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Tomo um pouco de água e olho para cima. Se existe um Deus no céu, com certeza ele não deve gostar muito de mim.

Depois que vi Pietro comecei a passar mal, meu pai pediu uns minutos para mim "me recompor", como se ele se importasse realmente comigo.

Olho em volta e vejo Pietro sentado em um banco com a cabeça encostada na parede.

Respiro fundo tomando coragem e começo a ir em sua direção. Foi por isso que ele me deixou?

Preciso conversar com ele, preciso saber. Já fazem três meses e meio, ele tem que me dar respostas.

-Pietro?- o chamo quando chego perto.

Então ele abaixa a cabeça e me olha. Ele mudou, seus cabelos estão uma bagunça, seus olhos estão vermelhos e a pele de seu rosto que antes era lisinha está com uma barba rala.

-Zara?- ele pergunta surpreso.

-Oi, Pietro...

-Desculpa, Zara- ele me interrompe com seus olhos cheios de lágrimas- me perdoa.

Nos abraçamos.

-O que aconteceu, Pietro?- pergunto enquanto ainda estamos abraçados.

-Eu não sabia, não fazia a mínima ideia de que foi meu pai quem fez isso com você- ele diz despois de nos separarmos- quando falei pra minha mãe que eu ia te levar para o baile... quando eu disse que ia te pedir em namoro...

Foi muito difícil ouvir aquilo dele. Muito. Mas a pior parte, com certeza, foi vê-lo abaixar a cabeça e chorar.

Eu levantei a cabeça dele lentamente e o abracei novamente com toda a força que eu pude. Ficamos alguns segundos assim. Abraços e chorando.

-Zara, eu te amo- fala Pietro- eu queria que você me perdoasse pra gente voltar a ser como era antes...

Me lembro de tudo novamente. Eu estou morando em outro lugar, estou grávida do Paulo e seria impossível de qualquer maneira.

-Me desculpa, Pietro, mas eu estou- tento falar para ele da gravidez mas meu pai chega bem na hora.

-Vamos, Zara- ele diz ríspido e tenho que entrar novamente para acompanhar o julgamento.

Não foi fácil mas, aguentei ver Pietro durante todo o julgamento. Que foi adiado. Infelizmente.

Voltamos para casa, ou melhor, para o meu cativeiro. Isso não é certo, meu pai está me mantendo em cárcere privado só porque eu estou grávida.

Sobre Pietro, eu não sei o que fazer. Tentar esquece-lo dói, tentar espera-lo dói, e não saber escolher entre esquecer e esperar também está doendo.

**
-O que você acha, menina?- Rosa me pergunta me estendendo um vestido.

-Muito lindo- falo.

Estamos na cozinha enquanto ela me mostra umas peças de roupa.

Meu pai passa pela gente com um cheiro nada bom de cigarro.

Ele começou a fumar de uns dias pra cá. Acho que é por causa do estresse, mas não acho que isso seja uma válvula de escape.

Só que, sinceramente, eu nunca precisei dessas coisas, tudo o que eu amei já me destruiu o suficiente.

Se passou uma semana desde que eu vi Pietro. Eu queria conversar com ele nem que fosse por mensagem, só que meu pai tirou o chip do meu celular e eu não tenho a senha do wifi daqui.

Tem tanto lugar pra ele ir, mas ele insiste em ficar na minha mente.

-Zara- meu pai me chama- vou viajar hoje.

Ele fala como se eu me importasse.

Não, pai, eu não estou nem aí, vai pra onde você quiser.

-Tudo bem- falo com a maior cara de tédio, não sou obrigada a fingir que ligo pra isso.

-Rosa, tem como cuidar dela?

Rosa balança a cabeça como uma fiel cachorrinha pelo menos ela não é chata como a Vanessa. Nunca pensei que iria sentir tanta falta da Ruth.

Vou para o meu quarto depois que meu pai sai com as malas. Com certeza ele vai pra longe e vai ficar por dias.

Me olho no espelho, eu estou parecendo com algum personagem do The Walking Dead. Sim, estou falando dos zumbis.

Olho para o relógio que fica pendurado atrás da porta. São exatamente três da tarde.

Acho que uma das piores coisas de ter vindo pra cá foi ter que parar com a faculdade, meu maior sonho que fiquei três anos tentando realizar.

-Zara?- Rosa pergunta na porta- seu pai já se foi.

-E daí, Rosa?

-E daí? Você não quer ir ver o tal do Pitro?- ela pergunta com um sorriso que nunca vi antes.

A ficha cai. Ela quer mesmo me levar pra ver ele?

-Como assim, Rosa?- pergunto desconfiada.

-Para de fazer perguntas, vem, vamos logo, Pitro nos espera.

Sorrio e vou com ela. Meu pai emprestou o antigo carro da minha mãe pra ela e é nele que vamos.

Não consigo acreditar nisso. Vou vê-lo finalmente e poderei explicar tudo.

Rosa o chama de Pitro pois é assim que eu o chamo quando falo dele para ela. Pois isso me faz lembrar de quando nem éramos amigos e minha vida ainda era aparentemente normal.

Sinto tanta falta daqueles dias. Pena que não voltarão.

Agora estou indo para minha antiga cidade ver o cara que a amo escondida do meu pai. Mas, eu parei para pensar e percebi que o coração fica de lado esquerdo e por isso não faz nada direito.

Faz sentido.

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KIKIKIU

A Zara vai atrás dele ❤

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Essa é uma história de amor (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora