Nathaniel

67 6 1
                                    



Confesso que eu não deveria ter dito aquilo, não daquela forma.Mas foi Dereck quem começou.
Os olhos castanhos que nunca demonstravam nada estavam enfurecidos.
Ele me deu um empurrão que fez com que eu batesse contra a a pia com força, o que me causou uma dor terrível.
Dereck se aproximou ficando colado em mim, sempre que ele queria me intimidar fazia aquilo.Senti um calafrio, pela primeira vez desde que eu cheguei lá eu estava sentindo medo dele.

- Nunca mais abra sua boca imunda pra falar do meu pai. - percebi que isso mexia muito com ele mas não gostava de ser distratada por ninguém.

- Porque?Porque ele foi burro demais e amou a mulher errada? - vi suas mãos levantando, com certeza elas iriam contra mim.Fechei meus olhos com força e ouvi um barulho alto, ele havia batido seu punho contra a parede.Imediatamente relaxei meu corpo.
  Anny logo entrou na cozinha com um olhar curioso.

- Ei, Ei, o que é isso crianças? - ela entrou no meio de nós assustada - Dereck o que é isso?Sasha mal chegou e você já está arrumando confusão?

Ele não respondeu, apenas voltou ao balcão e pegou sua lata de cerveja.

- Dereck, peça desculpas agora. - Minha madrastra insistiu.

- N-Não precisa Anny. - pus as mãos em seus ombros tentando acalma-la e tentando me acalmar também.

Dereck riu sem nenhum humor e olhou pra sua mãe.

- Não vou pedir desculpas, aliás, essa casa é minha, as regras são minhas, e essa garota - ele apontou pra mim. - esta quebrando todas.Eu quero ela fora da minha casa amanhã a tarde.Quando eu chegar não quero mais vê-la aqui. - O filho da Anny saiu de lá voltando a se reunir com os amigos.

Juro que eu não fazia ideia o motivo dele ter começado essa implicância toda.
Eu estou chocada até agora, não acredito que ele iria ter a coragem de tocar um dedo em mim.
Bom,se ele queria que eu fosse embora então eu iria, como ele mesmo disse...A casa era dele.E eu não queria atrapalhar, não queria continuar na mesma casa que aquele cara, sem chances.
Anny tentou se desculpar.A culpa não era dela.Não contei pra ela que de fato eu iria embora pois com certeza ela tentaria me impedir dizendo que eu não tinha pra onde ir, de fato eu não tinha.
Neste momento você deve estar se perguntando onde está meu pai...É, eu sei porque estou me perguntando a mesma coisa.
Fui pro meu quarto e fiz uma mochila com algumas coisas das quais eu mais precisava, não queria levar uma mala porque daria muito trabalho e alguém poderia ver.
Anny estava me tratando muito bem, eu não queria magoa-la, mas ela devia dar prioridade a seu filho do que a mim.
No meio de tudo também pus um porta retrato com um foto minha e de Clara, fiquei encarando por algum tempo e guardei.
Eu ia sair Canadá a fora, não conhecia ninguém lá, na verdade não conhecia nada.
Sai pela porta dos fundos da casa, tinha quase certeza de que não havia ninguém na parte de trás do jardim.

- Vai aonde? - Dei um salto com o susto que levei.

- Embora. - Respondi Nathaniel

- Poxa, não deu nem uma chance pro James Drew?

- Esse garoto é um desequilibrado, ele mesmo falou que era pra eu ir embora. - bufei. - acontece que eu não tenho pra onde ir. - É claro que eu falei isso na esperança de que Nath me cedesse um lugar onde eu pudesse ficar, afinal de contas ele era um mafioso riquíssimo.

- Que pena. - ele deu de ombros e eu revirei meus olhos.

- Sabe...Se você pudesse me deixar um pouquinho na sua casa... - fiz uma pausa - Só até eu arrumar um trabalho, ai eu junto dinheiro e alugo um canto pra mim.Eu começo a procurar amanhã. - falei totalmente rápido

- Hm - ele fez um olhar pensativo. - Você pode ficar no meu apartamento, mas só até Anny dar falta e Dereck mandar você voltar. - O moreno riu. - Quer apostar que vai durar menos de uma semana?

Nem me importei com o que ele disse, quando ele falou que eu poderia ficar no seu apartamento fiquei muito feliz.

- Obrigada!Obrigada!Obrigada! - dei beijinhos em sua bochecha - Você é um anjo Nathaniel, um anjo! - ele mal me conhecia e já estava me tratando tão bem...

- É gata, eu sou um anjo... E se quiser posso te levar pro céu. - Nath engrossou a voz e deu um sorriso de galã de cinema, o que me fez rir. - Brincadeira, você não vai poder se apaixonar por mim, sei que parece difícil mas nem é tanto.Não sou pedófilo.Mas enfim, vamos logo pra minha casa antes que alguém te veja aqui.

Fui puxada até um carro preto e brilhante, aquele carro brilhava mais do que o sapato da Cinderela, e eu não estou blefando.
A viagem toda ficamos brincando, fazendo piadas ruins e até algumas cantadas bem horríveis.Até que teve um momento de silêncio e foi ali que eu parei pra notar em Nathaniel.
Ele era lindo, seu sorriso era branco e sua pele bronzeada, olhos castanhos igualados ao tom do seu cabelo.Tem que ser um Deus grego pra entrar na máfia?
Dei uma gargalhada com o meu pensamento.

- O que foi? - ele perguntou dividindo sua atenção entre eu e a estrada.

- Nada, só acho que eu deveria te dar um apelido. - Menti, mas acabou saindo uma mentira perfeita!Eu demore amei dar apelidos carinhosos para as pessoas.

- Ah é? - fiz que sim. - Okay, então qual vai ser meu apelido?Gostosão?O poderoso chefão ou então Crush?

- Nada disso! Que menino convencido.

- Sou apenas realista. - Senti o carro parar - Chegamos!

Saímos do carro, Nathaniel jogou a chave para um homem e ordenou que ele estacionasse o carro.
Ao entrarmos no elevador, fiquei observando aquele espelho gigante.Eu estava com ódio de espelhos, foi tudo por causa de um deles que minha vida se tornou esse caos.
7 anos de azar, mas cada dia desses anos vai parecer um século.
Chegamos no 18º andar, eu morria de medo de elevador, morria de medo de altura.O que seria de mim?

- Esse é meu apartamento. - vi a porta abrir - Não se esqueça, mi casa su casa.

Maldito EspelhoWhere stories live. Discover now