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  O primeiro dia de Alex na casa de seus pais, já havia sido um completo fracasso, ele acordou cedo irritado e para piorar tinha um entrevista de emprego, rapidamente se arrumou e desceu as escadas, Helena estava acordada fazendo café.

- Bom dia querido.

- Bom dia mãe. -Alex pegou algumas torradas.

- Eu sinto muito por ontem, sabe como seu pai é, talvez se você tentar ser mais compreensível e ter paciência ele mude.

- Até parece, cansei, desde a adolescência tento recuperar o afeto dele, só levo patada e reclamações, mal posso esperar para ir embora... mas... desculpe por ter falado de quando você ficou doente, é que eu fiquei nervoso... -ele se sentiu culpado por ter soltado aquilo sem querer.

- Tudo bem, sei que não falou por mal. -Alex colocou uma torrada na boca, pegou sua pasta e saiu andando. - Espera, não vai comer direito? ainda está muito cedo.

- Quero chegar antes, ter um tempo fora de casa para relaxar e ficar menos nervoso!

- Ok, boa sorte!

  Alex foi para fora, onde seu carro estava estacionado, quando percebeu que um dos pneus tinha sido furado "que droga!" ele então atravessou a rua, enquanto andava desatento, começou a procurar dinheiro para passagem dentro da pasta, tirou alguns papéis e achou, foi quando levou um esbarram de alguém, fazendo os papéis em sua mão caírem.

- Está cego?! -gritou ele de forma ignorante sem olhar a pessoa.

- Desculpe... mas eu estou sim. -disse uma voz masculina, porém suave, Alex olhou para o lado e viu o rapaz do dia anterior, com o vento balançando seu cabelo enquanto ele sorria.

- Sério? -perguntou mas não em relação a ele ser cego e sim encantado com a beleza do rosto do jovem.

- Sim eu sou cego a algum tempo.

- Ah... me perdoe, estou tendo um dia ruim e acabei descontando em você...

- Tudo bem, por acaso eu derrubei algo importante? -perguntou se virando na direção oposta à que ele estava.

- Não, foram só alguns papéis. -Alex se abaixou para pegar. - Espera, se você é cego, cadê sua bengala? -perguntou o olhando de cima a baixo, "moço bonito" pensou vendo o corpo com curvas salientes.

- Estava correndo com o Pixi e ele me guia muito bem pelo caminho.

- Pixi?

- Sim, meu cão guia e melhor amigo. -o rapaz passou a mão no cachorro ao seu lado.

- É um belo animal... -Alex pegou tudo e levantou. - Mais uma vez, desculpe por gritar.

- Todos temos dias que da vontade de gritar... até mais, desconhecido que gritou comigo. -ele acenou com a mão direita.

- Até... rapaz do cabelo dourado!

  Ambos riram e cada um foi em uma direção, Alex se arrependeu de não ter perguntado o nome do rapaz, seguiu para as entrevistas de emprego, lembrando a todo momento daquele belo sorriso que o jovem lhe deu e começando a rir do nada.

  No final do dia Alex estava morto de cansaço, ao chegar foi direto para o quarto, muitas coisas passavam pela sua cabeça, porém, no meio de tantos pensamentos, sobre um novo emprego, sua demissão e ir morar com seus pais, ele lembrou do rapaz de cabelos dourados, Alex decidiu correr de manhã para ver se dava a sorte de o reencontrar.

  Acordou cedo, antes de todos na casa, tomou um café da manhã reforçado e saiu na rua, olhou para os lados e logo avistou quem queria, sorrindo ele foi para o outro lado da rua, chegou perto e Pixi latiu.

- O que foi Pixi? -perguntou o rapaz parando.

- Acho que ele latiu por minha causa. -disse Alex se aproximando mais.

- Oi... É o desconhecido que gritou comigo? -perguntou tirando risadas de Alex e reconhecendo sua voz forte. 

- Sim, mas meu nome não é esse.

- Então como o devo chamar? -ele sorriu enquanto o cabelo balançava com a brisa.

- Sou Alex, posso saber seu nome,  rapaz do cabelo dourado?

- Lion, prazer em conhece-lo. -ele estendeu a mão um pouco distante de Alex, que o cumprimentou.

- Está caminhando?

- Sim, faço isso todas as manhãs com o Pixi, já que a tarde o chão fica muito quente para as patas dele.

- Legal, posso acompanhar vocês?

- Claro, nós vamos até a praia e voltamos. -eles começaram a caminhar pela calçada.

- Já bateu a cara em algum poste? -Lion riu da pergunta.

- Não e você?

- Já, como deve ter notado, eu não presto atenção onde estou indo quando fico nervoso.-ambos riram. Você é totalmente cego?

- Sim, não vejo nada desde meus treze anos.

- Sinto muito... vou parar de fazer perguntas idiotas.

- Tudo bem, eu lidei muito bem com o fato de estar cego e acho importante que as pessoas tirem suas dúvidas, mesmo que pareça idiotice. -afirmou sorrindo.

- Você é diferente dos cegos que já conheci.

- Conheceu muitos cegos?

- Não, só queria dizer algo legal. -eles riram novamente.

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