Seis semanas depois
— Não pode ser. Eu não posso ser tão azarada assim. — Eu gemi. — Por favor Deus. Que isso seja uma mentira. Por favor.
— Eu iria te dar os parabéns, mas pela sua reação a notícia não veio em boa hora. — Minha ginecologista falou, enquanto limpava o gel da minha coxa, onde ela tinha encostado o aparelho de ultrasom intra vaginal. — Você está de aproximadamente cinco semanas, mas nesse tamanho pode haver uma variação de alguns dias.
— Eu estou de seis semanas.
— Então você sabe a data da concepção? Isso vai ajudar.
— Sim. Sei a data da concepção, pois foi a última vez que fiz sexo... — Sei até quem é o pai, pensei, mas não falei. Só o que não sabia era como iria contar.
Com a imagem do ultrassom na mão, segui até o estúdio onde os caras estariam gravando. Pouco antes de chegar, meu telefone tocou.
— Maria Clara. — Atendi ainda atordoada com a notícia.
— Olá Maria Clara, eu sou a Marcia Ramos. Estou entrando em contato com você sobre os Palermos. Nós estamos escolhendo uma banda para abrir os shows do Jota Quest e gostaríamos de conversar com vocês. Seria possível marcarmos uma reunião essa semana ainda?
— Claro.
Eu estava atordoada e permaneci assim por uma semana após a descoberta da gravidez. Quando finalmente veio a notícia de que Palermos iriam abrir os shows do Jota Quest durante a turnê e que essa turnê levaria quase um ano, voltamos para minha casa, Bruno, Pedro e eu, e nos sentamos no sofá. Sorriamos bobamente. Eu estava feliz por eles, mas não sabia como poderia ir junto durante a turnê. Nos últimos dias os enjoos matinais estavam me matando. Dormir em beliches em um ônibus de banda já não parecia tão legal.
Quando Bruno apareceu com uma garrafa de vinho que estava na minha geladeira e três taças, eu sabia que meu tempo tinha acabado.
— Vamos brindar ao Palermos, ao sucesso, à fama, à família e tudo de bom que está em nosso futuro. — Bruno entregou uma taça para cada um de nós e levantou a sua própria. Eu brindei, mas não bebi o vinho.
— Sabia que não beber um brinde dá azar? — Pedro brincou, mas percebi que ele estava me olhando diferente, como se sentisse que algo estava errado.
— Eu sei, mas não posso beber. — Eu olhei para teto em busca de ajuda, mas nada veio, então apenas despejei em cima deles. — Eu não vou poder sair em turnê com vocês. Posso até ir no início, mas não vou poder ir durante toda a turnê.
Bruno e Pedro agora me olhavam sérios.
— Você pode me explicar por que você não pode ir? Está pulando fora agora que mais vamos precisar de alguém pra organizar nossa vida e nos manter na linha? — Bruno esbravejou.
— Eu não estou pulando fora quando vocês mais precisam e eu não sou a porra da babá de vocês. Vocês dois são bem grandinhos para...
— Então por quê, Maca? — Pedro perguntou, me interrompendo.
Lancei um olhar irritado para ele, antes de desviar o olhar e responder.
— Estou grávida.
Se uma pluma tivesse caído no meio da sala, teríamos conseguido ouvir, tamanho o silêncio que foi feito. Bruno tombou na poltrona, com olhos arregalados e a boca aberta. Pedro ficou mais branco que papel.
— Quanto tempo? — Pedro murmurou. Eu podia ver o cérebro dele calculando quanto tempo atrás nós tínhamos estado juntos.
— Vai fazer seis semanas amanhã.
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Ensina-me a dar Prazer - (CONTO COMPLETO)
Short StoryUm babaca me chutou e pra afogar minhas mágoas, bebi todas e dormir com meu irmão. Ok! Ele não é meu irmão, mas era como se fosse. Pedro e eu somos melhores amigos desde sempre. Eu estive com ele durante o início de sua carreira como baterista em u...