Chego no colegio e jogo a mochila na mesa. Me sento meio jogada e coloco os fones, ouvindo uma música aleatória. Deito a cabeça, enfiada na mochila e acabo cochilando por ter madrugado.
De repente, sinto uma mão em minhas costas e abro os olhos devagar, vendo Rafael ao meu lado com um pequeno sorriso. Franzo o cenho, já que não falava com ele (mesmo que o achasse gato) e fico sentada. Percebo alguns amigos me encarando com um sorriso malicioso e fico ainda mais confusa. Rafa puxa uma cadeira e se senta ao meu lado, me olhando.
—Acorda, o professor passou um trabalho e definiu as duplas. Acabei ficando com você. —Pausa— Na dupla. — Ele fala, se corrigindo rapidamente e sorrio. Tiro os fones e o olho mais atentamente, seus olhos intensos fixos em mim.
—Trabalho de?
—História. Sabe, tenho a ligeira impressão que não vai dar pra terminar tudo na sala… — O olho, sentindo seu tom sugestivo e franzo o cenho, o olhando como se achasse estranho. Ele arqueia a sobrancelha.
—Eu moro aqui perto, e estou sozinha em casa hoje.
—Eu vou direto pra lá, pode ser? —Ele fala se aproximando e eu seguro um sorriso mordendo o lábio.
—Vamos começar?— Falo me afastando um pouco e o vendo fechar a cara levemente. Logo ele suaviza sua expressão com um baixo murmúrio e assente com a cabeça, pegando o caderno. Pego algumas canetas e o livro e começamos a fazer o tal trabalho, trocando alguns olhares.
Após alguns minutos ele bufa, me olhando copiar alguns trechos do livro.
—Que tal a gente terminar tudo agora e fazer algo melhor à tarde? — Ele fala, mas bem ao pé de meu ouvido; sua voz por algum motivo rouca. Ele corre a ponta dos dedos pelo meu braço, na parte exposta. Arrepio virando os olhos o suficiente para olhar Rafael e dou um sorriso de lado, próxima o suficiente para sentir seu hálito em meu rosto.
—Não vai ter nada além do trabalho à tarde, Rafael. — Falo e olho os lados, percebendo que ninguém nos observava. Sorrio fraco novamente e quando ele abre a boca para retrucar eu o beijo, um selinho mesmo, mas o suficiente para fazer ele calar a boca. Ele morde meu lábio inferior e nos afastamos um pouco.
—Claro, nada. Apenas o trabalho. Quem disse que eu queria algo a mais? — Ele fala um pouco mais animado do que deveria e eu rio, me controlando para não rir alto demais e atrair olhares. Balanço a cabeça, ouvindo o sinal tocar.
—Que bom, pois eu jamais iria querer nada com alguém como você. —Falo tentando soar séria e ele faz cara de afetado, colocando uma das mãos sobre o peito. Nos levantamos, rindo, e ele me deixa ir na frente. Sorrio para alguns amigos e sinto a mão dele em minha cintura. Ele se aproxima (que mania…) e fala no meu ouvido, bem baixo.
—A gente termina em casa. — Mesmo de costas sinto seu sorriso e o beijo em meu pescoço. Mantenho um sorriso de lado e balanço a cabeça ajeitando o cabelo e cruzando os braços com o de uma amiga, indo para o intervalo.
—–〰—–
Volto a me sentar, já vendo Rafa na cadeira ao lado, com todo seu material dessa vez. Arqueio a sobrancelha, mordendo o lábio inferior por mania.
—Se mudou?
—Assim a gente adianta mais isso, e aproveita pra conversar um pouco.
Ele fala sem o habitual ar de riso e dou de ombros, não sabendo dizer se o “isso” foi o trabalho ou outra coisa. Pego um dos fones e o coloco, deixando a música meio alta. Dou o outro a ele, que sorri de lado ao ouvir “Bem Estar- 3030 part. Cacife Clandestino”. Voltamos ao trabalho, aproveitando o período livre.
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