almoço.

Que não vieram. Esperei, esperei e esperei, franzindo a testa ao observar o relógio e perceber que já era 13h e 30min. Bianca nunca se atrasara daquele jeito, principalmente porque sabia a fome que o remédio causava.

Levantei do colchão enorme e macio, pondo a mão na barriga, que começava a roncar. Além de já estar há pelo menos 12h sem comer (desde a noite anterior), eu havia nadado bastante, o que contribuia para a exaustão.

Fechando os olhos, voltei a me deitar, pensando que Bianca logo viria.

Duas horas se passaram, e ela nem sequer batera à porta, como sempre fazia para saber se eu estava ali. Tamanha a fraqueza, minhas mãos começaram a tremer. Nem água haviam me trazido, por isso andei até o banheiro e me debruçei sobre a pia, bebendo da torneira mesmo.Sequei a boca com as costas da mão, resolvendo esperar apenas mais 15min, para ver se alguém dava um sinal de vida.

Apenas poucos segundos depois de eu tomar esta decisão, a porta se abriu, e Bianca entrou, com uma cara nada boa.

- O que aconteceu? - perguntei, sentindo as pernas bambearem.

- Ah, Alessa! - ela exclamou, fechando a porta - você não faz ideia de com que se meteu!

Cerrei os punhos, tentando fazê-los pararem de sacudir.

- O que foi? - perguntei novamente, meio assustada.

Bianca suspirou sentando-se ao meu lado na cama e pondo o rosto entre as mãos.

- Datha ordenou que não lhe tragam mais comida, por causa da sua insolência. - sussurrou, a voz trêmula.

Meu queixo caiu. Sem... comer? Céus...

- O quê?! Por quanto tempo?! - gritei, pulando do assento.

- Não sei. Ela não disse. - murmurou, mas não me virei para ela. Estava ocupada demais esfregando as têmporas e pensando no que eu iria fazer - mas... punições desse tipo, costumam durar dois dias.

Trinquei os dentes. Dois dias?! Eu não aguentava nem mais uma hora!!!

Esfreguei minha testa, tentando pensar em algo.

- Já sei! - exclamei, por fim - Ônix pode me ajudar!

Bianca se levantou.

- Ônix? Alessa, acho que não é uma boa ideia envolvê-lo também. - sussurrou, baixando o olhar.

Travei no lugar. Era verdade. Não era justo eu colocá-lo no meio de minhas próprias responsabilidades. Mas... eu estou com tanta fome... balançei a cabeça. Não podia fazer aquilo.

Apertando com força a região do estômago, voltei para a cama com os olhos fixos nos pés.

- Sinto muito, querida. - Bianca murmurou, pondo a mão na minha testa como uma irmã mais velha super-protetora.

- Tudo bem. Eu nem estou tão mal assim. - menti, tentando melhorar um pouco as coisas horrendas.

Aquela não era a última vez na qual fingiria, só para tentar melhorar a realidade.

Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora