Twinkle, twinkle

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Kurapika não sabia o que estava fazendo ali. Pensou em dar meia volta e ir embora; talvez retornar ao hotel, à segurança de seu quarto solitário. Alisou a bolsa que trazia a tiracolo, indagando-se onde estava com a cabeça quando aceitara o convite. Suspirou. Ele não ficaria realmente chateado, não é? Não seria a primeira vez que Kurapika cancelava o acordo no último minuto. Com uma leve resignação, o Kuruta virou as costas para a porta. Ouviu o som dela abrindo.

— Kurapika? — chamou Leorio.

O loiro abriu um sorriso e se voltou para o mais velho.

— Como você soube? Tenho certeza de que meu zetsu estava perfeito.

O Paradinight passou as mãos por seus cabelos. Também sorria.

— Intuição, acho. Eu apenas imaginei que você estaria aqui.

Kurapika assentiu solenemente.

— Quer entrar? — Leorio estendeu o braço, como se a aceitação do convite fosse uma imensa honraria.

— Eu já vim até aqui, não?

O Kuruta adentrou o apartamento, ainda tímido. A sala estava mesmo muito bonita; Leorio caprichara na decoração. A árvore de Natal erguia-se soberba ao lado da estante. Sobre a mesinha de centro, um belo abajur em formato de rena acompanhava pequenas bolas de vidro vermelhas. O grande porta-retratos na parede atrás do sofá estava ornamentado com pisca-pisca colorido.

— Não sabia que eram tantas — disse Kurapika.

Leorio tocou seu ombro, admirando as fotos que organizara com tanto esmero. Havia diversos Gons e Killuas e também alguns Kurapikas. Aqui e ali, um alegre Kurode dourado. Nas imagens, só faltava um pouco mais de Leorio, que aparecia em apenas duas: uma com o grupo inteiro reunido e outra dedicada a ele e ao Kuruta.

— Eu gosto de olhar para elas. Faz parecer que estão todos aqui.

Kurapika fitou-o. Leorio ainda tocava seu ombro.

— Você não ia vir, não é? Ia me deixar aqui sozinho.

— Não diga besteiras! — defendeu-se o loiro. — Eu apareci, não apareci?

— Mas não tocou a campainha. — O Paradinight sorriu para ele, vitorioso. — Aposto que estava pensando em ir embora.

Kurapika prensou os lábios. Desvencilhou-se do toque e caminhou até a cozinha. Kurode abriu os olhinhos preguiçoso, mas levantou a cabeça de imediato ao sentir o cheiro. Em menos de dois segundos, sacudiu o sono para lá e correu até o Kuruta, latindo e abanando a cauda.

— Olá, Kurode! Como vai? — cumprimentou Kurapika, afagando seu pescoço. — Que saudade eu senti de você.

— E de mim? — indagou Leorio.

— Estou falando com o Kurode.

Os três acomodaram-se na sala, Kurapika e Leorio no sofá, Kurode no tapete aos seus pés. Conversaram sobre as coisas, amenamente, quase com nostalgia. Lembraram-se dos meninos, do sorriso inocente de Gon e da esperteza de Killua. Eram boas crianças apesar de tudo. Aos pouquinhos, o tema foi mudando dos pequenos detalhes do passado ao caos ubíquo do presente.

— No início de novembro, nós fomos a um abrigo de idosos para fazer alguns exames de rotina. Era um serviço voluntário que acabou gerando muitas brincadeiras. Você ficaria surpreso em saber como os velhinhos são animados. Alguns deles até dançaram jazz com a Samantha — contou Leorio divertindo-se com a lembrança. — E você, o que tem feito?

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