Eu e o Joaquim nos amávamos muito, mas infelizmente fomos obrigados a nos separar. Nossa família sempre foi muito próxima, e com isso acabávamos passando bastante tempo juntos, e acabou que nos apaixonamos ou pelo menos achávamos que estávamos apaixonados.
Com a volta da minha família para o interior do Rio de Janeiro, acabamos tendo que nos separar, mas ainda mantínhamos contato por telefone. Mas com o tempo as ligações foram diminuindo e o namoro desgastando e acabamos por terminar.
***
Hoje, 15 anos depois, eu voltei para a cidade em que cresci. De volta a minha velha casa, lembranças do passado me voltam a mente, momentos felizes da minha infância, meu namoro de adolescente, foram bons tempos.
- Maria me ajuda aqui filha. Diz a minha mãe.
- Estou indo mãe. – Eu ainda moro com os meus pais, por ser enfermeira e os meus pais já estarem com uma idade avançada, eu resolvi continuar morando com eles para ajudar com as despesas ou caso eles fiquem doentes, não quero nenhum estranho cuidando dos meus pais sendo que eu sou capaz de fazer isso sozinha. – A senhora não tem que ficar pegando peso mamãe.
- Maria Fernanda, eu não sou nenhuma velha caduca que não pode sequer carregar uma mala. Eu estou velha, mas ainda tenho força nesses braços. – Ela bate no seu braço pra demonstrar que ainda tem força. Rindo pra ela digo.
- Ué, então por que a senhora pediu a minha ajuda já que tem tanta força nos braços assim? – Coloco minhas mãos na cintura demonstrando uma falsa indignação.
- Porque eu sou sua mãe e estou mandando você me ajudar. Agora vá menina. – Continuo rindo e vou em direção ao carro retirar o restante das bolsas que estão no porta-malas.
- Mãe, trouxe todas as malas, mas eu não vi o meu pai lá fora. Cadê ele?
- Ah filha, ele foi convidar os Torres para um churrasco de comemoração da nossa volta pra cidade. Ela diz. A família Torres, é a família do Joaquim, o meu ex- namorado de infância.
- Ah tudo bem então. Eu vou lá em cima pra ver como está o estado do meu antigo quartinho. Qualquer coisa que a senhora precisar é só me gritar viu?! – Digo, mando um beijo no ar pra ela. Pego minha mala no caminho e subo para meu quarto de infância.
O meu quarto continua intacto. Como minha tia materna sempre vinha limpar a casa para os meus pais, o meu quarto continua do jeitinho que eu deixei quando fui embora. Minha pequena cama de solteiro de ferro branco, minha escrivaninha, meu minúsculo guarda roupa e até as minhas cortinas cor de rosa continuam ali na minha janela.
Minha janela, lugar onde muita das vezes em que estive de castigo tive que namorar. Sempre que eu aprontava alguma coisa e os meus pais me proibiam de sair de casa, tinha que vir para sacada conversar com o Joaquim, eu na minha e ele na dele.
Hoje em dia, eu não sei mais nada sobre ele. Se ainda mora aqui, se está casado ou se já tem filhos, não sei absolutamente nada. Depois que o nosso namoro acabou de vez, nunca mais nos falamos ou nos vimos.
Indo em direção a janela, resolvo abri-la pra entrar um ar e acabo me debruçando sobre a mesma devaneando sobre o meu passado nessa cidade e nesse bairro.
Saio do meu pequeno transe com a dona Teresa, minha mãe, me chamando.
- Maria querida, venha aqui. – Saio do meu quarto e vou até o topo da escada e digo.
- Sim mãe, o que foi? Precisa de ajuda ai?
- Preciso sim filha, o seu pai saiu para comprar umas coisas. Vamos mesmo fazer o churrasco, preciso que me ajude a cortar uns legumes.
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O Futuro Inesperado
Short StoryUm casal de adolescente que foram separados pela distância, mas que o amor era tão forme que foi capaz de resistir ao tempo. Hoje, adultos e bem sucedidos, o casal se reencontra e percebem que aquele amor de criança nunca foi apagado.