Já são nove e meia da manhã. Estou aqui na cozinha, sentada, esperando a hora passar. O dia de ontem me desgastou bastante, mas não consegui dormir direito, talvez pelo novo ambiente. Preguei os olhos algumas vezes e logo acordava novamente.
Não vou dizer isso à Liz, acho que ela vai querer me levar de volta e não quero estragar seus planos de natal para a gente.
– Bom dia Pretty – o ser irritante entrou no cômodo. Estava apenas de bermuda, portanto meus olhos desviaram para seu abdome – Gosta do que vê? – senti meu rosto ruborizar instantaneamente. Idiota.
– Não estou vendo nada – desviei o olhar para minhas mãos em cima da mesa – E por que me chama de pretty? Meu nome é Clair. CLAIR.
– Porque você é bonita – revirei os olhos ao passo que meu estômago deu uma pequena revirada – Aliás, andei pensando – sentou-se de frente para mim – Já que não nos vemos há um tempo, quero que você venha num passeio comigo hoje, o que acha? – sorriu de lado enquanto aguardava minha resposta.
Pensei por um instante. Por que não?
– O que me faria querer ir com você? – semicerrei os olhos em sua direção.
– Vamos fazer assim. Se você for e se divertir terá que me dar um par de suas pantufas,
– Você ainda lembra-se delas? – interrompi.
– Se for e não se divertir, eu vou te dar dez pares novos – arregalei os olhos – O que me diz?
A frase "De pares de pantufas" me fez optar somente pelo sim, mesmo que eu tenha que passar uma tarde ao lado dessa pessoa pirracenta.
– Trato feito – sua mão pegou e apertou a minha. Ele se levantou – Sairemos às – olhou o relógio – Dez.
Faltava apenas vinte minutos para me arrumar, e o que fiz foi correr para o meu quarto e fazê-lo.
*
Olhando para essa feira de brincadeiras, eu não faço a menor ideia do que vamos fazer aqui.
– Por onde quer começar? Tiro ao alvo, adivinhação ou boca do palhaço?
– Eu acho melhor nós irmos para outro... – não consegui terminar a frase, o mesmo me puxou e levou-me à uma das barracas.
Não consigo dizer realmente em quantas nós fomos, mas vou dizer a verdade, ele vai ganhar um par das minhas pantufas. Eu me diverti muito e também fiz coisas que jamais imaginei ser capaz de fazer, ele me ensinou a usar todos os brinquedos e ainda comprou algodão doce. Eu nunca comi algodão doce e, posso garantir, é muito bom.
Além disso, eu brinquei de anjo de neve e guerra de bolinhas. Uma garota de dezesseis anos e um garoto de dezoito estarem fazendo isso é motivo suficiente para as pessoas olharem rindo para nós.
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Uma Última chance
RomansaClair sempre foi uma garota realista. Todos seus objetivos, sonhos e desejos sempre se resumiram a colocar sua saúde em primeiro lugar. Diagnosticada com leucemia aguda, ela foi deixada pelos pais aos cuidados do hospital desde seu um ano de idade...