2 | Atrasados

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  Como todas as quintas feiras, o TUCA começava a ficar movimentado desde o fim da tarde/início da noite. 

  Os primeiros a chegar são Daniel e Anderson, acompanhados do Jeff e do Diego. Enquanto Jeff e Diego vão começar a organizar as coisas para a sessão daquela noite, Daniel e Anderson vão ao camarim. 

  Elídio chega por último, com quase uma hora de atraso. 

  — Desculpem o atraso, foi mal! 

  — Qual a desculpa de hoje? Vamos ver... Trânsito? A resistência do chuveiro queimou? O Marcão não te deixou sair? 

  — Ah qual é Dani, vai dizer que está de mau humor hoje?

  — Não Elídio, não estou de mau humor, só que cansa toda a semana você chegar atrasado. Se sabe que a gente chega às 18, se programa pra chegar aqui às 18! 

  — A gente já faz isso há 7 anos, relaxa! 

  — Ô Lico, você sabe como o Dani é perfeccionista!

  — Até demais - Elídio sussurra.

  — Vou fingir que não ouvi isso. 

   Eles continuam se arrumando, enquanto esperam Arijon chegar no camarim. Depois de uma hora e trinta minutos de atraso, ele chega ofegante e entra correndo.

  — Me desculpem pelo atraso. 

  —  Pelo visto só eu e o Anderson que temos relógio! 

 — Não começa Daniel! Não estou com paciência pro seu mimimi. - Arijon fala firme, deixando todos em silêncio absoluto.

  Não era a primeira vez que ele tratava Daniel daquela forma ríspida, o deixando claramente desconfortável.

  —  Não importa se você está ou não com paciência, só que parece que só eu tenho compromisso, que só eu levo isso a sério! Não é porque fazemos um espetáculo de humor que tudo tem que ser zoeira e bagunça! Será que vocês não entendem isso?! 

  — AH NÃO ENCHE CARA!  - Gritou Arijon, fazendo com que mais uma vez o silêncio tomasse conta do ambiente.

  Toc, toc, toc 

 — Entra! - Elídio e Anderson falam em coro.

 — Só vim avisar que está na hora da passagem de som, vamos? - Disse Jeff.

 — Ok, estamos indo. - Elídio disse enquanto amarrava o tênis. 

  Todos saíram, apenas Daniel ficou no camarim. Sentado, quieto, como se não estivesse com a cabeça ali. 

  — Dani, você não vem? - Anderson voltou, cutucando o ombro do amigo.

  — Já vou, já vou... 

  Os pensamentos de Daniel não estavam no Improvável, ou na passagem de som, ou no treino que fariam antes daquela sessão. Ele só conseguia pensar em uma única coisa:

  — Isso não vai ficar assim...

    

Dark SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora