O percurso

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O ônibus estava saindo do bairro em que morava em direção ao centro da cidade, ele parava em todas a paradas de ônibus. Eu só observava o semblante das pessoas que estavam sentadas esperando seu ônibus, percebi que parecia que cada um vivia um mundo diferente, uns ficavam de pé com fone de ouvido olhando o celular, outros sentados apreensivos com o tempo que o ônibus chegaria e havia alguns que simplesmente encostavam suas cabeças no suporte da parada de ônibus apenas pra tirar um cochilo.
Engraçado eu estar tão ligada aos detalhes daquele percurso, não sei porque reparava tanto nas coisas.
Bom, logo íamos passar no bairro em que o Enzo morava, o coração já estava aflito, estava demorando tanto pra aquele ônibus chegar ao bairro dele, que deixava meu coração tão acelerado, até comecei a roer as unhas, de tanta ansiedade.
Lá está ele, estava de tênis, calça jeans e uma blusa gola polo, ele fica lindo de qualquer jeito, nossa ele estava perfeito, pensei eu.
E ele subiu no ônibus, de longe já me viu, abriu um sorriso e se sentou ao meu lado.
-Bom dia minha linda. Foi o que Enzo me disse, me dando um selinho.
E eu falei:
-Bom dia Enzo. E logo Perguntei a ele.
-Porque você é tão lindo, apertando suas bochechas?
Ele me respondeu
-Eu lindo? Com um ar de ironia.
Enzo era meu primeiro namorado e eu era louca de amor por ele. Nos conhecemos dentro do ônibus e descobrimos que éramos feitos um pro outro. Passávamos muito tempo conectados ao telefone, era mensagens de manhã, de tarde, de noite e às vezes até de madrugada. Quando digo que ele era lindo mesmo, imaginem um rapaz de pela morena, cabelos castanhos, olhos castanhos, uma barbinha bem rala e seu porte era magro, pra mim um moreno marrom bombom, mal imaginava eu, que seria a última vez que veria.
Durante o percurso o celular de Enzo não parava dar sinal de notificações, pensei eu, quem será que esta mandando tantas mensagens pra ele já logo de manhã? Na coragem pedi pra ele quem era e ele gaguejando me respondeu.
- uma amiga do trabalho.
E eu imaginando quem seria, não era uma atitude de uma moça ciumenta, mas de alguém que cuida e preza o que tem ao seu lado. Perguntei a ele:
-Preciso me preocupar com ela?
E ele disse:
-Não minha linda, não tenho olhos pra outra mulher, essa moça é apenas uma colega de trabalho que começou a pouco tempo no meu setor e ainda está perdida com as coisas do trabalho.
E ele me abraçou com aquele sorriso dizendo:
-Relaxa você é minha linda.
Sempre imaginamos o pior em um relacionamento, afinal as pessoas ruins estão por todo o lado.
Do nada Enzo fala:
-Vamos fazer uma selfie.
E eu já sorrindo encostei minha cabeça em seu ombro, muito feliz e extremamente apaixonada. Aquela foto seria a sua única lembrança minha para Enzo.
Em quanto isso o ônibus passava de uma bairro ao outro e pela janela víamos tudo passar tão rápido e assim foi até chegar na portaria da empresa onde trabalho. Me despedi de meu amor dando um beijo apertado e entrei pra dentro da empresa.

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⏰ Last updated: Dec 25, 2016 ⏰

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A morte na minha portaWhere stories live. Discover now