A revelação

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Estava preparado para falar com Driane. assim que fechei os olhos, ouvi sons diferentes. o som dos grilos que cantava de noite tinha sido substituido pelo cair das folhas e os lamentos do vento. eu estava numa floresta, as folhas das arvores pendiam, prontas para cair, os seus tons passavam do castanho ao dourado e em algumas arvores ainda eram verdes. o chao estava coberto pelas flores que ainda sobreviviam a chegada do outono. animais passavam por mim a correr, em direçao as suas pequenas tocas, onde as suas familias os esperavam. no meio de uma clareira, deitada no chao, estava Driane, aproximei-me dela e reparei que ela dormia. ela estava coberta por uma fina camada de folhas que devia ter caido das arvores ha sua volta, os seus cabelos dourados, estavam espalhados ha volta da sua cabeça, como o halo de um anjo. as suas maos estavam fechadas em torno de um punhal. o seu vestido prateado, brilhava com a cor do sol. aproximei-me mais dela. curioso para observar melhor a sua expressao, de puro amor e sossego. ela abriu os olhos e de um pulo beijou-me os labios. ela apanhou-me de surpresa, mas logo ja estava a retribuir o seu beijo. ela beijava com paixao, e enquanto a sua lingua explorava a minha boca, a minha explorava a dela. separamo-nos para podermos respirar. e ficamos a olhar um para o outro. para quebrar o silencio que se formava entre nos disse:

- porque nao foste ontem a noite? fiquei preocupado Driane.

- mas eu fui, afonso. mas quando consegui, tu estavas a dormir. parecias tao sereno que nao pensei em acordar-te. entao apenas fiquei a pentear os teus cabelos, deitada contigo...

calei- a com um beijo. ela ficou a olhar para mim completamente estupefacta. e aquele olhar levou-me para o passado. ha muitos anos atras, eu era apenas uma criança. eu devia saber o que era ser feliz. aproveitar cada momento da minha infancia. mas eu nao sabia. naquele dia eu estava na sala da minha casa, ela estava pintada de branco, com grandes poltronas de pele e uma mesa de cafe baixinha que, era onde eu estava naquele dia. era la que fazia os trabalhos para a escola. o meu pai estava sentado numa das poltronas atras de mim, olhei para ele, ele olhava para mim, no seu olhar onde devia estar o amor de um pai, estava o medo e a aversao que sentia pelo seu proprio filho. eu nao tinha muito amor do meu pai. a minha mae havia falecido muito atras quando eu nascera. e, em parte penso que era por isso que o meu pai me odiava. de tadas as vezes que lhe perguntava sobre ela, sobre como ela era. ele respondia-me:

- nunca o saberas, meu filho, nunca a conheceras, e a culpa e tua, e dessa maldita marca que carregas. mesmo minutos depois de nasceres, ja ela fazia o seu poder. matas-te a tua mae. a tua marca, fez-te de ti quem tu es. tu es a Morte. o grande tormento de toda a populaçao mortal,toda a vida tem um fim, mas graças a ti a tua mae nao conheceu o seu.

de todas as vezes que o meu pai dizia isto, as mesmas palavras de odio queimavam-me a garganta.

« nao, meu pai. vos fizestes de mim o que sou hoje. e o que serei no futuro quando em vez de receber o teu amor, fui banhado pela agua gelada do teu odio. tambem o meu te banhara um dia. e esse sera o ultimo dia da tua miseravel vida » nunca lhas disse, mas elas sempre quiseram sair. procurar um alvo, alguem a abater.

a memoria passou. Driane olhava para mim de modo estranho. ela nao entendia a tristeza no meu olhar ou a amargura na minha voz quando lhe disse que tinha que ir embora. quando acordei, o sol ja brilhava. felizmente era sabado e nao precisava de dar aula ao Rei, pelo que podia apenas descansar. fiquei a pensar. porque teria aparecido aquela memoria? eu nao me lembrava dela havia muitos anos. mas a imagem dos olhos do meu pai ficaram queimadas no meus, e ainda conseguia ouvir a sua voz irritada e rancorosa, que sussurava atraves do vento, nos meus ouvidos. as palavras de odio fllutuavam na minha mente, como troncos a boiar sobre um rio agitado. no meio daquela confusao toda apareciam dois olhos verdes, e a imagem de Driane. o sabor da sua boca ainda estava na minha, o seu cheiro, estava no meu corpo. uma outra frase flutuva na minha cabeça « tu tens o poder dos Deuses ». a voz de Fernando repetia essa frase, vezes sem conta na minha cabeça. por volta da hora de almoço finalmente sai da cama. tomei um banho rapido e desci. alguma coisa estava mal. nao se ouvia nenhum som, nenhum criado se movia pelas sombras. quando cheguei a sala de jantar, o Rei nao estava la, e o salao estava cheio de teias de aranha como se nao fosse limpo havia anos. nao sabia o que passava, nao ouvia nada dentro do castelo. sai do castelo e o que vi, foi tão chocante, que fiquei parado especado. os ventos estavam parados, as arvores estavam mortas, corpos estavam espalhados pelo chao, sem sobreviventes sem ser eu... mas que raio de mundo e este? apos alguns minutos a pensar, uma voz surgiu, e depois apareceu um corpo, algo grotesco que, nunca pensara voltar a ver, um guardiao do tempo. a sua voz animalesca surgiu de novo, mas ele nao moveu os labios.

- humano, como estas vivo?

- tenho os meus segredos guardiao. mas o que estavas a fazer aqui?

uma outra voz surgiu e com essa voz, outro guardiao. que me disse:

- tu mudas-te o passado, mudando as pessoas, mudas-te as suas formas de pensar... trouxeste os humanos e deixas-te os Lenianos viver. e isso tambem alterou o futuro. entao transferimos-te para o futuro que crias-te, para veres que nao podemos ser derrotados.

e ele começou a rir-se o seu riso era horrivel, um som demasiado horrivel para se ouvir. o outro guardiao nada disse. apenas ficou a olhar. a paisagem começou-se a misturar, conforme o riso do guardiao aumentava de intensidade. os verdes misturavam-se nos dourados e os dourados nos castanhos. e depois apaguei. quando acordei de novo, os guardioes tinham desaparecido. estava de volta a minha cama, que parecia desconfortavelmente quente. levantei-me e corri para a janela e encontrei tudo no seu lugar. nada de corpos espalhados ou arvores mortas.

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peço desculpa poe este caputulo estar pequeno, mas tenho tido muito que fazer, queria agradeçer a todos os que acompanham a história e, mais uma vez, peço desculpa.

agradecia que se encontrarem algum erro ortografico para avisarem nos comentarios para o poder emendar?

- Sérgio

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